Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Ronaldo Jacobina
Publicado em 29 de abril de 2023 às 16:00
- Atualizado há 2 anos
Em alta no mundo inteiro a gastronomia peruana demorou a desembarcar na Bahia. Começou com a chegada do ceviche nos cardápios dos restaurantes mais sofisticados e logo caiu no gosto dos baianos. Hoje o prato mais popular do Peru ganhou adaptações, recebeu insumos locais e se tornou onipresente até nos botecos da vida. E nada de um restaurante de comida típica peruana que fizesse jus à riqueza da cozinha deste país. Mas para nossa sorte, embora até o momento nenhum investidor tenha apostado alto nesta culinária, aos poucos vem surgindo pequenos empreendedores, geralmente imigrantes, focados em difundir a comida de seu país. Na semana passada, fui visitar um deles: o Rincón Latino, que durante um ano e meio funcionou no Largo Dois de Julho, mas há duas semanas trocou o centro pela Barra. O espaço, como nos demais existentes aqui –conheço dois deles – é simples, sem climatização, ou qualquer luxo, e boa comida. Ceviche tradicional Para garantir a autenticidade do que está no cardápio, convidei a jornalista de origem peruana, Sara Barnuevo, para me acompanhar. Naquele espaço quase pitoresco, a coleguinha se sentiu em casa. Acompanhava a play list seguindo as letras e abusou tanto do seu espanhol nas conversas com o chef que chegou a se dirigir a mim e a fotógrafa Marina Silva em espanhol. Tallarín saltado com carne Mas deixemos a peruana, por hora, de lado, porque essa matéria é para reverenciar o chef César Macedo (o nome é bem brasileiro, mas ele é peruano raiz) que nos seus mais de 25 anos de cozinha, domina como poucos não apenas a técnica e as receitas típicas de seu país como conhece a história da gastronomia, as influências africana, criola, indígena etc e tal. Mais que isso, apaixonado pelo que faz, o chef se emociona com o que prepara e traz a mesa. “Cada prato tem que ter o coração do chef”, diz tocando o lado esquerdo do peito com a mão. Pisco Sour: patrimônio do Peru E que mãos habilidosas! Do ceviche tradicional (existem outros quatro no cardápio) aos demais pratos que serviu, tudo estava perfeito, muito bem apresentados e carregados de sabor. O cardápio reúne 47 pratos, mas não vai parar por ai. Contratado pelo dono do lugar, o também peruano Jhony Conchanya para dar uma repaginada na cozinha, Macedo está entusiasmado em mostrar aos baianos a diversidade da culinária do seu país praticada nas mais diversas regiões assim como as influências que a gastronomia peruana recebeu ao longo do tempo. Arroz de mariscos Enquanto as novidades não chegam aposte nos clássicos como o Arroz com Mariscos, no Lomo Saltado e no Tallarin Saltado, sempre acompanhado de um Pisco Sour ou da Chicha Morada, um suco de milho roxo que é deliciosíssimo. Outra boa escolha é o Chicharrón de Chancho, cortes da barriga e costela do porco fritas que é servido com batatas cozidas salteadas no chimichurri. Bom demais! Tacu Tacu: feijão com arroz banhado com camarão no molho de peixe Se o apetite se mantiver firme peça o Tacu Tacu a Lo Macho de frutos do mar. O prato, comum nas casas de família peruanas (quase nunca em restaurantes) mistura arroz, feijão e pimenta amarela (aji) e é banhado com frutos do mar cozidos no caldo de peixe. É muito bom e, a depender da fome, poder ser compartilhado. Chicharrón: barriga de porco frita com batatas O compartilhamento de pratos, aliás, é uma boa alternativa para quem gosta de experimentar um pouco de cada coisa. E o melhor, o preço médio de cada uma das opções varia entre R$ 45,00 e R$ 55,00. Pra quem não é muito exigente quando se trata de requinte à mesa, pode apostar: a comida é autêntica e bem feita! E foi abalizada pela peruana que me acompanhou. Serviço: Rincón Latino - @rinconlatinossa Rua Dom Marcos Teixeira, 112, Barra. Tel. 71 99372 1673 >