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Raquel Brito
Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 15:39
Com ações integradas para promover o combate à violência contra a mulher e a igualdade de gênero, foi inaugurada em Salvador, nesta terça-feira (19), a Casa da Mulher Brasileira. O equipamento foi construído através de uma parceria entre os governos Municipal, Estadual e Federal, e a entrega teve as presenças da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves (PT), o prefeito Bruno Reis (UB) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT). >
Além deles, estavam presentes a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Ministério das Mulheres, Denise Dau, e a Secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Elisangela Araújo (PT), além de nomes como Maria do Amparo Xavier, primeira mestre de obras do estado, e Creuza Oliveira, presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD).>
A Casa funcionará 24 horas por dia, todos os dias da semana. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, descreve a estrutura como inovadora. “Nós vamos ter de forma unificada um atendimento especializado e humanizado, que vai ajudar no combate e no enfrentamento à violência contra a mulher. Antes, quando a mulher era vítima de agressão, ela tinha que percorrer diversos órgãos, em diversos bairros da cidade. Agora, todos os serviços estão concentrados aqui”, diz. >
Lá, poderão ser encontrados atendimentos especializados de instituições como a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), a Promotoria Pública especializada em apoio à mulher, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública. A previsão inicial é que cem mulheres sejam recebidas diariamente, de acordo com a Secretaria de Políticas para Mulheres.>
O equipamento conta com recursos como salas de atendimento em grupo e atendimento individual, psicólogas, assistentes sociais, alojamentos onde as mulheres podem ficar por até dois dias e brinquedotecas para as que vão acompanhadas de crianças. >
A estrutura contou com um investimento de R$10,5 milhões do governo Federal e outros R$3,3 milhões da Prefeitura de Salvador. O governo Federal também vai contribuir com R$5 milhões para a manutenção da casa ao longo de dois anos, enquanto o Estadual cobrirá custos de pessoal e manutenção, calculados em R$4,5 milhões anuais. As obras foram realizadas pela Superintendência de Obras Públicas do Salvador (Sucop) e o espaço será administrado pela Secretaria Municipal de Política para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ).>
Outras sete CMBs existem ao redor do Brasil desde 2014. A recém-inaugurada é a primeira a ser entregue no terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira unidade na Bahia. Entretanto, este cenário deve mudar em breve, de acordo com a ministra Cida Gonçalves.>
“É importante dizer que nós estamos inaugurando a de Salvador, mas já estamos com parceria para mais três Casas da Mulher brasileira para o estado”, disse a ministra. De acordo com o governador Jerônimo Rodrigues, os municípios que receberão o equipamento em breve são Feira de Santana, Irecê e região entre Itabuna e Ilhéus, ainda não definida.>
Segundo a ministra, é essencial que a casa já comece a funcionar na tarde de terça (19) ou na quarta-feira (20). “Nós precisamos garantir que efetivamente, a partir de agora, a Bahia e Salvador entrem junto com a gente no que nós estamos chamando de 'Brasil sem misoginia', 'Brasil sem ódio contra as mulheres'. Porque nós precisamos da casa, mas precisamos do povo baiano com a gente nas ruas, não aceitando a violência contra nós”, afirma.>
De acordo com a secretária Elisângela Araújo, a parceria dos três níveis de governo foi essencial para a agilidade da obra. “A gente tem que reconhecer que o Município investiu também na obra e fez um avanço significativo, e deu tempo [de terminar este ano]. Nós ficamos muito felizes em conseguir. O Governo do Estado veio junto também, para ajudar, dialogar e capacitar a equipe. Acima de tudo, o que a gente mais queria e o sonho realizado é essa Casa ser entregue às mulheres”, afirma.>
A secretária ressaltou a necessidade de Casas como essa em todo o estado, considerando os números de violência na Bahia. Segundo a Polícia Civil, somando casos de feminicídio, estupro, lesão corporal e importunação sexual, o estado registrou 14.875 ocorrências entre 1º de janeiro e 14 de dezembro deste ano.>
“Quem sabe no futuro, se a gente investir na educação e em programas de incentivo à independência dessas mulheres, uma casa dessas tenha outra finalidade, de acolhimento e capacitação. Esse é o nosso grande objetivo, mas, por enquanto, nós temos que enfrentar, combater e prevenir a violência que está aí”, adiciona Elisângela.>
A Casa da Mulher Brasileira se somará a três equipamentos municipais de apoio à mulher em situação de violência, geridos pela SPMJ. São eles o Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares (CRLV), nos Barris; o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), em Fazenda Grande II; e o Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), na Ribeira. >
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.>