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Larissa Almeida
Publicado em 23 de dezembro de 2023 às 07:30
DJ, dançarina e modelo preta, a soteropolitana Lunna Montty deve acrescentar em breve ao currículo o fato de que foi a pessoa responsável por cobrir a cantora norte-americana Beyoncé com a bandeira da Bahia, na última quinta-feira (21), durante o evento de estreia do filme da diva pop, no Centro de Convenções Salvador. Foi ela também a única brasileira apresentada no palco pela artista. >
“Foi um momento inexplicável porque, pela primeira vez, Beyoncé apresenta alguém do Brasil e essa pessoa sou eu. Então, isso é remeter à minha comunidade LGBTQIAP+, principalmente as meninas trans e travestis e pessoas pretas em geral, que estão em um lugar de ocupação. Serve para mostrar o quanto nossa Bahia e nosso Nordeste têm potência, e a maior potência de rua, que é a nossa. Ela veio para cá justamente para afirmar o quanto nossa história em Salvador é de potência”, destaca.>
Convidada como diretora artística para o Club Renaissance, festa promovida pela própria artista para divulgar o álbum e o filme "Renaissance”, Lunna já estava escalada para tocar na festa, mas não sabia que a cantora também iria estar no evento. Ela conta que, por isso, a ideia de colocar a bandeira em Beyoncé foi totalmente de improviso e que a informação de que sua ídola a apresentaria foi uma surpresa.>
“A galera da organização geral não imaginava que a Beyoncé estaria aqui. Ouvimos especulações de que havia seguranças, de que ela estava pousando e que ela havia saído do local onde ela mora. Eu vim saber na hora que ela iria me anunciar. Foi a própria Beyoncé que falou para me anunciar”, relata.>
Momentos antes de subir ao palco, Lunna e Beyoncé se encontraram. A artista norte-americana chamou a soteropolitana de ‘linda’. “Eu estava quietinha no canto esperando o momento, porque fiquei com receio dos seguranças. Ela subiu, veio falar comigo e me elogiou. Elogiou meu look, disse que eu estava muito linda e estilosa. Daí a Yvette [assessora e publicitária de Beyoncé], falou sobre o momento que eu ia tocar, então Beyoncé me desejou sorte. Eu só falei que a amava e ela disse que me amava de volta”, narra, emocionada.>
A admiração por Beyoncé começou há 13 anos, quando Lunna ainda não havia sequer dado seus primeiros passos no mundo artístico. O início da sua carreira ocorreu em 2018, quando ela começou a fazer suas primeiras mixagens e a se arriscar no mundo da dança em pequenas casas de show de Salvador. >
Agora, aos 23 anos, a DJ travesti já acumula marcos na carreira, que nunca foi tão somente restrita à música. Isso porque Lunna também já foi destaque, em três edições, nas passarelas do Afro Fashion Day, evento criado e realizado pelo Jornal CORREIO.>
“O Afro Fashion Day tem várias misturas, principalmente de empoderamento preto e de incorporação preta. Tem a importância de mostrar que os artistas daqui fazem roupas maravilhosas. Inclusive, quem me vestiu para o Afro Fashion Day foi a mesma pessoa que me vestiu para o evento da Beyoncé. É um projeto muito legal e forte na minha vida em muitos sentidos”, afirma.>
Lunna também já desfilou nas passarelas do São Paulo Fashion Week. Além da função desempenhada como DJ, dançarina e modelo, a artista também coleciona trabalhos como coreógrafa. Ela já chegou a performar no palco do The Town com Gloria Groove e participou de um dance vídeo ao lado da cantora Iza. >
Ainda, a artista baiana é integrante do Afrobapho, coletivo de artes integradas formado por jovens negros LGBTQIA+ e atua nas causas por garantia de direitos das pessoas pretas e periféricas. >
Diante de todas as conquistas, ela afirma que a sensação que fica é de que está no caminho certo. “Para mim é uma sensação de ‘Lunna, você está conseguindo. Lunna, o caminho é esse. Continue que está indo certinho. Eu tenho uma conexão muito forte com meus ancestrais, eu acho que isso também me leva muito para esse lugar de fortalecimento”, ressalta.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>