FEMINICÍDIO

Suspeito de matar técnica de enfermagem em Águas Claras é preso em Feira

Tatiane Santana Peixoto foi atacada a facadas dentro de casa

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Publicado em 30 de abril de 2024 às 13:51

Tatiane Santana Peixoto
Tatiane Santana Peixoto Crédito: Reprodução

O suspeito pela morte da técnica de enfermagem Tatiane Santana Peixoto, de 41 anos, foi preso nesta terça-feira (30), em Feira de Santana. O crime aconteceu na semana passada, em Águas Claras, Salvador. 

Júlio Cesar Lima França, que era companheiro da vítima, teve o mandado de prisão temporária cumprido por uma equipe da Coordenação de Apoio Técnico à Investigação (Cati/Sertão). Ele passou por exame de corpo de delito e está preso no Complexo Policial do Sobradinho, à disposição da Justiça.

O crime aconteceu no último dia 25, quando Tatiane foi atacada a facadas dentro da própria casa, em Águas Claras. Ela chegou a ser socorrida para o Hospital Eládio Lasserre, mas teve a morte confirmada. O corpo dela foi seputaldo um dia depois no Cemitério Bosque da Paz. 

O crime estava sendo investigado pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), que realizou oitivas de testemunhas e solicitou à Justiça a prisão temporária do autor.

Ameaças

Segundo relatos, o companheiro já havia ameaçado a vítima diversas vezes e, na última ocasião, se ajoelhou diante da mãe de Tatiane para jurar ex-esposa de morte. Pai da técnica enfermagem, o aposentado Ademário Peixoto, 64 anos, afirma que agora só quer justiça.

“Nesse momento, faltou chão para mim. Estou sem chão, não sei o que faço mais. Perdi um pedaço de minha vida, um pedaço de mim. Eu quero justiça, quero que esse homem seja preso, porque a justiça dos homens é melhor do que a violência. Estando preso, ele vai pagar pelo que fez”, enfatizou.

Uma das preocupações de Ademário é em relação aos seus netos. Tatiane deixou três filhos, sendo uma jovem de 19 anos e um casal de crianças de 7 e 11 anos – os dois últimos são fruto do seu antigo relacionamento com Júlio Cesar. Mesmo sem estarem juntos, ela vivia com o ex e os filhos na casa que ajudou a construir, no bairro de Águas Claras.

Nos últimos meses, no entanto, Tatiane estava fazendo aos poucos a mudança para a casa que estava construindo em cima do prédio em que moram a mãe, o pai e os irmãos, no bairro de Vista Alegre. Nesse período, o suspeito do crime passou a casa que dividia com a ex para o nome da mãe dele. O bem deve ser revisto na Justiça, uma vez que, de acordo com Ademário, sua filha viveu lá por 12 anos

“A gente vai tomar conta das crianças, mas elas vão precisar de sustento de vida. Então, ele tem a casa que passou para o nome da mãe dele, e o carro que ele colocou em Irecê para vender. Ele acabou com a vida da minha filha, agora eu vou pegar as crianças e pedir ao Conselho Tutelar a guarda dos meninos, e entrar em um processo para ele dar o que é de direito para o filho dele. É o que vai me mover daqui por diante”, disse.

Dedicada à família e ao trabalho, além de ser técnica em enfermagem no Hospital do Subúrbio, Tatiane cuidava de uma pequena mercearia junto com os pais e os irmãos em Vista Alegre. Foi ao passar por lá na manhã de quinta-feira e não a avistar que o amigo San Silva, 49 anos, desconfiou que tinha algo de errado. Ao chegar em casa, ele notou que a mensagem com a resposta à mensagem de ‘bom dia’ dela não havia chegado e insistiu no contato. Minutos depois, descobriu pela televisão que aquilo que temia tinha acontecido.

“Ela me mandou mensagem 7h. Nós nos falávamos todos os dias pela preocupação que eu tinha porque o cara já tinha ameaçado ela. Eu dizia para ela tomar cuidado, porque a partir do momento que um homem ameaça, ela não tinha mais que estar no mesmo ambiente que ele. Ela dizia que achava que ele não faria nada, porque já a ameaçava há muito tempo. [...] Era uma menina incrível, cheia de vida, fazia de tudo para ajudar o indivíduo, que estava com problema de saúde. Nunca senti um baque tão forte, porque tínhamos uma amizade que se transformou em afinidade”, lamentou San.

Outro amigo de Tatiane, o segurança Cláudio Vicente de Oliveira, 47 anos, conta que trabalhava há 11 anos com a técnica em enfermagem, e vai guardar consigo a imagem alegre da ente querida. “Ela era uma pessoa amiga, gostava de ajudar os outros, tinha empatia. Uma pessoa bem próxima às pessoas, que não podia ver ninguém em dificuldade que ia ajudar. Além de amiga, era companheira. Ela não se separou da pessoa que tirou a vida dela porque estava ajudando ele. Era uma pessoa-irmã, uma grande profissional como técnica de enfermagem. Até agora a ficha não caiu”, falou.