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Luiza Gonçalves
Publicado em 30 de maio de 2025 às 08:00
Prezando pelo protagonismo infantil no consumo, produção e trocas culturais,o Petiz - Festival de Arte para Infância e Juventude chega a sua 5º edição em Salvador. A partir de hoje (30) o evento reúne uma programação extensa de espetáculos, shows, contações de história, feira de brinquedos, seminário, diálogos Petiz e oficina, que ocuparão espaços culturais da cidade até o dia 08 de junho. O festival tem atividades gratuitas e espetáculos a preços populares, com programação completa disponível no instagram @festivalpetiz e no site www.festivalpetiz.com.br. >
Idealizado por Poliana Bicalho e Renata Berenstein, o Petiz surgiu em 2015 a partir da percepção de uma demanda crescente na cidade para pensar festivais destinados ao público infantil, pensando no evento como um espaço de troca, formação e fruição criativa. “Realizamos o festival de forma bienal desde então e durante esse percurso refletimos sobre como seria interessante que as crianças também nos ajudassem a pensar no festival, convocar as crianças para construir a curadoria com a gente”, conta a idealizadora e curadora Renata Berenstein. >
Um dos diferenciais do Petiz está justamente noprocesso de seleção unindo adultos e crianças. Berenstein explica que o festival segue uma curadoria de suas etapas: a primeira formada pelos professores Maria Eugênia Millet, Ney Wendel, e por ela, que seleciona dentre os inscritos em chamada aberta para todo o Brasil, 15 a 20 espetáculos alinhados ao tema do festival para o ano de realização, a viabilidade logística e pensando numa diversidade de idades, de temáticas. Já na segunda etapa, o júri mirim, formado esse ano por 13 crianças entre sete e doze anos, assistem e avaliam as obras, retornando com suas percepções ao júri adulto finalize a seleção. >
“É muito interessante porque vemos de fato a percepção deles. A riqueza desse processo está justamente nisso, da gente ouvir o que a criança quer ver, o que ela gostaria de falar, de pensar. Isso é muito importante, inclusive na formação deles, de pensar quais são os pontos que avaliamos numa obra, os estéticos, os de conteúdo, o objetivo da obra, então essas discussões também foram muito ricas”, defende Berenstein. >
Um outro ponto de atenção na produção do Petiz é na mediação e acessibilidade como pilares fundamentais no festival para o fortalecimento do acesso à cultura por todos. “A acessibilidade é uma forma de garantir o direito à cultura para a pessoa com deficiência. Então, a partir do momento que a gente tem libras, audiodescrição, uma monitoria especializada para acolher o público com neurodivergência, tudo isso permite que todas as pessoas possam participar dos eventos que estão acontecendo na cidade e especificamente aqui no Festival Petis”, garante Poliana Bicalho, coordenadora de acessibilidade do Petiz. >
Programação >
Neste ano, o festival traz como tema ‘Crescendo Juntos: a criança e o jovem como agentes para a transformação social’ e, por isso, terá como convidado em sua abertura o espetáculo de dança infantojuvenil “O Menino Debaixo da Palha”, no Teatro SESC Pelourinho, às 15h30; com direção do artista e educador Brunno de Jesus, numa homenagem aos 35 anos do Projeto Axé.>
Dentre os grupos que compõem a programação, estará presente pela primeira vez no nordeste o Grupo de Pesquisa em Teatro para Infância do Paraná (GPeTI) apresentando o espetáculo No Armário Não Cabe Ninguém, no sábado (31), às 16h e domingo (01), às 11h e às 16h, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. >
“As propostas do PETIZ estão muito alinhadas com os ideais éticos e estéticos do GPeTI. Começando pela curadoria formada por crianças, dando autonomia para que os pequenos decidam o que querem assistir no festival, indo até as ações de acessibilidade e inclusão, que também são centrais para o PETIZ. Quando soubemos que as crianças haviam escolhido nosso trabalho para compor a programação, nós não medimos esforços para vir correndo pra cá! Espaços de resistência como esse, do PETIZ, são de extrema importância para colocar as artes para crianças no meio da discussão”, afirma Vinicius Précoma, diretor do grupo. >
No Armário Não Cabe Ninguém traz para a cena bonecos e objetos manipulados para contar a história de Pi e Tatá: dois monstros que vivem rotinas repetitivas e tediosas. Um dia, depois de uma enorme tempestade que traz ao Vale dos Monstros uma criatura desconhecida, os dois se veem frente a frente com questões profundas sobre si mesmos e a relação que vivem juntos. O espetáculo promove diálogos e reflexões sobre relações de parentalidade, construção de identidade e a convivência com a diferença, além de incluir uma narração poética que possibilita a acessibilidade para pessoas cegas em todas as sessões da peça. >
Além do peça, o GPeTI ministrará a oficina ‘Acessibilidade e mediação em projetos culturais para as infâncias’, nos dias 02 e 03 de Junho, das 9h às 12h, no Espaço Xisto Bahia, durante a programação do festival. “A acessibilidade é um dos pilares centrais que conduzem os processos da companhia. E por isso, nós fazemos questão de ministrar oficinas sobre o assunto, por onde quer que a gente passe. Nessas oficinas nós buscamos compartilhar nossas experiências com o objetivo de avolumar a discussão sobre inclusão e trazer mais gente para a roda para pensarmos juntos em boas estratégias”, explica Précoma. >