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Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2023 às 10:17
O ator e diretor baiano Lázaro Ramos relembrou os primeiros convites na TV para fazer papéis de porteiro, personagens sem história e outros secundários mesmo após ser revelado no cinema em Madame Satã e O Homem Que Copiava. >
Em entrevista às atrizes Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank no Quem Pode, Pod, o artista explicou que não tinha o sonho da Globo, por achar que não havia espaço na empresa para ele. “Gente, como é que encaixa esse rosto aqui?”, fazendo referência ao fato de ser negro, sem a ‘pinta’ do galã "convencional", branco e que predominou por décadas no audiovisual. >
Lázaro, então, diz que preferiu “inventar um lugar” no cinema, onde era valorizado, em vez de aceitar convites secundários, recusados por ele várias vezes.>
Ainda por causa de Madame Satã, o ator contou que recebeu propostas internacionais para filmes eróticos e para interpretar bandidos latinos – todos devidamente recusados. Mais tarde, houve ainda oportunidade para outros personagens, mas que chegaram em momentos em que ele estava envolvido com trabalhos no Brasil e, por isso, a carreira no exterior não decolou.>
Ainda segundo Lázaro, a multiplicidade de personas interpretadas por ele, sendo comédia ou drama, é o que permite levar o discurso antirracista para mais pessoas e dar ao próprio ator saúde mental.>
“Eu já adoeci por causa do racismo em vários momentos da minha vida, porque viver e pensar nisso não é uma coisa que ninguém escolhe e que vai nos adoecendo, nos deixando em alerta, em sobressalto, preocupados, tristes. Não é uma escolha de ninguém. Tem gente que fica reclamando ‘Ah, Lázaro é cheio de mimimi, só fala disso’, mas não é uma escolha, eu não quero falar sobre isso. Eu queria que a questão estivesse resolvida. Mas, ó, ter o microfone na mão é útil, senão o racismo vai continuar matando a gente”, disse o autor de livros como Na Minha Pele, Caderno Sem Rimas da Maria, Caderno de Rimas do João e Você Não é Invisível.>
Além da carreira, o ator falou também de sua vida pessoal, de Taís Araújo, com quem é casado há 19 anos, e se emocionou ao lembrar da mãe e da falta que ela faz – dona Célia morreu quando Lázaro tinha 19 anos. Também teve a ‘DR’ com o pai sobre afeto. Lázaro se queixou de nunca receber abraços do pai, que respondeu que, na verdade, esperava que o filho o abraçasse. Hoje, os dois são grandes amigos, ele diz.>
O diretor de Medida Provisória, que levou ao cinema mais de 500 mil espectadores, comemora agora o lançamento do musical Um Ano Inesquecível - Outono, seu segundo filme, e que é estrelado por Iza, Rael, Gabz e Lulu Santos. A história está disponível no Amazon Prime Video.>