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Portal Edicase
Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 17:53
Em 2021, os procedimentos minimamente invasivos dominaram a cena da medicina estética, representando mais de 50% do total global, conforme apontado pelo relatório Aesthetic Medicine Market Size & Growth da Grand View Research . Com uma avaliação expressiva de 99,1 milhões de dólares, o mercado global de medicina estética reflete a preferência crescente por abordagens menos invasivas. O estudo ainda projeta um notável aumento de 14,5% no mercado de injetáveis estéticos até 2030. >
De acordo com o último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil ficou em segundo lugar no ranking considerando todos os procedimentos realizados, entre cirúrgicos e não cirúrgicos, totalizando mais de 1,9 milhões de operações. Ainda segundo a ISAPS, entre os procedimentos não cirúrgicos, que compreendem as fórmulas injetáveis, foram mais de 600 mil aplicações realizadas no país. >
Indicado para dar volume aos lábios, melhorar o contorno ou corrigir imperfeições secundárias a traumas locais ou decorrentes do processo de envelhecimento, o preenchimento labial se tornou um dos procedimentos estéticos mais populares no mundo, principalmente entre as mulheres. >
Segundo Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a técnica mais utilizada é o preenchimento com ácido hialurônico, substância já presente no nosso organismo. >
De acordo com o médico, dentre suas diversas funções, o ácido hialurônico preenche o espaço entre as células da pele, deixando-a firme e lisa, além de aumentar a hidratação, já que o ácido também tem essa função no local aplicado. >
Mas, ainda que o preenchimento labial seja uma opção segura, ele demanda bom senso por parte de quem quer fazer e, principalmente, um profissional qualificado e experiente. “O objetivo é justamente harmonizar o rosto . Ou seja, cabe ao cirurgião deixar claro que a técnica precisa corresponder com as características do rosto da pessoa. Caso contrário, o resultado poderá ser desproporcional e artificial”, afirma Luís Maatz. >
Para Débora Latgé, fundadora da Visatgé, consultora de Imagem com foco em Linguagem Corporal e Facial e especialista em Visagismo pela Faculdade Belas Artes, é comum atender principalmente mulheres que pedem uma avaliação antes de decidir pelo procedimento. >
“Nestes casos, fazemos um estudo baseado no visagismo, ou seja, analisamos harmonia e estética, considerando a proporção do rosto e a personalidade da paciente”. Segundo a profissional, a premissa é alinhar a identidade visual com a pessoal. >
“O preenchimento labial, por exemplo, vai proporcionar lábios mais volumosos, transmitindo uma sensualidade que não condiz com a personalidade dessa pessoa. Essa transformação pode acarretar uma crise de identidade, principalmente se ficar exagerado e chamativo. Por isso, a autopercepção é fundamental para que a pessoa faça procedimentos motivada por uma insatisfação pessoal, e não pela imposição de padrões estéticos ”, alerta Débora Latgé. >
Com base em suas especialidades, o cirurgião plástico e a consultora de imagem responderam a 8 dúvidas sobre preenchimento labial. Confira! >
O resultado tem relação com a técnica de aplicação do profissional, com o tipo de substância e a quantidade injetada. “Na primeira aplicação, o ideal é utilizar apenas 1 ml de produto, para garantir a naturalidade na harmonização dos lábios e evitar o efeito ‘duck lips’, ou bico de pato”, explica Luís Maatz. >
Assim que é feita a aplicação já é possível notar o aumento do volume dos lábios . “No entanto, o resultado só é percebido após cerca de 20 dias, com o desinchaço total e ação do ácido na região aplicada”, garante o cirurgião. >
Há casos em que o procedimento não é recomendado, como em mulheres grávidas ou que estejam amamentando. “Pessoas que possuem algum tipo de doença crônica ou alguma inflamação/infecção nos lábios, como herpes, devem evitar o procedimento”, diz Luís Maatz. >
Débora reforça que o profissional deve sempre alertar sobre os impactos de imagem que podem ser gerados pela intervenção. “É importante se aprofundar na personalidade da pessoa e garantir que o resultado fique harmônico com a estrutura do seu rosto e com sua individualidade”. >
Segundo o médico, o próprio ácido hialurônic o tem apresentações que já possuem anestésico em sua composição. “Mas, ainda assim, é preciso aplicar anestesia local. Sem ela, o(a) paciente sentirá dor”. >
“Popularmente conhecida como botox, a toxina botulínica é produzida pela bactéria Clostridium botulinum que, aplicada no músculo, resulta no relaxamento do local. Tem como finalidade diminuir rugas dinâmicas e marcas de expressão, podendo também ser usada na região da boca, mas não para o preenchimento labial”, conta Luís Maatz. >
O cirurgião explica que o procedimento não serve apenas para aumentar os lábios, mas também para corrigir assimetrias e promover contornos mais definidos, trazendo uma melhor harmonia para a face. >
Segundo Débora Latgé, todas as pessoas têm o rosto assimétrico, ou seja, um lado é diferente do outro, em maior ou menor grau. “A intervenção é indicada em casos mais extremos, cuja assimetria labial é bastante evidente, e compromete a autoestima e a qualidade de vida da pessoa”. >
Sim, já que o ácido hialurônico é reabsorvido naturalmente pelo organismo, dentro de um determinado período. Através da aplicação de uma enzima que inativa o ácido hialurônico, o preenchimento é revertido. “Porém, o procedimento não deve ser realizado prevendo sua reversibilidade”, afirma Luís Maatz. >
A durabilidade média do efeito é de 9 a 12 meses. “Após esse período, é importante fazer uma avaliação e reaplicar o ácido hialurônico para prolongar os efeitos”, pontua Luís Maatz. >
A visagista lembra que o procedimento é um dos menos invasivos e tem a vantagem de não ser definitivo. “As pessoas mudam ao longo da vida, inclusive suas prioridades. Hoje, o preenchimento labial pode ser o seu maior desejo, mas, em algum momento, é possível que você não se identifique mais com ele. Daí o benefício de o procedimento ser de curto prazo”, conclui Débora Latgé. >
Por Flávia Vargas >