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Larissa Almeida
Publicado em 5 de junho de 2024 às 05:30
Um dos principais nomes da área jurídica no momento, Fayda Belo é advogada criminalista, especialista em Crimes de Gênero, Direito Antidiscriminatório e Feminicídios e acumula mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais ao simplificar o Direito em vídeos curtos na internet. Ela, que fez sucesso durante a pandemia, se consolidou como uma das vozes do seu ramo profissional pela luta constante por acesso, direito das mulheres e combate ao racismo. Tais interesses lhe conferiram o título de ‘Annalise Keating brasileira’, uma vez que a trajetória da advogada natural do Espírito Santo se confunde com a vivência da personagem ficcional da série de TV How to Get Away with Murder (Como Defender um Assassino): ambas usaram a injustiça sofrida na vida como motor para atuar contra a desigualdade. >
“Eu cresci vendo o racismo, o abuso e crimes contra as mulheres. Eu olhava aquilo tudo e dizia: 'eu vou ser advogada um dia e eu vou resolver isso tudo', desde quando tinha 8 anos. Eu falo muito que sempre foi um sonho meu. Eu não quero ser isso ou aquilo, eu já estou neste lugar, que é um lugar de ajudar aqueles que são, em regra, indivíduos”, destaca Fayda, em entrevista ao CORREIO. >
Para a advogada criminalista, mesmo sendo a grande massa que ocupa o Brasil, as pessoas que sofrem com crimes de gênero e racismo são ainda invisíveis. Na sua juventude, quando ela mesma foi vítima de tais violências, o apoio que recebeu da sua mãe, a falecida Maria Efigênia Belo, foi fundamental para colocar em prática a revolução que ela afirma ser a missão da sua vida. Outra inspiração, mais recente, veio de Viola Davis, atriz que dá vida à Annalise Keating da ficção. >
“A história dela se parece muito com a minha história. Olhar ela hoje é olhar a Fayda e dizer: ‘tudo veio para a gente dar errado, mas a gente virou não só a página, mas virou referência para que outras cheguem’. Alguém andou para que a gente hoje pudesse dizer que nós estamos aqui, igualmente para abrir outras portas”, diz Fayda. >
Em novembro do ano passado, Fayda teve a oportunidade de conhecer Viola Davis durante a visita da estrela norte-americana a Salvador para o Festival Liberatum. Na oportunidade, a advogada presenteou Viola com seu livro. “Eu tive a honra de vê-la, de conversar com ela e ainda de dar o meu livro para ela. E foi a mesma coisa quando as meninas pretas me enviam direct e e-mail. Foi olhar a Viola e dizer: ‘eu posso’, da mesma forma que as meninas olham e dizem para mim: ‘você me traz esperança de que a gente pode e vai ocupar qualquer espaço’. Isso me põe em um lugar de muita emoção, porque mostra que tudo que eu faço não é sobre a Fayda, mas sobre todas nós”, conclui.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>