Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 06:00
Quando o escritor tcheco Franz Kafka (1883 – 1924), em fase terminal de sua vida, aos 40 anos, escreveu o conto Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos, não tinha ideia do quanto sua obra iria romper paradigmas e atravessar fronteiras para muito além do continente europeu. Homenageando o centenário de Kafka, e celebrando também os 60 anos do Teatro Vila Velha, a história ganhou releitura de Marcio Meirelles para a ação O Vila Ocupa a Cidade. >
A peça estreou em junho e, desde então, está cumprindo diversas temporadas na cidade. Amanhã (23), Josefina chega ao palco do Teatro do Goethe-Institut Salvador, onde segue sendo apresentada de quinta a domingo, pelos jovens atores da Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha.>
Na fábula original, Josefina é uma rata cantora que quer viver para seu canto, e ser reconhecida por isso. Seria justo, portanto, que fosse dispensada do trabalho comum a que todos do seu povo são obrigados, pois são tarefas que diminuem sua força para desenvolver plenamente seu canto e sua missão: a de proteger, com sua arte, o povo. Este propósito é questionado por um narrador que coloca em dúvida o talento dela, que não seria necessariamente o de cantar, mas o de manipular sua plateia por um encantamento. >
Na releitura de Meirelles, o único narrador da obra original de Kafka se multiplica nos diversos tons, sons, corpos, gestos e nuances na tradução corporal do ator e dançarino Ariel Ribeiro. A partir de um processo de construção e atuação cunhado como teatro-coral, o coro de atores se espelha, criando ecos e duplos na cena. É esse mesmo coro que decreta Josefina como necessária ou inútil, entre defesas apaixonadas e protestos acalorados, dialogando com a polarização da sociedade atual. Josefina é a metáfora das contradições nessa guerra de narrativas, que discutem a sociedade de consumo. >
SERVIÇO - Espetáculo Josefina, A dos Ratos | de 23 de agosto a 1 de setembro, de quinta a sábado (19 h) e domingo (17h), no Teatro do Goethe-Institut, Corredor da Vitória | Ingressos: R$ 40 / R$ 20, à venda no Sympla.>