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Portal Edicase
Publicado em 3 de abril de 2024 às 18:25
A organização pode ter um impacto direto no nosso estado mental. Quando vivemos em meio à desorganização, podemos experimentar um aumento no estresse e na ansiedade. Segundo a médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, se a vida não está organizada, é impossível a mente funcionar em sua plenitude.
“Isso porque a desordem e a bagunça podem afetar o cérebro de diversas maneiras, já que quando há muito excesso de objetos e informações ao redor, é mais difícil a mente se concentrar em uma tarefa específica. Isso pode resultar em uma sensação de sobrecarga e frustração”, explica a médica.
A bagunça e a desordem também podem gerar sobrecarga cognitiva e o aumento do estresse e da ansiedade. “Esses efeitos podem ser atribuídos a mudanças em áreas específicas do cérebro que são ativadas quando estamos expostos à bagunça”, explica a psiquiatra.
Um estudo da Princeton University comprovou que a desordem visual pode interferir na capacidade do cérebro de processar informações. Os pesquisadores descobriram que quando há desordem visual no ambiente, as atividades da amígdala (a área do cérebro que processa emoções) e do córtex pré-frontal (a área do cérebro responsável pelo planejamento e tomada de decisões) aumentam.
Essas áreas cerebrais são importantes para o controle emocional e cognitivo. “A exposição à desordem pode afetar a atividade em outras áreas do cérebro, como o hipocampo e o córtex cingulado anterior. O hipocampo é uma área do cérebro que está envolvida na memória e na aprendizagem, e a exposição à desordem pode interferir na capacidade de processar e armazenar informações. Já o córtex cingulado anterior, por sua vez, é responsável pelo controle da atenção e do comportamento, e a exposição à desordem pode levar a uma maior dificuldade em manter a atenção e controlar os impulsos”, explica a Dra. Jéssica.
Para a médica, existem várias maneiras de lidar com a bagunça e a desordem. Uma delas é eliminando as coisas que não são mais úteis ou que não trazem mais bem-estar . “Também é importante reconhecer que, às vezes, a desordem e a bagunça podem ser sintomas de um problema de saúde mental mais sério como o Transtorno de Acumulação ou Síndrome de Diógenes, que escondem sintomas de ansiedade e muitas vezes até mesmo dependência psicológica e questões importantes sobre autoestima”, alerta.
A médica fala ainda que pessoas bagunceiras podem ainda apresentar indícios de depressão e até mesmo o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) e Hiperatividade. Apesar de ser caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, não deve ser diagnosticado apenas com um elemento, mas podem ter ligação com a desorganização.
“É muito importante definir se qualquer tipo de desordem pode estar interferindo na capacidade de realizar atividades diárias ou se está afetando a saúde mental, ocasionando a sensação de estresse, exaustão e sensação de incapacidade”, finaliza.
Por Mayra Barreto