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Portal Edicase
Publicado em 27 de maio de 2025 às 16:09
A corrida de rua tem ganhado cada vez mais adeptos e se consolidado como uma das atividades físicas mais populares da atualidade. Por ser uma prática simples, acessível e de baixo custo, atrai pessoas de diferentes perfis e idades. Segundo dados do aplicativo Strava, esse foi o esporte mais praticado no mundo em 2024. No Brasil, que ocupa o segundo lugar no ranking global de usuários da plataforma, estima-se que o número de corredores chegue a 19 milhões. >
Além das dicas básicas de começar em um ritmo mais ameno e aumentar progressivamente, para evitar lesões também é necessário se atentar à alimentação, segundo um estudo recente de revisão sistemática com análise de quase 6000 corredores, chamado “ Diet, risk of disordered eating and running-related injury in adult distance runners: A systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies ”, publicado no Journal of Science and Medicine in Sport . >
“O trabalho mostrou que uma nutrição adequada é crucial para melhorar o desempenho atlético , auxiliar na recuperação e na saúde geral, o que já tínhamos ciência, mas também mostra uma clara relação entre má nutrição e aumento do risco de lesões, especialmente para mulheres”, explica o Dr. Fernando Jorge, ortopedista, especialista em cirurgias do joelho e cirurgias do quadril e mestre em Biomecânica do aparelho locomotor. >
A alimentação inadequada pode impactar a saúde dos corredores de diversas maneiras. “O estudo descobriu que menores ingestões de energia, fibras e gordura estavam fortemente associadas a um maior risco de lesões em corredoras. Quando os corredores não consomem energia suficiente, as necessidades do corpo não são atendidas, o que, com o tempo, pode levar a problemas como desmineralização esquelética, perda de massa corporal magra, fadiga e fraturas por estresse”, completa o médico. >
De acordo com a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a preocupação alimentar deve ocorrer antes (para fornecer energia) e depois do exercício físico. “Após o treino, o organismo precisa de macronutrientes específicos para o reestabelecimento das reservas de energia, a reparação das fibras musculares lesionadas durante o exercício e a estabilização dos marcadores bioquímicos de estresse causado pelo treino”, explica. >
Segundo o Dr. Fernando Jorge, uma das principais constatações do estudo publicado no Journal of Science and Medicine in Sport foi que uma dieta pobre em fibras em corredores pode aumentar a probabilidade de lesões por estresse ósseo tanto em mulheres quanto em homens. >
“Isso é particularmente interessante e serve de alerta porque um efeito colateral pouco falado das dietas com baixo carboidrato, muitas vezes seguidas por moda e não com orientação de especialistas, reduz o aporte de fibras. E o estudo mostra que corredores lesionados, tanto homens quanto mulheres, consumiram três gramas a menos de fibras por dia em sua dieta, em comparação àqueles que não sofreram lesões”, comenta. >
Além disso, o Dr. Fernando Jorge ressalta que os alimentos fontes de fibras geralmente têm origem vegetal e ofertam também micronutrientes, como vitaminas e minerais, além de compostos antioxidantes e anti-inflamatórios. >
“As frutas são exemplos de carboidratos complexos, fontes de fibras e micronutrientes como vitaminas e minerais, além de antioxidantes, o que faz delas ótimas opções pós-treino . É importante levar em consideração que as frutas têm grandes variações nas suas composições, portanto é importante conhecer as características de cada uma, para fazer as melhores escolhas para o momento”, completa a Dra. Marcella Garcez. >
O estudo mostrou que corredoras lesionadas consumiram 450 calorias a menos e 20 gramas a menos de gordura por dia do que as corredoras não lesionadas. Curiosamente, a ingestão de proteínas, carboidratos, álcool e cálcio pelos corredores não influenciou o risco de lesões. >
“O estudo avaliou as corridas de longa distância, por isso a gordura teve grande relevância. Ela fornece maior quantidade de energia e de forma mais gradual, por isso dietas que diminuem muito o consumo de gorduras (principalmente insaturadas) podem ser prejudiciais”, comenta o Dr. Fernando Jorge. >
A ingestão adequada de gordura também é essencial para a absorção de outros nutrientes. “[…] O consumo de gordura, especialmente gorduras saudáveis, é crucial para a absorção da vitamina D no organismo, que é essencial para a saúde óssea. Isso ocorre porque essa vitamina é lipossolúvel, então a gordura ajuda a transportá-la”, comenta o médico. >
O ortopedista afirma que os médicos precisam ajudar as corredoras a atingirem ingestão suficiente de energia e gordura, ao mesmo tempo em que orientem todas as corredoras a otimizar seu consumo de fibras. “Uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível, que seja programada de acordo com as necessidades pessoais, é sempre o melhor caminho para garantir o aporte necessário e os melhores resultados”, finaliza a Dra. Marcella Garcez. >
Por Paula Amoroso >