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Acervo de 18 mil volumes do historiador Cid Teixeira está à venda

Obras colecionadas ao longo da vida do historiador, que morreu em dezembro de 2021, incluem raridades

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Santana
  • Fernanda Santana

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 14:46

Cid Teixeira, no apartamento onde morava Crédito: Haroldo Abrantes/Arquivo Correio

O acervo de 18 mil volumes construído pelo falecido historiador Cid Teixeira, um guardião da história da Bahia, está à venda. As obras ocupam um apartamento de quatro quartos no bairro da Pituba, onde o imortal da Academia de Letras da Bahia viveu até a morte, aos 96 anos, em dezembro de 2021.

Os títulos reunidos por Cid serão vendidos por R$ 100 mil. “Um preço simbólico, bem abaixo do valor de mercado”, disse um dos três netos do historiador, de quem herdou também o nome.

“A família do professor Cid optou por solicitar um pequeno valor, apenas para cobrir despesas de armazenamento e, também, para contribuir com a possibilidade de que o acervo seja comprado de forma unificada”, justificou Cid Neto.

Entre os destaques do acervo, acomodado em estantes metálicas e sobre móveis, estão livros sobre política, direito e costumes no Brasil durante o Brasil colonial; jornais, com anúncios de época, incluindo a venda de escravos; e coleções de diários de viajante, sobre arte, com volumes autografados por artistas como Carybé e Pierre Verger, e sobre a Segunda Guerra Mundial.

Até o momento, visitaram o acervo tanto pessoas físicas quanto instituições públicas, privadas e sebistas. A Universidade de São Paulo (USP) e a biblioteca do Senado demonstraram interesse. O desejo dos Teixeira, no entanto, é manter as obras na Bahia.

“[Mas] caso não demonstrem interesse em adquirir as obras, podemos considerar a possibilidade de vender para instituições ou empresas fora da Bahia”, disse.

Em março deste ano, o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB) se manifestou sobre o futuro do acervo de Cid Teixeira. O instituto fez um “Apelo Público” para que a Bahia “não perdesse um dos maiores acervos bibliográficos sobre a sua história”. “Corre o risco de deixar o estado, caso nenhuma pessoa ou instituição se mobilize”, escreveu o espaço na nota.

Na época, o presidente do IGHB, Joaci Góes, chamou o acervo de Cid de “um tesouro que a Bahia não pode perder”. “A entidade que preside está liderando essa campanha para sensibilizar a sociedade baiana e os poderes públicos para manter um ‘acervo tão precioso’”, disse.

Uma comissão nomeada pelo Instituto visitou o apartamento do professor. De lá, o grupo saiu com uma impressão que foi sintetizada pelo diretor da Biblioteca Ruy Barbosa, Jorge Ramos: “é inconcebível que as nossas instituições, empresas públicas ou privadas, deixem sair da Bahia uma das maiores e mais expressivas coleções sobre o nosso rico e importante passado”.

Em 2012, a Fundação Odebrecht até quis bancar a ideia de criar uma biblioteca, no Edifício Ranulfo Oliveira, para apresentar o acervo de Cid à sociedade.

O espaço se chamaria “Biblioteca de História da Bahia Professor Cid Teixeira”, como revelou Ernesto Marques, presidente da Associação Baiana de Imprensa.

“Como um autêntico mais velho, agradeceu com palavras carinhosas e deixou alguma razão para ficarmos na expectativa: precisava de um tempo para pensar na proposta, ouvir os herdeiros e depois nos falaria. Esperamos e depois de uma ou duas tentativas, decidimos apenas aguardar em sinal de reverência e respeito ao mestre”, narrou o jornalista, em artigo publicado no CORREIO no mês da morte de Cid.

No encontro com Ernesto, o historiador explicou o motivo de não topar a ideia da biblioteca. Tinha muito apego aos livros, não se via longe deles.