Marcelo Sant'Ana: balaio de gato

A distância do Criciúma, 12º lugar, para o lanterna do Brasileiro, Coritiba, é de quatro pontos após 14 rodadas. Os nove clubes não estão apenas na parte de baixo da tabela. Eles merecem a campanha ruim que fazem.

Responda, com sinceridade: há algum injustiçado em Criciúma, Chapecoense, Palmeiras, Vitória, Figueirense, Botafogo, Bahia, Flamengo ou Coritiba? É justo argumentar que, por exemplo, o Flamengo, com milionários contratos de televisão e patrocínio esportivo, talvez seja mais incompetente. Mas o trabalho é ruim. E isso não faz a Chapecoense merecer futuro melhor. O time foi 5º lugar no estadual, atrás de Joinville e Metropolitano.

No futebol brasileiro, as grandes torcidas dão uma vantagem estratégica ao mesmo tempo em que produzem componentes políticos mais complexos. E essa estrutura política não deixa os profissionais, que geralmente são minoria, trabalharem. É inevitável politizar o debate quando sócios/torcedores votam em presidente e conselho. Os gestores trabalham em duas frentes.

O próprio sócio não sabe atuar como conselheiro. Seu papel é apontar o caminho, dizer a direção estratégica. Não tomar as decisões concretas ou querer participar da gestão. Conselheiro que quer apitar erra tanto quanto dirigente que se mete na área de outro gestor. A interferência e as decisões serão emotivas. É um erro fatal no futebol. Na Europa, como a maioria dos clubes tem dono, é mais simples. Responde-se ao proprietário. Pronto.

Observe como os clubes que vão mal no Brasileiro, além de jogadores com pouco talento, vivem em turbulência administrativa. Palmeiras, Figueirense, Botafogo, Bahia, Flamengo e Coritiba têm sido caldeirões. A bola na rede abafa, mas não acalma.

A profissionalização é o único caminho para existir maior estabilidade. Junto com a transparência, ela vai melhorar a percepção da torcida e dos patrocinadores.

Quem está nos clubes recebe ótimos salários porque o mercado movimenta muito dinheiro. Ninguém vai trabalhar só por amor. Só se for amor próprio. Ou então vira balaio de gato onde quatro pontos separam nove clubes após 38% do campeonato jogado.

0800  O Vitória não pagará nada pelo uso de Pituaçu para treinos, às terças e quintas, em agosto. Durante o Brasileiro, o rubro-negro usou o estádio como mando de campo contra o Atlético-PR, em abril, e contra o Palmeiras, em maio. Nas duas partidas, o clube tampouco teve custos com aluguel do campo.0300  No Baiano, o Vitória geralmente pagava 6% da renda bruta como taxa de aluguel para mandar jogos em Pituaçu.Grátis O Joia da Princesa também foi usado sem custos pelo Vitória. O estádio municipal de Feira de Santana foi usado contra o Atlético-MG, em maio, novamente pelo Brasileiro.Racha  A contratação de Gilson Kleina é mais um motivo de discórdia pública na diretoria do Bahia. O diretor administrativo e financeiro Reub Celestino, durante entrevista para a rádioSociedade, na segunda-feira, disse que não há dinheiro e fez até alusão a “quebrar o porquinho” e tirar moedas ao explicar como vai administrar as contas até o fim do ano. Sua escolha era efetivar Charles Fabian. Mas o técnico agrada ao vice-presidente Valton Pessoa e ao diretor de futebol Rodrigo Pastana.Realizado  Pastana tentou levar Kleina quando estava no Figueirense para substituir Guto Ferreira. Na época, o presidente do alvinegro, Wilfredo Brillinger, foi convencido a não aceitar. Contra a vontade de Pastana, Argel Fucks acabou contratado.Motivo  Argel Fucks tinha passado pelo Figueirense no Brasileiro 2012. Ficou nove jogos. Não ganhou nenhum.