Casais baianos relatam prejuízos de R$ 8 mil com ingressos falsos para show de Taylor Swift

Quatro ingressos de cadeiras inferiores seriam para o show desse domingo (26), no Allianz Parque, em São Paulo

  • Y
  • Yasmin Oliveira

Publicado em 27 de novembro de 2023 às 21:33

A cantora e compositora americana Taylor Swift realizou seis shows no Brasil
A cantora e compositora americana Taylor Swift realizou seis shows no Brasil Crédito: Shutterstock

A realização de um sonho foi destruída ao tentar acessar o Allianz Parque, em São Paulo. Dois casais baianos saíram de Salvador com destino a São Paulo para o show da cantora e compositora americana Taylor Swift, mas a compra de ingressos falsificados causou um prejuízo que ultrapassa R$ 8 mil.

Louise Almeida e Anna Clara Avelino não se conheciam antes do show, mas por uma coincidência elas e seus namorados se juntaram ao grupo de mais de 50 pessoas que foram prejudicadas por uma mulher identificada como Bárbara Prestes nos últimos dois shows de Taylor em Sampa. A soma de passagens, hospedagem, alimentação, ingressos e outras compras realizadas para a preparação do show soma, em média, R$ 4 mil para cada casal.

A internacionalista Louise Almeida comprou os ingressos com Bárbara pela rede social X (antigo Twitter), onde viu uma postagem da suspeita perguntando se alguém tinha vontade de comprar ingressos. Os originais comprados no site da Tickets for Fun (T4F) tinham visão parcial e ela não estava contente. Segundo Louise, Bárbara Prestes era conhecida por ser do fã-clube brasileiro de Taylor Swift há 11 anos e tinha diversas amizades da rede social que a conheciam pessoalmente.

“Lembro de um dia ela postar falando que um amigo dela era dono de um camarote no Allianz e ela tava procurando pessoas para comprar com ele. Eu cheguei a mandar mensagem, mas não tive retorno. Ela falou que tinha vendido os ingressos para os conhecidos dela, um tempo depois ela postou algo perguntando se ainda tinha gente querendo ingresso, eu respondi que sim”, conta Louise.

A golpista entrou em contato dizendo que tinha ingressos de cadeira inferior inteira para o dia 26 de novembro. Pelo WhatsApp, um contrato de compra e venda foi enviado por Bárbara e assinado por ambas. Louise recebeu os ingressos antes de realizar o pagamento e recebeu fotos dos ingressos de Bárbara para que comparasse. Ela realizou a compra de dois ingressos para ela e o namorado, Alberto Lucas Messias.

A promessa de Bárbara para renomear os ingressos não foi cumprida. Os ingressos de Louise estavam no nome de Felipe Vieira, que segundo Bárbara, era namorado de uma amiga dela que comprou para outra pessoa, mas não puderam ir.

A escritora Anna Clara Avelino, conhecida em suas redes sociais por Clary Avelino, foi abordada por uma amiga. Após vender seus ingressos originais para o show do dia 17 de novembro no Rio de Janeiro devido ao preço das passagens aéreas, a escritora foi chamada por uma amiga para que comprasse os ingressos de Bárbara. Por se conhecerem há anos, Anna Clara confiou na amiga por conhecer Bárbara pessoalmente há dez anos e ter comprado a sua entrada também com ela.

Os ingressos vendidos por Bárbara para Clary e seu namorado, Vinicius Ramos, foram também cadeira inferior no setor “KARMA IS MY BOYFRIEND – PACOTE VIP”. Segundo a escritora, Bárbara insistiu em ficar com o kit, mas venderia apenas os ingressos para ficar com o resto.

“Eu achei que era perfeito. Uma pessoa de confiança com os ingressos que eu precisava e as passagens para São Paulo estavam mais em conta do que o valor das passagens para o Rio. Peguei uma inteira e uma meia, nem desconfiei disso, para o dia 25 de novembro. Até pedi a renomeação no começo, mas depois deixei de lado porque o ingresso não era nominal”, relata Clary.

Após a venda dos ingressos, Louise notou que Bárbara relatou nas redes sociais estar passando dias no hospital. Uma semana depois, a renomeação não tinha sido feita e quando foi tentar cobrar, a resposta foi de que “assim que melhorasse, ela mandaria”. A internacionalista não desconfiou, pois, amigas pessoais de Bárbara compraram o camarote com ela e assim passou a continuar confiando na palavra da golpista.

