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Roberto Midlej
Publicado em 4 de setembro de 2024 às 06:00
Durante quatro dias, a arte negra vai se espalhar por Salvador, na 12ª edição do festival A Cena Tá Preta, que começa nesta quinta-feira e vai até o próximo domingo, com espetáculos de teatro, dança, música, exibição de filmes e videomapping, leitura dramática, performances artísticas e oficinas. >
Boa parte da programação é gratuita, com exceção de alguns espetáculos que terão ingressos a R$30 (inteira). O festival vai ocupar o Quarteirão das Artes, que é formado pelo Pátio Iyá Nassô, o Teatro Gregório de Mattos, o Espaço Boca de Brasa Centro, o Café-Teatro Nilda Spencer e o Espaço Cultural da Barroquinha.>
Um dos destaques é a exibição do clássico Cabaré da Rrrraça, do Bando de Teatro Olodum. A peça, que estreou em 1997, foi exibida novamente no primeiro semestre deste ano e agora terá uma exibição especial no festival. A montagem desta vez é dirigida por três artistas formados pelo Bando: Cássia Valle, Valdinéia Soriano e Leno Sacramento, no lugar de Márcio Meirelles.>
Cássia, que é também uma das curadoras do Festival, foi aluna do Bando nos primeiros anos do grupo, na década de 1990. “O texto dessa montagem é mais ou menos o mesmo, até porque, infelizmente, o problema do racismo no Brasil mudou muito pouco nesses 27 anos desde que a peça estreou. É um espetáculo que situa o que é ser negro no Brasil, que revela por que o racismo é estrutural e massacrante para o povo negro. Tem uma forma crítica, mas com humor”, ressalta a diretora.>
Cássia dirige também a peça infantil Casa Encantada, que será exibida no domingo, às 15h, no Teatro Gregório de Mattos. “Fala sobre o que é ser uma criança negra no Brasil e as diferenças que existem para uma criança que não é negra. Falamos também sobre a importância de a criança ter acesso à ludicidade, e de ficar longe do tablet e do celular”, revela a atriz, que também tem formação em pedagogia.>
Dança>
A programação dos espetáculos de dança é coordenada pelo coreógrafo Zebrinha, diretor artístico do Bando de Teatro Olodum. Entre os destaques, está a participação do do dançarino maranhense Bruno Duarte, que vai ministrar uma oficina de krump, modalidade de dança urbana. >
Bruno também vai apresentar o solo Formigueiro, no domingo. “A krump dance é dissidente da street dance, mas muito mais ‘dramática’, muito baseada em contrações do corpo”, diz Zebrinha.>
O coreógrafo baiano também dirige um filme que está na programação do Festival: o documentário Ijó Dudu - Memórias da Dança Negra na Bahia será exibido domingo, às 18h30, no Pátio Iyá Nassô. >
O diretor explica a motivação para o filme: “Me dei conta de que não sabemos quem são os artistas pretos que formaram a dança da Bahia, então senti necessidade de contar essa história. Por isso, resgato essas pessoas no documentário, como Clyde Morgan, que deu credibilidade à dança negra na Bahia”, diz, referindo-se ao dançarino americano que vive entre os EUA e a Bahia.>
Quem também vem a Salvador para participar do Festival é Lázaro Ramos, que vai dar uma oficina de interpretação, com ingressos já esgotados. O ator baiano também dirige o documentário Bando, Um Filme De, que será exibido na sexta, às 18h.>
Zebrinha é sempre citado por Lázaro como um dos responsáveis por sua formação como artista. O coreógrafo lembra que o ator, ainda adolescente, era seu aluno no Bando e não levava lá muito jeito para a dança e expressão corporal não era seu forte. Mas mudou de opinião quando viu o antigo pupilo brilhar na tela em Madame Satã (2002), de Karim Ainouz.>
12ª Festival de Arte Negra - A Cena Tá Preta. Quinta (5) a domingo. No Quarteirão das Artes (Praça Castro Alves). Programação gratuita, exceto em espetáculos teatrais, com ingressos a R$ 30 (inteira)>
FESTIVAL A CENA TÁ PRETA ANO XII 2024 PROGRAMAÇÃO>
05/09 (quinta-feira):>
18h Videomapping no Pátio Iyá Nassô>
20h Cabaré da Rrrraça do Bando de Teatro Olodum (Teatro), com participação do Grupo musical Olodum, no Espaço Cultural Barroquinha>
06/09 (sexta-feira):>
9h às 17h Oficina de Dramaturgia, com a roteirista Dione Carlos, no Espaço Boca de Brasa >
17h Afrobapho (Performance) no Pátio Iyá Nassô>
18h Fyah do Ódio e do Amor (Teatro), no Teatro Gregório de Mattos>
18h Bando, um filme de, direção de Lázaro Ramos (Filme) no Pátio Iyá Nassô >
20h O Grande Dia (Teatro), no Espaço Cultural Barroquinha>
20h Santana (Teatro), no Teatro Gregório de Mattos>
07/09 (sábado)>
9h às 17h Oficina de Interpretação, com o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos, no Espaço Boca de Brasa>
17h Mesa: Teatro de Grupo e Audiovisual: Desafios Compartilhados, com Dione Carlos, Mabel Freitas e Lucas Leto. Mediação: Cassia Valle, no Espaço Cultural Barroquinha>
18h Escarro Início (Teatro), no Teatro Gregório de Mattos >
18h Sarau de Se7e + 1 (Performance) no Pátio Iyá Nassô>
18h20 Um ano inesquecível - Outono, direção de Lázaro Ramos (Filme) no Pátio Iyá Nassô >
20h Em busca de Judith (Teatro), no Teatro Gregório de Mattos>
20h Balé Folclórico da Bahia (Dança), no Espaço Cultural Barroquinha>
08/09 (domingo)>
9h às 17h Oficina de Krump com o coreógrafo Bruno Duarte, no Espaço Boca de Brasa >
12h Culinária Musical com o Afrochef Jorge Washington, no Café-Teatro Nilda Spencer >
15h Casa Encantada (Teatro infantil), no Teatro Gregório de Mattos>
17h Leitura Dramática: Por Elise, uma obra de Grace Passô, com direção de Dione Carlos no Espaço Cultural Barroquinha>
18h Videomapping no Pátio Iyá Nassô>
18h30 Ijó Dudu - Memórias da Dança Negra na Bahia, direção de José Carlos Arandiba, Zebrinha (Filme) no Pátio Iyá Nassô>
19h Corpo em Cena: Solo Formigueiro, por Bruno Duarte e De Dentro, da Jorge Silva Cia de Dança (Dança), no Teatro Gregório de Mattos>
20h: Show do Ilê Aiyê e Ayrá (Música), no Espaço Cultural Barroquinha>