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Roberto Midlej
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 06:00
Já faz algum tempo que a barreira entre a literatura e demais artes foi ultrapassada. E a 12ª edição da Flica - Festa Literária Internacional de Cachoeira está aí para mostrar isso, a partir de 17 de outubro. Tanto que artistas mais ligados à música, como Zezé Motta e Liniker também estarão no evento que, em princípio, é dedicado à literatura.
A coordenadora geral da Flica, Vanessa Dantas, defende que a literatura é “pluriversal”: “Não existe um gênero formatado da literatura. Além disso, para se autodefinir como escritor, o importante é ter conexão com a palavra e não necessariamente ser identificado com a literatura dita oficial. Isso nos faz abrir a mente e perceber que a literatura como gênero se expande”.
Mas escritores representantes da literatura tradicional também estarão presentes, como a poetisa Elisa Lucinda; a pesquisadora e contadora de histórias africanas Upile Chisala e o escritor e poeta angolano radicado em Berlim Kalaf Epalanga.
A coordenadora da Flica justifica a vinda de Epalanga à Bahia: “Ele faz uma discussão interessantíssima sobre a língua. Utiliza um termo de uma pensadora negra brasileira, Lélia Gonzalez, que é o ‘pretoguês’. Faz isso para pensar na influência linguística dos povos originários e das pessoas negras oriundas de África que vieram para cá. Então, a vinda dele é importante para fazer este diálogo com alguém que observa a epistemologia negra brasileira como algo a ser levado a sério, que nos faz pensar na língua ‘pretoguesa’ e não só na língua portuguesa”.
Espaços
Este ano, os principais espaços da Flica são a Tenda Paraguaçu; Fliquinha e a Geração Flica. Além disso, há a programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre com acessibilidade, tradução em libras e audiodescrição. Na curadoria da Flica, estão Calila das Mercês, Emília Nuñez, André Felipe Oliveira (Deko Lipe) e Linnoy.
A Tenda Paraguaçu é o maior espaço e por lá vão passar, além de Zezé Motta e Liniker, a ativista indígena Guarani Gegi Núñez e a pesquisadora e contadora de histórias africanas do Malawi Upile Chisala. Outro nome de destaque é Jeferson Tenório, autor de O Avesso da Pele, que gera um importante debate sobre racismo, mas foi censurado nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
A Fliquinha, dedicada ao universo infantojuvenil, receberá Itamar Vieira Júnior, que recentemente lançou Chupim, sua primeira obra voltada para crianças. Baiano, Itamar é autor do livro Torto Arado, um dos maiores sucessos do mercado editorial do país nesta década. A cordelista Mari Bigio, a educadora Mabel Velloso e a cordelista Auritha Tabajara também passarão por lá.
“Na Bahia, temos e fazemos histórias, desde pequenos. Contar as nossas histórias para as crianças é reafirmar a potência, a criatividade, a coragem e a alegria de ser baiano. Os nossos convidados representam o nosso estado em sua diversidade e riqueza cultural”, diz declara Emília Nuñez, curadora da Fliquinha.
O espaço Geração Flica será instalado no Cine Theatro Cachoeirano e autores como Thalita Rebouças estarão lá para um bate-papo com seus jovens leitores. A comunicadora Rita Batista, o escritor angolano Pau de Cabinda, a quadrinista e ilustradora Luiza de Souza e o escritor de literatura policial e suspense Raphael Montes são outros que também vão aparecer.
Serviço
12ª Festa Literária Internacional de Cachoeira - Flica 2024. Cachoeira (a 120 km de Salvador). 17 a 20 de outubro. Programação completa em flica.com.br. Instagram: @flicaoficial