Odair José canta seus clássicos em Salvador neste domingo (21)

Cantor diz que não se incomoda de ser considerado "brega", mas rejeita rótulos. Apresentação tem desconto para Clube CORREIO

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Publicado em 21 de abril de 2024 às 09:28

Odair José é autor do clássico Eu Vou Tirar Você Desse Lugar
Odair José é autor do clássico Eu Vou Tirar Você Desse Lugar Crédito: Bernardo Guerreiro/divulgação

Se falamos em Odair José, o ouvinte “médio” brasileiro vai lembrar-se de clássicos lançados há cerca de 50 anos, como Eu Vou Tirar Você Desse Lugar (1972), Eu, Você e a Praça (1973) e Uma Vida Só - Pare de Tomar a Pílula (1973). Mas é bom todo mundo saber que, aos 75 anos, Odair continua, sim, produzindo canções com uma sonoridade bem moderna e que se aproxima de gêneros como rock e blues.

Para ter certeza disso, é só ouvir os álbuns mais recentes dele, como Hibernar na Casa das Moças (2019) e Dia 16 (2015). Ou o recém-lançado single DNA, homônimo ao álbum que ele lança nos próximos meses. No single - que vale muito ser ouvido -, vemos também que Odair sabe se atualizar em relação aos temas que aborda em suas letras e não está preso à pecha de cantor romântico. “O que nos deprime é a falta de ética/ Nossa diferença dos outros animais”, diz o compositor nos versos de DNA.

Mas se você vai ao show que ele faz neste sábado (20) e domingo (21) e deseja ouvir aqueles velhos clássicos, pode ficar tranquilo, pois tudo aquilo está no repertório, incluindo aí quatro músicas de O Filho de José e Maria (1977), álbum emblemático da carreira deste goiano que ficou conhecido, de maneira muito preconceituosa, como o “cantor das empregadas domésticas”. Segundo o cantor, o espetáculo tem cerca de uma hora e meia, com 26 músicas. “Dessas, pelo menos umas 18 são aquelas que todo mundo conhece. O show é uma releitura da minha carreira, desde os anos 1970”, avisa.

E no repertório está, claro, Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, talvez o maior sucesso de Odair e alçada ao status de “cult” principalmente por causa de Caetano Veloso. O baiano cantou a música ao lado do próprio Odair, numa apresentação no festival Phono 73, promovido em 1973 pela gravadora dos dois artistas, a Phonogram, que hoje pertence à Universal.

A música, segundo Odair, rendeu elogios entusiasmados de outro ilustre músico baiano, Dorival Caymmi (1914-2008). “Encontrei ele no Rio de Janeiro uma vez e ele disse: ‘Como você, tão jovem, faz uma música tão linda para essas mulheres maravilhosas?’”, disse Odair numa entrevista a Pedro Bial. As “mulheres maravilhosa” a quem Caymmi se referia eram, claro, as prostitutas, sobre quem a letra fala.

Mas, segundo o compositor, a ditadura militar, em sua paranoia, o chamou para prestar esclarecimentos à Censura: “Achavam que a letra dizia que ‘eu vou tirar você desse lugar’ era um recado para tirar os militares do poder. Quando eu disse que era sobre as prostitutas, os militares ficaram ainda mais chocados, mas liberaram a canção”.

Sobre a pecha de “brega”, que foi imposta a ele e a alguns colegas, Odair diz que já não se incomoda com isso. Diz apenas que não gosta de qualquer rótulo: “Não gosto de rótulo nenhum, seja qual for. Em relação ao ‘brega’, isso não existia nos anos 1970. Acho que surgiu depois de uma novela da Globo, Brega & Chique [1987], e depois de uns livros que foram lançados. O rótulo de ‘brega’ não define bem o meu trabalho, não é simples assim. Ele tem mais conteúdo, tem mais por trás dele. Sou um cronista musical”.

Odair José. Teatro Sesc Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves). Sábado (20) e domingo (21), 20h. Ingresso (2º lote): R$150 (inteira) /R$ 75 (meia). Clube CORREIO: R$ 90 (inteira)

A história do Olodum no Globonews

Os 45 anos do Olodum são o tema de um especial que será exibido neste domingo (21), na Globonews, às 18h. O repórter Chico Regueira esteve em Salvador e entrevistou personalidades como Carlinhos Brown, Margareth Menezes e Tonho Matéria, que falam sobre o contexto musical, o surgimento do samba-reggae e a importância do movimento como afirmação da cultura negra e da pauta antirracista no Brasil e no mundo. Margareth lembra que Faraó, canção clássica do Olodum e do carnaval na Bahia, gravada também por ela em 1987, foi o primeiro samba-reggae do Brasil. “Naquela época, e continua sendo assim, os blocos afros como Olodum e Ilê Aiyê usavam a música para contar histórias referentes à cultura negra, que a gente não ouvia nas escolas. Era uma maneira de trazer para o povo alguma outra notícia fora a questão da escravidão, coisas positivas da formação da cultura africana para nós. Foi o primeiro grande sucesso que trouxe esse estilo do samba-reggae para as rádios e para a população”, conta a ministra da cultura.

Domingo (21), na Globonews, 18h

Mulheres pioneiras do Brasil

Está disponível no Spotify e no YouTube o terceiro episódio do podcast Elas são Feras!, que conta a história de Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra que revolucionou o tratamento mental no Brasil. A alagoana Nise, reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, foi aluna de Carl Jung (1875-1961). No podcast, a história dela é narrada pela atriz alagoana Aline Marta. A série Elas são Feras! é um projeto da Companhia Delas, que destaca histórias de vida de mulheres brasileiras pioneiras. Em outros episódios, estão biografias de mulheres como Enedina Alves Marques (1913-1981), primeira engenheira negra do Brasil, e Graziela Maciel Barroso (1912-2003), conhecida como Primeira-Dama da Botânica.

Elas São Feras! No Spotify e YouTube (canal Companhia Delas)