Fiéis celebram cura e conquistas em dia de homenagens à São Roque

Protetor das doenças e pragas atraiu multidão para o bairro de São Lázaro nesta quarta (16)

  • E
  • Emilly Oliveira

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 21:34

Festa de São Roque
Festa de São Roque Crédito: Ana Lucia Albuquerque

Protetor das doenças e pragas, São Roque também é conhecido por sua longa peregrinação. No dia dedicado a homenagear os seus feitos, Rozenil Santos, de 70 anos, repetiu o gesto carregando o andor do santo nas costas, para agradecer pela cura das dores nos joelhos. Quem antes não conseguia sequer dobrar os membros, vê a fé como explicação para ter conseguido caminhar com o objeto sagrado de cerca de 60 kg.

“Estou sempre na igreja pedindo, mas hoje caminho agradecendo. Foi ele que me deu forças para vencer essa batalha e ter saúde. Estou batalhando para descobrir a causa dessa dor há um ano, mas desde que eu comecei a pedir em oração, tenho sentido melhora em dobrar meu joelho e descer as escadas. Eu só conseguia descer pulando”, celebrou Rozenil.

Rozenil é devota de São Roque desde criança
Rozenil é devota de São Roque desde criança Crédito: Ana Lucia Albuquerque/ CORREIO

Um número de devotos a perder de vista seguiu ao redor do andor nos ombros de Rozenil, na procissão que partiu do Santuário São Lázaro e São Roque, em São Lázaro, até o Cemitério Campo Santo e depois retornou para a Igreja, onde aconteceu a benção do Santíssimo Sacramento, encerrando as homenagens ao protetor contra doenças e pragas.

O aposentado Lúcio Queiroz, 68, cumpre o percurso há pelo menos 30 anos. Para ele, São Roque representa a bonança na vida. “É ele que mantém de pé todos os dias, dá saúde e fé para alcançar os meus objetivos. Eu só tenho a agradecer”, afirmou. A gratidão também estava estampada no rosto da esposa de Lúcio, a técnica de enfermagem Rosemeire Neves, 57.

Pela primeira vez na Festa de São Roque, ela descreve a data como um momento de conexão. “Como enfermeira, eu me senti conectada com São Roque por causa do cuidado que ele prega. Ao sair daqui, a única certeza que eu tenho é de que voltarei nas próximas celebrações”, garantiu Rosemeire.

São Roque se tornou santo depois de perder os pais e tomar a decisão de estudar medicina para cuidar de outras pessoas e doar tudo que herdou para os pobres. Depois de formado, ele seguiu em peregrinação por uma Europa profundamente afetada pela epidemia de peste bubônica, para salvar vidas.

Conexão de fé

As pipocas no percurso apontavam que no dia 16 de agosto também se homenageia Omulu, o orixá contra as doenças, assim como São Roque. Os praticantes do candomblé e da fé católica compartilhavam tanto o mesmo espaço, como a mesma crença. Depois do banho de pipoca na porta da Igreja de São Lázaro, a diarista Paula Cruz, 56, assistiu à missa de Celebração Eucarística que precedeu a procissão e seguiu caminhando em devoção à São Roque.

“Minha mãe me mostrou São Roque e a vida me apresentou Omolu. Dedico minhas conquistas aos dois e faço questão de agradecê-los da mesma maneira que eles trabalham para me ajudar a realizar os meus objetivos. A cura que eles me proporcionam é na alma e na mente, mantendo-a equilibrada”, destacou Paula.

As lendas contam que Omulu se tornou símbolo da cura de doenças por ter nascido com o corpo coberto de chagas e abandonado por isso. Iemanjá o encontrou, cuidou dos seus ferimentos com folhas de bananeira e revelou o grande guerreiro que ele estava predestinado a ser. Ele manteve o corpo coberto de palhas-da-costa. Para alguns, com o objetivo de esconder as marcas da doença e, para outros, porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o sol.

Celebração e despedida

As homenagens a São Roque começaram às 5h da manhã com uma alvorada. Na sequência, houve cinco missas entre 5h30 e 12h30. Às 14h houve a recitação do Terço e o ápice dos festejos foi a Missa Solene, celebrada pelo arcebispo de Salvador, Dom Sergio da Rocha, a partir das 15h. Além da procissão e da bênção do Santíssimo Sacramento.

Todas as celebrações foram acompanhadas pelo cônego da Igreja de São Lázaro e São Roque, Padre Cristóvão Przychocki. A festa deste foi a sua última à frente da administração da Igreja. O padre seguirá para o Santuário do Bom Jesus, em Bom Jesus da Lapa, e será sucedido pelo Padre Casimiro Malolepszy.

Padre Cristóvão descreve os 11 anos que passou na função como “O coração fica apertado porque a gente cria laços, mas estou indo para o novo desafio com fé e confiança”, afirmou. Já Padre Casimiro, se sente preparado para dar continuidade ao bom trabalho realizado na Igreja. “Me sinto feliz de ter um bom testemunho para dar. Fui ordenado como padre nessa igreja e a minha primeira missa também foi celebrada aqui”, contou o novo cônego.

A missa de posse será no próximo sábado (18), às 18h, e a missa de ação de graças no domingo (19), às 19h. Ambas na Igreja de São Lázaro e São Roque.

Posse do novo cônego

Missa de posse

Quando: sábado (18), às 18h

Onde: Igreja de São Lázaro e São Roque

Missa de Ação de Graças

Quando: domingo (19), às 19h

Onde: Igreja de São Lázaro e São Roque

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela