Com tradição de paz, Nordeste de Amaralina inicia maratona de oito dias de folia

Antes da largada, às 19h30 de ontem, mestre Joel falava com orgulho de uma marca importante

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 06:45

- Atualizado há um ano

O mestre Joel Castro puxa a roda transformada em bloco. Ao som de berimbaus e pandeiros, estava aberto o Carnaval do Nordeste de Amaralina. Pela primeira vez, o Circuito Mestre Bimba, que homenageia o grande mestre da capoeira regional, recebeu o carimbo de circuito oficial do Carnaval de Salvador e já estreou com extensa programação, incluindo 36 atrações.

BAIXE O FAROL: O APLICATIVO QUE VAI TE GUIAR NO CARNAVALAntes da largada, às 19h30 de ontem, mestre Joel falava com orgulho de uma marca importante. Desde 2012, o Carnaval do Nordeste registra índice quase zero de violência. Ou seja, há quatro anos não há ocorrências graves no circuito.Circuito Mestre Bimba no fim de linha do Nordeste de Amaralina (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Joel, que teve o filho de 10 anos morto em 2010 após uma ação policial no bairro, é justamente um dos que trabalha para acabar com a imagem de violência da comunidade. 

“O Carnaval é uma das chances que a gente tem de mostrar que aqui tem gente do bem. O Nordeste é celeiro de artistas, sambistas, capoeiristas, de gente competente”, disse o mestre, um dos diretores do Núcleo de Capoeira Nordeste de Amaralina.

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No formato atual, o Carnaval do Nordeste chega ao 14º ano. O bloco Os Toalhas e o infantil Pirulito inauguraram a festa.  Mas a tradição de escolas de samba do bairro é da década de 1960.  Além de celebrar os Carnavais sem violência, a Associação de Blocos Carnavalescos do Nordeste de Amaralina (ABCN), criada em 2012, festeja o fato de a folia estar ganhando cada vez mais infraestrutura.

“Esse ano a prefeitura entrou com uma boa iluminação, banheiros e limpeza. O estado vai entrar com a segurança. Temos tudo para manter o índice zero de violência”, acredita Cândido Ferreira Filho, presidente da ABCN. Este ano, teve até Rei Momo. “Estou lisonjeado de fazer parte de um Carnaval onde as brigas a gente conta nos dedos”, contou  João Caldas Filho, Sua Majestade. Ontem, o cortejo de capoeiristas foi seguido por bandas de percussão e trios elétricos.      A folia no bairro vai até a Quarta-feira de Cinzas, quando acontece um arrastão puxado pelo trio da ABCN e a banda Sem Miséria. A organização espera que mais de 90 mil pessoas marquem presença na festa.