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Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2012 às 10:49
- Atualizado há 2 anos
Salvatore Carrozzosalvatore.carrozzo@redebahia.com.br>
A música Vida de Empreguete é hit dentro e fora da novela. Em Cheias de Charme, exibida pela Globo/TV Bahia, o trio formado por Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) fez sucesso após jogar o vídeo da canção na internet. Na vida real, a música também bomba, em sua versão oficial e incontáveis paródias – tem vida de piriguete, vida de advoguete...Até vida de estudete, protesto em forma de sátira de alunas baianas da rede estadual de ensino que sofrem com a greve dos professores. >
Quem está por trás desse alvoroço todo é um baiano, nascido e criado em Salvador. O editor de filmes, compositor e cantor Quito Ribeiro, 41 anos, é o pai da música. >
Antes de mais nada, é bom dizer que Quito não tirou a sorte grande. Ele já está na estrada há um bom tempo. Letras suas foram gravadas por nomes relevantes da MPB. E no currículo de editor constam filmes como Paraísos Artificiais (2012).>
Marizete, empregada dos pais de Quito, serviu de inspiração para hit Empreguetes>
Inspiração Radicado há quase duas décadas no Rio, Quito recebeu, no final de fevereiro, um email de um amigo, o sociólogo Hermano Vianna, consultor musical de Cheias de Charme. Ele estava atrás de uma composição inédita para entrar no núcleo das três empregadas domésticas da novela escrita por Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Seria o ponto de virada na trama, o trio partiria rumo ao estrelato, para ódio da patroa de Rosário, a cantora de forró eletrônico Chayene (Cláudia Abreu).>
A Globo era bem específica em relação ao que queria: uma música cantada em primeira pessoa, alegre e positiva, que falasse da rotina das empregadas domésticas. “Acabei me inspirando muito em Marizete, que trabalha na casa dos meus pais desde 1991. É uma pessoa que tem uma energia incrível, super pra cima”, afirma Quito. >
Superentusiasmado com o pedido, em dois dias escreveu a letra e gravou ao violão. No início, a Globo estranhou. “Achavam que não estava pop o suficiente”, conta. Chamou então o músico Jonas Sá para produzir e fazer os arranjos. O resultado cativou a emissora, que escolheu a música.>
Beyoncé “Analisando o resultado, acho que ali tem um pouco de Paralamas do Sucesso, um pouco de Carnaval e bastante de pop contemporâneo, como Rihanna e Beyoncé”, diz. Ele também é o autor de Vida de Patroete, a resposta de Chayene para o sucesso das empreguetes, sobretudo ao trecho “Queria ver madame aqui no meu lugar. Eu ia rir de me acabar”.>
Quito afirma que, ao contrário do que muita gente pensa, não ficou rico com a composição. “Não foi uma encomenda paga, vou receber direitos autorais, como qualquer artista com música em novela. Ainda não recebi nada, demora um pouco para o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) fechar tudo. Não tenho nem ideia de quanto isso vai render, não tenho parâmetro. A primeira música minha que fez sucesso era em outra época, um outro esquema da indústria, gravadora...”, explica.>
Amizades E já que o próprio Quito falou do passado, esse é um excelente gancho para entrar no túnel do tempo e conhecer um pouco mais de João Henrique Coutinho Ribeiro, conhecido ‘desde sempre’ como Quito. >
A infância foi no bairro do Engenho Velho de Brotas. O prédio onde morava fica perto do Solar Boa Vista. Na época, funcionava no local o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. “Naquela época, acho que davam choques neles. Eles andavam pelo meio das ruas do bairro, meio chapadões. Mas era tudo tranquilo”.>
A infância foi bem solta, como ele mesmo diz, com boas recordações. “Foi bem normal. Meus pais eram do interior, não eram conservadores, mas também não tinha aquela coisa do desbunde”.>
Aos 10 anos, mudança total, de escola e de bairro – do Engenho Velho para o Stiep. A adolescência foi baseada em futebol e atividades do grêmio. Ele já era amigo do ator João Miguel. Aos poucos, foi aumentando o ciclo de amizades: Lucas Santtana, Moreno Veloso e Kassin, que sempre frequentou os Verões baianos. Aos poucos, começou a escrever músicas com Lucas. >
Premiado A coisa começou a ficar séria quando, em 1993, uma composição da dupla, Domingo no Candeal, foi gravada por Daniela Mercury. A música ganhou o Troféu Caymmi de melhor música. >
Quito Ribeiro, então, resolveu se mudar para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar com edição de imagens no cinema. >
Entre os filmes que já editou estão 5x Favela, Agora por Nós Mesmos e o documentário Maria Bethânia – Pedrinha de Aruanda. Editando e compondo, ele foi tocando a vida. Tem parcerias gravadas por Moreno Veloso, Davi Moraes e Domenico Lancellotti, entre outros. >
O artista continua tendo uma ligação forte com Salvador. No último fim de semana, esteve por aqui: veio trazer os dois filhos para ficar um pouco com os avós. E assim, Quito reencontrou Marizete Rodrigues, a musa inspiradora de Vida de Empreguete.>
Assista ao clipe de Vida de Empreguete###YOUTUBE###>