Fã de Nirvana, Everaldo escuta rock 'n roll antes dos jogos do Bahia: 'Já entro pilhado'

Centroavante anotou dois golaços no Brasileirão e vive melhor momento no tricolor

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  • Daniela Leone

Publicado em 3 de maio de 2024 às 05:00

Cabelão inspirado em Kurt Cobain e bate cabeça diante do microfone. Na adolescência, Everaldo foi vocalista de uma banda de rock 'n roll e usa a música para entrar motivado nas quatro linhas. Nirvana, AC/DC, Ramones e CPM 22 estão sempre tocando nos fones do centroavante antes dos jogos do Bahia.

“Eu preciso de uma música mais forte. Tenho que entrar no jogo ligadão. Gosto de um rock mais pesado, porque aí eu já entro pilhado”, vibra o atacante de 32 anos. “Eu sou um cara tranquilo, dou risada, brinco, mas na hora que coloco a chuteira e vou aquecer antes do jogo, eu me transformo. Escuto meu punk rock e fico de cara fechada, não tem muito sorriso. O rock me ajuda, me bota para cima, aumenta minha rotação”.

Centroavante do Bahia, Everaldo é fã de rock 'n roll
Centroavante do Bahia, Everaldo é fã de rock 'n roll Crédito: MARINA SILVA / CORREIO

Everaldo é o único roqueiro entre os jogadores do elenco do Bahia. Na Cidade Tricolor, a playlist dele só faz sucesso com a galera do staff e com o técnico Rogério Ceni, outro fã de rock. O camisa 9 até assume a função de DJ na academia de musculação do clube vez ou outra, mas nunca comanda a caixa de som do vestiário antes dos jogos. “Eu prefiro colocar meu fone, aí escuto e não incomodo ninguém. Eu fujo um pouco dos padrões de jogador de futebol. A maioria gosta de pagode e samba”, diverte-se.

A paixão pelo rock surgiu aos 13 anos, quando montou uma banda com três amigos em Garibaldi, cidade do Rio Grande do Sul onde nasceu e cresceu. Everaldo sempre sonhou em ser jogador de futebol, mas curtia o papel de vocalista nos ensaios aos finais de semana. A C4 durou pouco mais de seis meses e nunca fez exibições públicas.

“Eu cresci no meio de uma galera que gostava bastante de rock e me apaixonei pelo Nirvana. Nunca toquei nenhum instrumento, meu negócio era cantar mesmo. Foi algo bem rápido, mas foi uma época bacana. É bem nostálgico. Quando eu volto de férias para casa sempre lembro com os meus amigos dessa época da banda”, recorda.

No ritmo do rock 'n roll, Everaldo tem colocado os adversários para dançar nesse começo de Brasileirão. Em quatro jogos, ele marcou dois golaços, no empate em 2x2 com o Vitória, no Barradão, e no triunfo diante do Grêmio, na Fonte Nova. “O do clássico foi mais especial porque foi o meu primeiro em Ba-Vis e a gente estava com o resultado adverso. Chutei cheio de ódio para o gol”, elege.

Everaldo e a esposa Francine na casa onde moram, em Busca Vida
Everaldo e a esposa Francine na casa onde moram, em Busca Vida Crédito: MARINA SILVA / CORREIO

Os gols de Everaldo ajudaram a colocar o Bahia na 5ª posição da tabela de classificação da Série A. O tricolor soma os mesmos sete pontos do Athletico-PR, que abre o G4 porque tem melhor saldo de gols (3 contra 1).

Na atual temporada, Everaldo disputou 20 jogos com a camisa do Bahia, 12 deles como titular, e marcou cinco gols. Ele lesionou a coxa esquerda e ficou 22 dias longes dos gramados, mas se recuperou a tempo da estreia do Brasileirão e está curtindo a receptividade da torcida.

“Acredito que seja o meu melhor momento no Bahia, mas é porque o coletivo está dando resultado. É o melhor momento do time. No ano passado, a gente passou por altos e baixos, foi bem difícil. Futebol é resultado. Esse ano chegaram peças de extrema qualidade no grupo e o time está ganhando. Primeiro tem que ser o coletivo para depois sobressair o individual”.

No ano passado, o camisa 9 entrou em campo 60 vezes com o Bahia e comemorou 20 gols. Apesar dos bons números, ele precisou encarar as críticas da torcida e a missão de substituir Gilberto, maior goleador da nova Fonte Nova, com 30 gols marcados no estádio.

“Gilberto é ídolo aqui e é um baita jogador. É difícil chegar e suprir isso. O ano passado foi muito difícil e o Gilberto tinha números muito bons aqui no Bahia. Eu tive que saber lidar com isso e lido naturalmente. O ano passado foi difícil para o clube e isso fez com que fosse difícil pra mim também. Gostaria de ter proporcionado mais alegrias para o clube. Acredito que esse ano está sendo diferente. Todo mundo está conseguindo fazer com que o Bahia trilhe os caminhos que têm que ser trilhados”.

Everaldo é anotou cinco gols para o Bahia nesta temporada, dois deles no Brasileirão
Everaldo anotou cinco gols para o Bahia nesta temporada, dois deles no Brasileirão Crédito: MARINA SILVA / CORREIO

Nessa temporada, Everaldo tenta alcançar outro artilheiro. Maior goleador do Bahia no ano, Thaciano tem oito gols e a admiração do camisa 9. “Eu fico muito feliz quando ele faz gol. Thaciano é meu irmão. Ele já chega no clube me procurando. ‘Cadê Veveca?’”, conta Everaldo, em meio a risos. “Isso deixa o ambiente mais leve e engraçado. Nosso ambiente é muito bom. É o melhor grupo que já trabalhei”, revela. “A gente leva essa nossa parceria para dentro de campo e transforma em resultado. Fora é pura brincadeira, mas quando a gente entra dentro de campo fechou a cara e cada um vai fazer o seu melhor para ajudar o time. Eu, ele, Cauly e Everton Ribeiro conversamos bastante e a gente já sabe a movimentação que tem que fazer”.

O rock 'n roll de Everaldo estará à disposição do Bahia mais uma vez no domingo (5), às 18h30, contra o Botafogo, no Engenhão, na 5ª rodada do Brasileirão. O alvinegro carioca lidera o torneio nacional, com nove pontos, mas pode ser ultrapassado pelo tricolor.

“A gente mira a liderança do campeonato e esse jogo diz tudo. Eles estão com nove pontos e a gente com sete. É um jogo difícil, um gramado diferente, sintético, mas a gente vai para ganhar. Não vamos para lá buscar o empate. O Botafogo é um bom time, mas o nosso também é. Esse ano a gente mira voos muito altos no Brasileirão”. E vai ter mais golaço na batida do rock 'n roll? “Vou fazer de tudo para que tenha”, promete o roqueiro tricolor.