Fãs baianos descrevem expectativa antes do show de Madonna no Brasil

Cerca de 1,5 milhão de pessoas são esperadas para o evento do próximo sábado (4)

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 3 de maio de 2024 às 05:20

Madonna se apresenta no próximo sábado (4)
Madonna se apresenta no próximo sábado (4) Crédito: Reprodução

Cerca de 1,5 milhão de pessoas estarão na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para acompanhar o encerramento da turnê “The Celebration Tour”, que marca os 40 anos de carreira de Madonna. O show movimentou fãs da cantora de diversas partes do Brasil e da Bahia, que aguardam ansiosamente por um encontro com a artista.

“Acredito que será um momento muito especial que eu esperei por muito tempo. As expectativas são as melhores, inclusive de conseguir vê-la de pertinho. Estou muito ansioso e ainda sem acreditar que esse momento chegou, vou para um show da Madonna, gratuito na Praia de Copacabana. É inimaginável, é literalmente um sonho”, afirma o jornalista Heider Sacramento, 24.

Para ir até o Rio de Janeiro, Heider gastou cerca de R$470 com passagens áereas. Ele ficará hospedado na casa de amigos, próximo ao bairro de Copacabana. Em sua primeira viagem para a capital fluminense, ele planeja ir até o hotel onde Madonna está hospedada e quem sabe, ver a rainha do pop de perto.

“A preparação para o show começou depois de comprar as passagens, fui em busca de um ‘look’ que fizesse jus ao momento da realização desse sonho e para celebrar a fase que ela está, de coroação de quatro décadas de carreira. Comprei uma camisa em homenagem a uma das turnês de maior sucesso que ela já fez, que é a Blond Ambition Tour de 1990. Fã de verdade tem que estar no tema”, descreve.

O roteirista Claudio Simões, 55, acompanha Madonna desde o início da carreira. Ele conheceu a cantora através da música “Everybody”, que foi trilha sonora da novela “Final Feliz”, exibida em 1983 e se apaixonou à primeira vista.

“Eu fiquei totalmente encantado com ela após o lançamento de ‘Like a Prayer’. A gente estava no meio da epidemia de AIDS e havia muita desinformação, muito medo dentro da comunidade LGBT na época. Eu achei incrível que uma cantora que estava no topo colocou informações sobre como se contraía e como não se contraía HIV no encarte do disco. Ela priorizou essa conscientização e eu fiquei ainda mais apaixonado”, diz.

O show de sábado marca a terceira vez que ele vai para um show da cantora. Ele conta que estava em dúvida se iria para o Rio, mas a oportunidade de ver o encerramento da turnê em terras brasileiras falou mais alto.

“Esse pode ser o último show dela na carreira ou até mesmo no Brasil, então não podia perder. Eu fiquei encantado quando vi os primeiros vídeos dessa turnê. É o maior show da carreira dela, o palco é imenso e será uma grande celebração. Eu estou muito animado para estar lá. Essa quantidade de pessoas na praia ao mesmo tempo será uma energia incrível", continua.

Para ir ao Rio, Claudio pegou um voo de Salvador, com conexão em Fortaleza. Ele gastou cerca de R$700 reais com as passagens e chegou em terras cariocas na última quinta-feira (2). Ele se hospedou na casa de um amigo, localizada no bairro de Copacabana. Devido ao calor na cidade, ele não pretende chegar cedo e tentar um lugar próximo ao palco, mas espera conseguir algum contato com Madonna antes do sábado.

“Como ela é muito perfeccionista, provavelmente haverá uma passagem de som antes e eu queria acompanhar. O esquema no sábado será o mesmo do Carnaval: com pouco dinheiro na ‘doleira’, cartão de crédito e a identidade. As imagens ficarão melhores na televisão, então não vou levar o celular. Quero ir para viver e aproveitar o momento com todo mundo”, explica.

Quem também vai para a praia de Copacabana é o produtor cultural João Gabriel Mota, 23. Hospedado na casa de amigos, ele pagou R$1100 nas passagens aéreas. Antes do seu primeiro show de Madonna, ele descreve como está vivendo o momento.

“Eu costumo brincar que é um misto de descrença, ansiedade e euforia com esse show. É como o cometa Halley, passa uma vez na vida. Eu cheguei hoje no Rio e a cidade está toda envelopada para o show. É como se fosse uma Copa [do Mundo] fora de época”, conta.

João conta que para escapar do calor, vai priorizar roupas leves, que sejam confortáveis e facilitem a respiração. Ele não pretende ir até o hotel onde está a cantora e pretende chegar mais cedo para evitar problemas com o transporte. Fã de Madonna desde os oito anos de idade, ele conheceu a artista através de DVDs e revistas.

“Mesmo sem entender muito, eu fui capturado de imediato. Eu fazia curso de inglês em um shopping e sempre comprava DVDs em um camelódromo que ficava na região. Eu lembro de ver o show pela primeira vez e ficar em êxtase, achando muito incrível. Madonna é algo popular, que não tem como passar batido”, relembra.

O evento do próximo sábado reúne fãs de diversas gerações. Além daqueles que já viram a rainha do pop presencialmente, muitos terão a oportunidade de um primeiro contato com Madonna ao vivo. Ansiosos para o show, Heider, Claudio e João descrevem o tamanho da cantora e o quanto ela representa para eles.

“A longevidade da carreira e tudo o que ela representa me deixa fascinado. Vai ser meu primeiro encontro com arte dela pessoalmente, então acredito que vai ser um momento lindo, desde que conheci o trabalho dela virei fã. Ela vem de uma outra geração, mas com um discurso importante e atemporal que conversa muito com os dilemas da minha geração também, a geração Z, então a identificação é imediata”, finaliza Heider.

“Madonna é uma espécie de farol de uma moralidade que não é necessariamente moral. Uma pessoa que está disposta a se arriscar e em alguns momentos flertar com a estrutura, ao mesmo tempo em que desafia o status quo. Ela faz a gente olhar como as coisas estão hoje, imaginar como era muito mais difícil há 20, 30 anos atrás e pensar como ainda assim tinha alguém como ela fazendo esse movimento de ruptura”, encerra João.

“‘Like a Prayer’ é um hino da minha geração. Eu lembro que fui em uma balada em São Paulo, logo após o show dela, onde o DJ tocou essa música accapella [apenas a voz, sem instrumentos]. Foi lindo, a boate inteira cantando parecia que estávamos em um culto orando com ela. Essa manhã foi uma das mais memoráveis dos anos 90. Até hoje eu guardo o ingresso desse dia”, completa Claudio.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela