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Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 08:14
- Atualizado há 2 anos
Colecionador da Playboy brasileira diz que quer leiloar as revistas mais raras para viajar aos EUA e conhecer o criador da publicação Um brasileiro de meio século que há 35 anos compra revistas masculinas quer leiloar as ‘joias raras’ de toda a sua coleção de Playboys para conseguir viajar aos Estados Unidos e assim tentar conhecer o fundador da publicação erótica mais famosa do mundo.>
Estenio Guerra, o Guerrinha, afirma possuir todos os números da Playboy nacional desde agosto de 1975, quando a revista foi lançada por aqui, até a última edição, de julho. Ele se intitula o maior colecionador da marca no mundo. Ao todo são 7 mil exemplares, muitos deles, é claro, são repetidos e ficam expostos na sua banca personalizada, no Campo Belo, Zona Sul de São Paulo.>
Ele vive da venda de ‘revista de mulher pelada’ há mais de 20 anos. Para que o estoque não encalhe ou fique empoeirado, Guerrinha sempre arranja uma maneira de comercializar o produto. Chega até mesmo a alugar as edições mais cobiçadas da Playboy, todas em perfeito estado de conservação _plastificadas por ele mesmo.>
MemóriaNo seu primeiro número no Brasil, a revista ainda não se chamava ‘Playboy’. Havia sido batizada de ‘Com o melhor de Playboy – A Revista do Homem’ e trazia a brasileira Livia Mund na capa.>
A mudança no logotipo para ‘Playboy’ ocorreu três anos depois, em julho de 1978, quando a norte americana Debra Jo Fondren estampou a edição nacional escondendo o corpo nu com longos cabelos loiros. Até agora, essa foi a revista mais cara que Guerrinha vendeu. “Um colecionador pagou R$ 12 mil por ela”, diz.>
Ele investe pesado no marketing pessoal, tanto que já escreveu os seus slogans na banca: “Guerrinha – colecionador e vendedor de Playboy” aparece na fachada e “Guerrinha da Play boy – www.Reidaplayboy.com.br – o maior colecionador de revista Playboy do mundo c/ mais de 6000 exemplares” está na portinhola.>
“Ei, não! A placa tá errada. São mil exemplares a mais agora, escreva aí, por favor”, corrige Guerrinha, que diz ter sido vítima de assalto por causa de suas revistas raras. “Uma vez roubaram um carro todo customizado e adesivado com capas da revista e a minha marca: ‘o rei da Playboy’. Nele havia várias revistas.”>
Menos escandaloso, o veículo de agora é todo branco. A banca também é protegida por câmeras de monitoramento de vigilância.>
Sonho Mesmo discreto, com exceção feita ao cabelo pintado de loiro, Guerrinha quer negociar agora a venda das disputadíssimas capas brasileiras da Playboy para ir à mansão onde mora Hugh Hefner, de 85 anos. O criador da revista lançou a primeira edição na América em dezembro de 1953, com o calendário fotográfico de Marilyn Monroe.>
Mas quem estiver interessado em adquirir raridades, como as Playboys da então modelo Xuxa (1982), e das atrizes Betty Faria (1978), Lucélia Santos (1980), Vera Fisher (1982), Cláudia Raia (1984), Claudia Ohana (1985), Sônia Braga (1984 e 1986) e Terezinha Sodré (1986) terá de desembolsar muito dinheiro.>
“Essas são, sem dúvida alguma, as mais caras em qualquer mercado de revistas masculinas. São as mais procuradas. Vendidas a preço de ouro”, diz Guerrinha.>
Na da Xuxa, por exemplo, ele quer chegar a ganhar quase que inacreditáveis R$ 60 mil com o leilão. Não é exagero? “Quanto mais anos passarem, mas ela vai valer”, justifica Guerrinha. Apesar disso, a mesma revista está sendo vendida por até R$ 1 mil em sites da internet. “Com certeza a minha está mais novinha, mas aceito negociar. Quem mais chegar perto do valor que pedi, leva.”>
A da Claudia Ohana, por exemplo, custa R$ 2.500, e a de Terezinha Sodré, R$ 1.900. “Elas valem isso mesmo. A Claudia Ohana desperta a curiosidade dos homens que não gostam de mulheres muito depiladas. A Terezinha Sodré foi mulher do capitão da seleção do tricampeonato mundial de futebol”, brinca o colecionador.>
Mas a preferida mesmo de Guerrinha é uma de abril de 1983, com a atriz Sílvia Bandeira (quando ainda não assinava Sylvia). Essa não sai por menos de R$ 1.200. “Ah, essa mulher me deixa louco. É linda. A mulher perfeita. Hoje, infelizmente, é difícil encontrar uma mulher que tenha posado como ela, com tudo natural, sem silicone.”>
Em outros casos, algumas revistas, como a da ex-jogadora Hortência, são mais baratas, mas mesmo assim são consideradas raridades. "Vale R$ 120, mas é difícil achá-la em sebos.">
