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Doris Miranda
Publicado em 27 de março de 2015 às 10:16
- Atualizado há 2 anos
Maior nome do violão sete cordas do Brasil, o gaúcho Yamandu Costa, 35 anos, começou cedo. Aos 16, já tinha tocado ao vivo com ninguém menos que Baden Powell (1937- 2000). De lá para cá, se apresentou com muitos outros gênios das cordas, gente do quilate de Raphael Rabello (1962-1995), Paulo Moura 1932-2010) e Armandinho.Um dos maiores nomes do violão brasileiro, o gaúcho Yamandu Costa, 35 anos, lança o álbum Tocata à Amizade, que surgiu de uma suíte encomendada pelo Museu do Louvre, na França (Foto: Isabela Kassow/Divulgação)E, assim, colecionou amigos. Nada mais natural, portanto, que seu novo álbum seja intitulado de Tocata à Amizade (Biscoito Fino), uma delicada mistura do “compromisso entre a coisa intimista da música de câmara com a descontração das rodas de choro”, como diz Yamandu, cujo nome em tupi-guarani significa “senhor das águas”.“Tocata à Amizade representa um sentimento mútuo que os músicos populares sentem ao se reunir para tocar juntos, abraçando a vida e celebrando a amizade. Essa prática existe em qualquer lugar do mundo e em qualquer expressão da música popular”, explica o artista.A história do disco define a importância do violão de Yamandu Costa. Tudo começou há cerca de quatro anos, com uma encomenda que recebeu do Museu do Louvre. A missão: compor uma peça que representasse um pouco da música popular brasileira. E, assim, nasceu a Suíte Impressões Brasileiras, que abre o disco, com quatro movimentos que representam regiões do país, Choro-Tango, Valsa, Frevo-Canção e Baionga.Como a sonoridade imaginada era camerística, Yamandu convidou três amigos para formar um quarteto da pesada numa turnê internacional que incluiu a França, naturalmente, e também Israel, Índia e China. A mesma formação que se ouve nesse álbum, com Rogério Caetano (violão sete cordas de aço), Luis Barcelos (bandolim dez cordas) e Alessandro Kramer (acordeom).Esmero A banda, que executa duas inéditas de Yamandu (Negra Bailarina e Boa Viagem), faz um namoro do popular com o erudito como se ouve no repertório que homenageia, sobretudo, o maestro gaúcho Radamés Gnattali (1906-1988), que tem sua Suíte Retratos relida com esmero pelo quarteto. “Eu toco essa suíte desde os 12 anos, na minha formação. Essa obra do Radamés é tão madura, tão bem feita, que derruba totalmente essa divisão de erudito e popular”, avalia Yamandu.Surgem, ainda, outras referências: Pedra do Leme, de Raphael Rabello (1962-1995, chamado por Yamandu de “pai da nossa geração”) e Toquinho; e Graúna, do mestre João Pernambuco (1883-1947). Último detalhe: a capa, um show à parte, é obra do bamba do design Elifas Andreato, autor de célebres capas de Chico Buarque, Elis Regina (1945-1982) e Clara Nunes (1942-1983).>