“Ela falou no Twitter que passou por uma cirurgia. Até apareceu vendendo os supostos ingressos dela do show porque não poderia ir, o médico tinha barrado. Um mês antes do show, enviei mensagem para o WhatsApp dela para fazer uma friendship bracelet [pulseiras trocadas entre os fãs] e agradecer pela oportunidade de ir ao show. Ali ela me falou que o médico tinha liberado e havia comprado camarote para os três dias”, afirma Louise.

A golpista parou de responder as mensagens, segundo Louise Almeida, Bárbara havia notificado no X que teria tido o WhatsApp clonado. Uma semana antes do show, Louise conta que sonhou com o ingresso sendo recusado no estádio e solicitou que a golpista realizasse a renomeação, mas recebeu como resposta que a T4F havia desativado a opção há semanas e poderia fazer um contrato de distrato. Novamente, Louise acreditou em Bárbara.

Conversa entre Bárbara Prestes e amiga de Anna Clara
Conversa entre Bárbara Prestes e amiga de Anna Clara Crédito: Arquivo pessoal

No sábado (25), Clary recebeu uma mensagem de sua amiga avisando que a Bárbara teria realmente tido o WhatsApp clonado e ingressos estariam sendo oferecidos em seu nome. Enquanto Louise havia visto no X que as amigas de Bárbara estariam sem ingresso porque a golpista tinha cancelado os ingressos do camarote, mas ainda a defendiam e afirmavam que não tinha sido um golpe. Naquele mesmo dia, Louise havia sido convidada para um grupo onde outras quinze pessoas também compraram ingressos falsificados com Bárbara, onde duas pessoas haviam o mesmo ingresso que ela

No dia do show (26), Louise Almeida foi até o Allianz Parque para filmar o ingresso sendo passado, que foi dado como inválido assim tentou.

Ingressos de Louise e Alberto sendo negados no Alliaz Parque
Ingressos de Louise e Alberto sendo negados no Alliaz Parque Crédito: Arquivo pessoal

“A gente ficou devastado e Bárbara se propôs a ressarcir nossa viagem, mas eu falei que iríamos no estádio pra conferir se iria entrar ou não. Passamos três horas na fila, tomamos chuva até finalmente entramos no Allianz e quando pegamos a fila de dentro para passar o ingresso, o meu deu ‘localizador não encontrado’ e o de Vinicius apareceu que não poderia passar novamente”, relembra a escritora que está aumentando a divulgação dos livros nas redes sociais para arcar com o prejuízo.

Ao verificar com uma pessoa do estádio, o responsável perguntou para Anna Clara e Vinicius quem seria Bárbara porque já tinham sido barradas mais de trinta “Bárbaras” apenas naquele domingo (26). Humilhada, Clary avisou a amiga sobre os ingressos falsos, que ficou devastada ao perceber que a pessoa que conhecia há dez anos realizou um golpe.

“Fiquei completamente abalada com a situação porque foi um planejamento de quatro meses e um sonho que eu tenho por seis anos de ir ao show da Taylor”, disse Louise.

As vítimas do golpe estão se unindo para processar a responsável. Ambas as entrevistadas registraram boletim de ocorrência na cidade de São Paulo e Anna Clara registrou também em Salvador. Elas relatam que todos os contratos realizados pela golpista possuíam seus dados verdadeiros.

Em conversa com uma das integrantes do grupo de vítimas, disponibilizada por Louise, Bárbara e a namorada relatam estarem fechando contrato de um apartamento em Curitiba e assinariam o contrato após o show da cantora Taylor Swift.

Grazi, namorada de Babi (Bárbara), anuncia a compra de um apartamento juntas Crédito: Arquivo pessoal

“Ela divulgou nas redes sociais e fez uma tatuagem com a namorada de uma chave, em homenagem a compra do apartamento. Ficava o tempo todo falando no Twitter sobre arquiteta e comprar móveis para a casa. Era uma das desculpas dela para umas meninas no qual ela ainda não tinha enviado o ingresso do camarote ou tava devendo algum documento combinado”, afirma Louise Almeida.

A reportagem tentou entrar em contato com Bárbara Prates, mas nenhum dos números estava disponível. Segundo Louise, não se sabe ainda onde a golpista mora porque todos os contratos foram feitos com endereços diferentes, além dos telefones para contato que são do Paraná e de Minas Gerais.

A Polícia Civil de São Paulo informou que foi localizado registro contra a suspeita e o caso foi registrado como estelionato por meio da Delegacia Eletrônica e encaminhado para a delegacia responsável. A Polícia Civil de Salvador foi procurada, mas até o momento não retornou.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo