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Ana Pereira
Publicado em 5 de agosto de 2015 às 12:11
- Atualizado há 2 anos
Baba Egun ilustrado por Carybé>
Defendido como dissertação de mestrado na Faculdade de Educação da Uneb, o livro Terreiros Egúngún: Um Culto Ancestral Afro-Brasileiro (Edufba), de José Sant’Anna Sobrinho, tem lançamento hoje (5/8), às 18h30, no Centro Cultural da Câmara Múnicipal de Salvador, no Centro.>
Integrante de uma tradicional família baiana do candomblé, José Sant’Anna faleceu em 2011, dois anos depois de finalizar o trabalho. O lançamento póstumo, destaca Marcos Sant’Anna, 48 anos, primo do autor e ogã (sacerdote) do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, revela a própria trajetória da família.>
“O diferencial deste livro é que ele fala de dentro para fora, da perspectiva de alguém que conhecia bem o culto”, afirma Marcos. Um dos personagens importantes nessa história é Miguel Archanjo de Sant’Anna, avô de José e Marcos - e um dos nomes-chave na afirmação baiana do culto dos ancestrais masculinos, os eguns ou egunguns.>
Com uma ampla pesquisa etnográfica, José investiga a expansão atual dos terreiros, a partir do Ilê Agboulá, localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o pioneiro no culto dos eguns na Bahia. O livro reúne testemunhos e opiniões de líderes religiosos sobre o fluxo e a expansão das tradições em meio às mudanças que ocorrem na geografia urbana da região, onde estão os primeiros terreiros de culto aos ancestrais do país, desde o século XIX.>
Foi no Ilê Agboulá que o sacerdote e artista plástico Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1917- 2013), teve uma importante atuação. E depois de ocupar o cargo mais alto por lá, criou o Ilê Axipá, em Salvador, nos anos 80, também dedicado ao culto aos eguns. O terreiro de Mestre Didi, que fica em Patamares, também é estudado no livro de José Sant’Anna >
memórias Uma outra parte da história da família Sant’Anna, e por extensão do candomblé em Salvador, ganha destaque no livro Um Presente de Xangô: Minhas Memórias, de Jaguaracira Devezas de Sant’Anna, 76 anos, mãe de José e filha de Miguel Archanjo. O trabalho também será lançado hoje, no Centro Culturall da Câmara, e será vendido a R$ 20. >
Publicado pela editora baiana Pimenta Malagueta, o primeiro livro de Jaguaracira narra suas memórias e compartilha com os leitores fatos de sua vida cotidiana e suas experiências dentro da tradicional família religiosa. Iniciada no candomblé por Mãe Stella de Oxóssi, ela é sacerdotisa de Oxalá. E é justamente à religiosa que Jaguaracira recorre para explicar a importância de escrever sobre sua trajetória. “Ela costuma dizer que o que não se registra o tempo leva!”.>