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Felipe El homenageia produção carnavalesca de Moraes Moreia em novo álbum

'Eu sou o Carnaval' será lançado na próxima terça-feira (08), data em que Moreira faria 78 anos

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 4 de julho de 2025 às 08:00

Felipe El homenageia produção carnavalesca de Moraes Moreia em novo álbum
Felipe El homenageia produção carnavalesca de Moraes Moreia em novo álbum Crédito: Divulgação/José de Holanda

Cantor, compositor e instrumentista, Felipe El tem na música popular brasileira e afro-baiana as raízes da sua produção artística. Dentre suas influências, destaca-se Moraes Moreira (1947–2020), uma figura marcante da sua trajetória, que chegou à sua escuta ainda na adolescência. “Acho que eu tinha uns 17 anos. A primeira coisa que eu ouvi dele foi Mistério do Planeta. Eu era bem garoto, assim, e aí eu fiquei muito impressionado. Uma coisa marcante para mim foi que eu parecia com ele, assim, em termos musicais, de um seresteiro que toca violão e canta, compõe”, relembra.

A identificação pode ser considerada como uma pista do que viria anos a seguir. Em 2020, El foi selecionado para dar vida a Moraes Moreira em Novos Baianos – O Musical, espetáculo com texto de Lúcio Mauro Filho e com direção de Otávio Müller, e agora homenageia o eterno novo baiano com o lançamento de 'Eu sou o Carnaval', numa imersão profunda em sua obra carnavalesca. O álbum será lançado na próxima terça-feira (08), data em que Moreira faria 78 anos.

“Durante e depois que eu interpretei ele no musical, acabei me aprofundando em sua obra. Fiquei encantado com a história dele com Dodô e Osmar, dele como uma peça fundamental na construção do carnaval baiano e brasileiro. E aí, quando ele fez a passagem dele na pandemia, veio a ideia de fazer o disco. Acho que aqui no Sudeste o público não tem a mesma percepção desse papel dele, como se tem no Nordeste. Então eu quis trazer para a posteridade, para a minha e para as gerações mais novas, e me aprofundar na sua atuação no carnaval”, explica o artista.

Para o disco, foram selecionadas 11 canções emblemáticas e representativas da produção carnavalesca de Moreira, como Chame Gente e Pombo Correio, que ganharam toques autorais de El em interpretação e musicalidade. “Foi emocionante mexer em um repertório tão poderoso para o Brasil. Quando eu lancei os primeiros três singles, percebi uma motivação e uma comoção das pessoas de Salvador, de Pernambuco, e com isso me senti livre para conseguir trazer a minha interpretação de arranjos, de escolhas rítmicas, sonoras, para recontar a história dessas músicas. Foi uma oportunidade de criatividade muito grande”, revela.

Aval dos mestres

No álbum, Felipe El buscou sonoridades modernas, relacionando-se com a produção contemporânea. “Eu vi uma necessidade de expor a minha base musical, que traz muito da musicalidade baiana, afro-latina, afro-cubana”, e contou com a colaboração de nomes como Luiz Caldas, Davi Moraes e Armandinho. “Foi muito importante trabalhar com esses professores, com essas referências, porque, em primeiro lugar, eu me senti com um aval, né, de que eu estava fazendo uma coisa certa. E eu também senti uma alegria da parte deles de perceber que a música, que a história do carnaval e que a história de Moraes estavam mais vivas do que nunca”, conta o cantor.

El acrescenta, entre as motivações do álbum, a tentativa de contrapor o apagamento histórico do carnaval pela indústria do entretenimento: “Ela acaba apagando a história de pessoas muito importantes, de momentos muito importantes, e acaba se transformando nessa máquina de fazer dinheiro. Então isso também foi uma coisa que me motivou a falar: ‘Gente, espera aí, vamos falar de quem chegou no começo’”.

Natural de São Paulo, o artista viu sua relação com a cultura afro-baiana se aprofundar ao longo da vida, atravessando experiências pessoais e artísticas. O envolvimento se intensificou com a vivência em Feira de Santana e Praia do Forte, e com o relacionamento que teve com Clara Buarque, que também participa do disco, frequentemente estando em Salvador e criando uma relação com músicos e compositores da cena local. “Acho que a gente tem uma ancestralidade que é um pouco mais subjetiva, que bate sem você entender muito por que ela aconteceu. Eu só segui o meu coração mesmo”, partilha.

A chegada aos dez anos de carreira e uma nova fase artística acima dos 30 anos impulsionaram a escolha de revisitar a obra de Moraes Moreira com profundidade e reverência. “Eu acho que é uma responsabilidade muito grande fazer um disco de um artista que já é consagrado e mexer em um repertório tão precioso para nossa cultura. Você tem que ter coragem mesmo, né? Falar: ‘Eu vou porque eu sei o que eu tô fazendo’. Acho que esse disco marca bastante isso. Um artista mais maduro, mais consciente do mercado fonográfico, com a certeza do que quer e sem medo de ser intérprete. Então é um divisor de águas mesmo”, resume.