Aumento da procura faz com que peixes fiquem até 80% mais caro na Semana santa

Pico da procura é previsto para quarta-feira e quinta-feira da Semana Santa

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  • Larissa Almeida

Publicado em 20 de março de 2024 às 06:15

A poucos dias da Semana Santa, a aposentada Lucy Carvalho, de 67 anos, se deslocou do Cabula até Água de Meninos, no Comércio, para comprar os peixes para o almoço da Sexta-Feira da Paixão. Acompanhada da irmã de prenome Nilza, ela contou que estava fugindo dos altos preços. “Lá no Cabula a corvina está R$40, o vermelho R$50 e arraia R$27. Aqui, a corvina está de R$20, a arraia de R$12 e o vermelho bem mais barato. Eu vim antes justamente para pegar um preço mais acessível, bom e que caiba no meu bolso, porque normalmente eles metem a faca na Semana Santa”, afirma.

O pensamento de Lucy foi o mesmo do mestre de obras Fernando Pacheco, 53 anos, que aproveitou o feriado do Dia da Construção Civil para passar na Ladeira da Água Brusca e garantir o peixe para a próxima semana. “Estou atrás de peixe vermelho e cioba. Por enquanto, os preços estão normais. Eu vim para cá por isso e também por questão de mobilidade, porque quanto mais perto da Semana Santa, mais a rua fica movimentada, tem agonia e fila. Então, aproveitei o feriado e me adiantei”, disse, aliviado.

Fernando Pacheco  Crédito: Marina Silva/CORREIO

Por falta de planejamento, Fernando conta que já pagou por peixes com valores 50% mais caros do que o normal. Um peixe de R$20 já foi adquirido por ele por R$30 durante a Semana Santa. Apesar do disparate ser sentido no bolso, a tendência é que os baianos desprevenidos tenham o mesmo destino caso não adiantem as suas compras. Isso porque, os preços dos peixes vão aumentar e os peixeiros não têm escondido isso de ninguém.

“O movimento está começando agora, mas a corvina já foi vendida aqui por R$17. Por enquanto, ela está de R$22, mas a tendência, infelizmente, é aumentar. Ela deve ficar, em média, por R$25 ou R$27 o quilo. Já a arraia, de R$17, vai dar uma aumentada legal de R$20 a R$22”, pontua o peixeiro Cleberson Calvante, 23 anos, que trabalha no boxe do Mercado de Água de Meninos.

Um permissionário que preferiu não se identificar disse que o aumento dos preços e a alta procura já fez com que ele faturasse oito vezes mais em relação a dias comuns. “Na quarta-feira e na quinta-feira da Semana Santa, o movimento aqui intensifica. Já consegui uns 200% a mais do que ganho normalmente”, fala.

Já acostumada a comprar na região, a dona de casa Andréa Rios, 40 anos, foi atrás do dourado e vermelho, seus peixes preferidos, para a Sexta-Feira da Paixão, e relatou que já viu diferença no preço. “A corvina estava entre R$12 e R$16, agora já está R$20. É sempre assim quando vai chegando perto da Semana Santa, então eu já quis vir uma semana antes para me livrar da agonia”.

As pessoas ouvidas pela reportagem indicam que o motivo de as pessoas deixarem para fazer a compra dos peixes na Semana Santa se dá pelo receio de perder o frescor da mercadoria. O permissionário Eder Fernando, de 40 anos, garante que não há por que temer. “Para não perder o frescor, é só levar do jeito que compra aqui, embalar e guardar. Se lavar na água, perde a proteína do peixe e a carne fica fraca. Então, é só chegar em casa, cortar e colocar para congelar. O certo é lavar só na hora de usar”, aconselha.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro