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Após oito anos, Elomar volta a Salvador com o concerto Pluro

A um mês de completar 79 anos, Elomar continua defendendo a bandeira da brasilidade e produzindo intensamente

  • D
  • Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 13:33

 - Atualizado há 2 anos

Menestrel do sertão, Elomar cultiva um Brasil com gosto de interior, onde o tempo passa devagar e as palavras carregam sons e histórias. Um Brasil fincado na poesia - a mesma de Guimarães Rosa, Euclides da Cunha e Ariano Suassuna - e cheio de castelos, reis e cavaleiros de armadura. Inspirado nesse universo, o poeta Vinicius de Moraes  chegou a atribuir-lhe a alcunha de Príncipe da Caatinga.Prestes a completar 79 anos, músico continua a produzir intensamente. Avesso à exposição, ele acredita que o  trabalho é que tem de ser visto (Foto: Divulgação)A um mês de completar 79 anos, Elomar continua defendendo a bandeira da brasilidade e produzindo intensamente - seja canções, desenhos ou textos. No início deste ano, ele lançou o livro A Era dos Grandes Equívocos. Para o ano que vem, planeja lançar um novo disco, Riachão do Gado Brabo, o último no estilo cancioneiro. Enquanto isso, passa por algumas poucas cidades do país apresentando o concerto Pluro: Elomar e Camerata Caleidoscópio, no qual sobe ao palco acompanhado de seu filho João Omar (violão), Elena Rodrigues (flauta) e Marcos Roriz (violoncelo). “O nome do concerto e o nome da camerata têm a ver com a questão da pluralidade de gêneros e formatos presentes nessa apresentação. Há canções, árias de óperas, antífonas, os muitos gêneros e formatos que integram a obra de meu pai”, explica João Omar, 46 anos. Em Salvador, o concerto ganha apresentação única na Sala Principal do Teatro Castro Alves (TCA), no sábado, às 20h. Na sexta, ele participa do projeto Conversas Plugadas e lança o livro publicado no início do ano. De pai pra filhoSegundo João Omar, foi o pai quem o introduziu no palco. “Comecei tocando flauta e violão ainda criança. Meu pai só me ensinou a tirar a nota dó no violão, mas todo o incentivo foi muito importante”, conta, aos risos.Filho de Elomar, João Omar acompanha o pai nas apresentações (Foto: Monica Koester/ Divulgação)Por sua formação acadêmica, Omar é o responsável pela transcrição e edição das partituras das canções de Elomar, que compõe também óperas e música para orquestra. O autodidatismo do pai e a formação acadêmica do filho parecem se completar. “Meu pai é fora de sistema e eu sou sistemático, algo que é necessário para a produção da música sinfônica. Acho que os saberes e os modos de fazer se complementam. Meu pai escreve tudo, eu ajudo a passar a limpo, a fazer uma revisão, a modificar algumas poucas coisas. A gente acaba dialogando, mas ele tem um tal de maktub, “já estava escrito” , detalha, rindo.A ideia de compor uma camerata, formação que mantivesse a sonoridade sinfônica, mas com um conjunto pequeno, também foi de Elomar. Além de João Omar, os outros dois músicos da Camerata Caleidoscópio também o acompanham  há muitos anos. A flautista Elena Rodrigues, por exemplo, gravou com ele o disco Na Quadrada das Águas Perdidas, de 1978.SaudadeA última vez que Elomar subiu a um palco da capital baiana foi em 2012, quando fez uma participação no musical Baião de Nóis, dirigido por João Omar, e que homenageou o centenário de Luiz Gonzaga , reunindo  também Xangai, Carlos Pita e Targino Gondim. Mas foi em dezembro de 2008, portanto há oito anos, que ele apresentou as antífonas Louvemos ao Senhor, ao lado da Orquestra Sinfônica da Bahia.“Acredito que Salvador tenha um público saudoso, que há muito tempo não o vê. É interessante perceber também que por onde a gente tem passado, um público mais jovem tem comparecido, sempre tem muito roqueiro. Curioso isso”, ressalta o filho.Mas João Omar lembra que o público não deve esperar uma apresentação de canções. “A fase em que meu pai se encontra é mais de um repertório de ópera, apesar de ele cantar algumas canções antigas. Ele é muito dialogador, por isso, inevitavelmente, o público também tem de esperar ele conduzir, contar as histórias, não é música atrás de música. Quem manda é ele, que já está na idade de fazer o que quiser”, pondera.Vida simplesAvesso à exposição na mídia para divulgação do seu próprio trabalho, Elomar prefere a vida reclusa da fazenda, longe das grandes metrópoles. Atualmente, passa boa parte do tempo na Casa dos Carneiros, a 20 quilômetros de Vitória da Conquista, sua cidade natal. “Cada vez mais ele quer sair menos para tocar. Tem a coisa da alimentação, das horas de viagem, do avião. Mas quando chega no palco, ele gosta muito, fica muito feliz. É isso que vale a pena”, ressalta o filho.Sobre o processo de envelhecimento, ele conta que o pai encara de forma muito tranquila. “Ele é bastante sábio, a cabeça funciona a mil, e o corpo vai reclamando. Acho que ele tem uma saúde boa, um ambiente melhor, alimentação saudável. Ele tem entendido bem isso e passado como todo mundo. A idade é simplesmente uma armadilha, porque a cabeça está em outro plano, está jovem”, resume João Omar.