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Carol Neves
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 13:48
O ator Wilson Mello (1933–2010), figura mítica da cena cultural de Salvador, ganha uma homenagem no documentário “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”, dirigido por Júlio Góes. O longa estreia no dia 20 de novembro, no Cinema do Museu, no Corredor da Vitória, com duas sessões especiais, às 19h e 20h45, e a presença do diretor e de parte da equipe. >
Conhecido pelo humor afiado e pela presença cênica inconfundível, Mello marcou quase cinco décadas de teatro e cinema. O documentário resgata essa trajetória através de imagens raras, trechos de espetáculos, filmes e depoimentos de grandes nomes da cultura baiana, como José Walter Lima, Paulo Dourado e Cleise Mendes.>
O nome do filme vem de uma das frases mais conhecidas do ator: “Minha Cuba, Minha Máxima Cuba”, seu jeito peculiar de pedir a bebida preferida, a tradicional Cuba Libre. A brincadeira com a expressão religiosa “mea culpa, mea maxima culpa” sintetiza o espírito debochado, livre e profundamente humano de Mello.>
Uma carreira que atravessou gerações>
Mello foi um dos pilares do teatro moderno na Bahia. Estreou profissionalmente em 1964, na inauguração do Teatro Vila Velha, com a peça Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigida por João Augusto Azevedo, um marco na história teatral do estado.>
Atuou em montagens icônicas como Quincas Berro d’Água (1972 e 1996), Lábios que Beijei (com Nilda Spencer), Horário de Visitas, A Vida de Eduardo II, Ensina-me a Viver e O Terceiro Sinal, seu último trabalho nos palcos, em 2008.>
No cinema, o ator integrou elencos de produções consagradas, entre elas Dona Flor e Seus Dois Maridos (1975), Tenda dos Milagres (1977), Jubiabá (1987), Tieta do Agreste (1996), Cascalho (2004), Eu Me Lembro (2005) e Jardim das Folhas Sagradas (2009).>
O olhar do diretor>
Júlio Góes, que tem formação e carreira nas artes cênicas, dedicou cinco anos de pesquisa ao projeto, reunindo arquivos, memórias e depoimentos. Inspirado em referências como A Entrevista, de Fellini, e nas composições de Shostakovich e Rachmaninoff, o diretor constrói uma narrativa poética que mescla realidade e invenção.>
“Wilson Mello surgiu como uma figura de destaque na vida artística baiana nos anos 60, num paraíso urbano repleto de memórias e sensações. Com sua simpatia tonitruante, seduzia com afeto e gentileza. Resgatar sua história é preservar a memória antropológica, estética e cultural do nosso povo”, afirma Góes.>
O longa é uma realização da VPC CinemaVídeo, em coprodução com Abará Filmes e Og CineLab, dentro da Série Longas Bahia, que inclui títulos como 1798 – Revolta dos Búzios e Brazyl, uma Ópera Tragicrônica.>
A distribuição tem financiamento da Lei Paulo Gustavo – Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e do Ministério da Cultura (MinC), com apoio da Ancine/BRDE/FSA e do Governo Federal.>