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Série mostra detalhes da briga de irmãos que virou crise política

Documentário em sete episódios, Caçador de Marajás resgata trajetória de ascensão e queda de Fernado Collor de Mello

  • Foto do(a) author(a) Rodrigo Daniel Silva
  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 28 de outubro de 2025 às 06:00

Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente do Brasil a sofrer impeachment
Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente do Brasil a sofrer impeachment Crédito: divulgação

Conflitos entre irmãos são um enredo antigo na história humana. Da Bíblia, com Caim e Abel, ao universo de Shakespeare, em que Cláudio mata o irmão para usurpar o trono e enfrenta a vingança de Hamlet, os exemplos se repetem. No Brasil, um caso real seguiu a mesma trilha trágica: Pedro Collor denunciou o irmão, Fernando Collor, e ajudou a derrubá-lo da Presidência. Essa história, marcada por poder, traição e escândalo, é o tema da nova série documental do Globoplay, Caçador de Marajás.

Série Caçador de Marajás por divulgação

Com sete episódios, a série é dirigida pelo cineasta carioca Charly Braun, que conviveu na década de 1990 com os sobrinhos de Fernando Collor. Braun era amigo dos filhos de Leopoldo Collor, irmão mais velho do ex-presidente da República.

Bem produzido, o documentário resgata vasto material de arquivo da TV Globo, emissora que apoiou a ascensão do então governador de Alagoas ao cargo mais alto do país - e que, anos depois, teve atuação relevante em sua queda. Tudo isso é retratado de forma cuidadosa, com depoimentos de personagens centrais do período e sem tentativa de ocultar os bastidores dessa virada histórica.

O Caçador de Marajás é uma série rica em depoimentos de jornalistas. Isto porque a imprensa desempenhou papel decisivo ao expor, peça por peça, a complexa engrenagem de corrupção que culminou na queda do ex-presidente Fernando Collor. Entre os entrevistados, estão Mário Sergio Conti, autor do clássico Notícias do Planalto, com relatos sobre a atuação da mídia durante o escândalo, e Dora Kramer, autora do best-seller Passando a Limpo - A Trajetória de um Farsante.

A produção também traz depoimentos dos jornalistas Bob Fernandes e João Santana, que à época estavam na revista IstoÉ, além de Eduardo Oinegue e Luís Costa Pinto, da Veja - este último responsável pela entrevista bombástica com Pedro Collor, que expôs o esquema de corrupção liderado por PC Farias.

Baixo clero

O documentário reúne ainda depoimentos de importantes figuras políticas daquele tempo como Jorge Bornhausen e José Sarney, mas apenas Thereza Collor - viúva de Pedro Collor - representa a família diante das câmeras. Fernando Collor não concedeu entrevista, e tanto Pedro Collor quanto a mãe, Leda Collor, já faleceram.

A série percorre todas as fases da trajetória de Fernando Collor, ainda que algumas de forma breve: sua passagem como prefeito de Maceió, governador de Alagoas, deputado federal de baixo clero, as relações com a ex-primeira-dama Rosane Collor, a ascensão meteórica como o candidato que prometia “caçar marajás”, a chegada à Presidência da República, a queda após o impeachment, o retorno à política como senador e, mais recentemente, a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em processos da Lava Jato, que culminou em sua prisão domiciliar, que segue até hoje.

O eixo central da série, porém, é a pergunta que atravessa toda a narrativa: o que levou Pedro Collor a arruinar o próprio irmão? As hipóteses são várias. Uma delas aponta para o ciúme familiar, já que Pedro se sentia preterido pelos pais, que demonstravam preferência por Fernando. Outra, de natureza empresarial, sugere que, ao incentivar PC Farias a criar um jornal em Alagoas, Fernando teria ameaçado os negócios da família no setor de comunicação. Há ainda a versão de um envolvimento amoroso de Fernando com a cunhada, Thereza Collor, e a possibilidade de que Pedro desejasse exercer influência política em Brasília, mas tenha sido excluído pelo irmão presidente.

Para o ex-chefe do Palácio do Planalto, a ação do irmão foi por “competição” e “inveja”. Ao ser questionado no programa Roda Viva se amava Fernando, Pedro respondeu: “Eu não sei. Nunca me fiz essa pergunta”. Thereza Collor afirmou, por sua vez, que a ruína do cunhado veio da sensação de onipotência: “Para uma pessoa jovem, se você não tiver um equilíbrio muito grande, você surta. O poder é muito grande. O Fernando achava que podia tudo”, disse ela.

O verdadeiro motivo que levou um irmão a arruinar o outro na mais célebre história política de conflito fraterno do Brasil talvez nunca seja conhecido. Será sempre mais um mistério para se ajuntar aos tantos deste mundo.

SERVIÇO - Todos os episódios disponíveis no Globoplay

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Série