LeilãoE como funcionará o leilão? “Vou colocar na internet. Lá na minha página pessoal tem o meu telefone também. É só me procurarem. Outra possibilidade é aparecerem com as propostas aqui na banca”, sugere Guerrinha.>
Pelo visto, os fãs da revista vão precisar pechinchar muito se quiserem um desconto. Este cearense de Quixadá afirma que descobriu que também poderia locar as Playboys.>
“Isso é o meu sustento. Não é hobby não. Conquistei muita coisa por causa dessa mulherada das revistas. As mais raras eu alugo por R$ 200 cada uma durante uma semana. As demais, por R$ 150, R$ 100. Mas só entrego para quem conheço. No começo, inventei de alugar para um pessoal que devolvia com as páginas todas grudadas umas nas outras, sem qualquer cuidado.”>
“Ei, moço? Tem jornal?”, pergunta um homem, interrompendo a entrevista. “Não, não tenho, só tenho Playboys e outras revistas masculinas em menor escala”, responde Guerrinha.>
“As pessoas que vão ler essa matéria precisam entender que cada revista desta faz parte da história sexual e cultural do brasileiro. Além de colocar em evidência mulheres famosas e lançar outras ao estrelato, há entrevistas históricas, como a que Ayrton Senna deu, por exemplo, em 1990. O meu público é de colecionadores sérios”, explana Guerrinha.>
Mulher ciumentaMas o próprio colecionador se entrega ao afirmar que o principal motivo que leva alguém a comprar uma revista dessas são as mulheres que aparecem dentro delas. “Eu mesmo já fui vítima dessa história mal inventada de dizer que comprava a revista para ler as entrevistas”, lembra Guerrinha, que quase viu seu casamento ruir por conta da coleção de Playboys.>
“Quando me casei, minha mulher ficou sete anos sem saber que eu guardava as revistas. Um dia ela viu uma caixa, abriu e ops! Não teve jeito. Ela me pôs na parede e determinou: ‘Ou eu ou as revistas’. Fiquei com as revistas, mas depois de alguns meses fui atrás da minha mineirinha para voltarmos. Ela aceitou voltar e aceitou também que eu mantivesse a coleção”, diz Guerrinha, que tem três filhas. “Para você ver, de consumidor virei fornecedor.”>
Apesar de investir na publicidade da sua banca, a coleção completa da Playboy de Guerrinha ainda não tem o reconhecimento da própria revista. Nem sequer o recorde foi registrado por algum órgão especializado.PlayboyProcurada para comentar o assunto, a redação da Playboy brasileira não havia respondido os questionamentos do G1 feitos à sua assessoria de imprensa até a publicação desta matéria. Uma das perguntas é se havia dados de outros colecionadores.>
A respeito de recordes, a edição com a personagem Feiticeira, de dezembro de 1999, foi a que mais vendeu no Brasil, segundo a Playboy. Foram 1,247 milhão de exemplares (entre assinaturas e avulsas) comercializados; em segundo lugar, aparece a revista de março de 1999, com a também personagem Tiazinha (1,2 milhão). A apresentadora Adriane Galisteu, que namorou o piloto Ayrton Senna, saiu em agosto de 1995, e teve 962 mil unidades vendidas.>
“Eu adoro a Adriane Galisteu. Merecidamente ela vai ser a capa agora da edição de aniversário de agosto deste ano da Playboy”, diz Guerrinha, exibindo uma foto que tirou com a apresentadora de TV.>
RankBrasilO site RankBrasil, que costuma homologar recordes nacionais, também informa que não sabia da coleção de Guerrinha, mas tinha interesse em catalogar e registrar suas revistas.>
“Eu quero entrar para o Guiness [World Records]. Duvido que alguém no mundo tenha mais revistas do que eu. Sou o maior colecionador de Playboys que já apareceu”, diz Guerrinha, que começou a colecionar a revista com 15 anos. “Comprava escondido dos meus pais, que são evangélicos e se decepcionaram muito quando descobriram. Mas, por favor, escreva aí que eu não vendo a revista para menores de idade aqui”. A venda só é permitida para maiores de 18 anos.>
Para finalizar a entrevista, o G1 pergunta a Guerrinha se ele tem uma foto da mulher dele ou das filhas para mostrar - como as 3x4 que as pessoas costumam guardar na carteira. O colecionador fica desconfiado e como quem quer esconder o ‘ouro’, demonstra que seu ciúme não é somente com as revistas.>
“Meu amigo, as únicas fotos de mulheres que tenho aqui são fotos de mulheres peladas que estão na banca. Não tenho fotos da minha família aqui nem vestida e nem despida”, diz Guerrinha, que apesar de admitir que não é nenhum modelo masculino de beleza, se considera vaidoso e fala que a esposa e filhas são lindas. “Você precisava vê-las, mas não vai vê-las não.” As informações são do G1.>