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Mestre Gilmar Paim era um dos grandes mestres de bateria da Bahia

Baiano foi diretor de bateria do Apaxes do Tororó, Alerta Geral, Coruja, Lord’s, Vai Levando e outros

  • A
  • Alan Pinheiro

Publicado em 22 de outubro de 2023 às 20:52

Mestre Gilmar Paim da Silva morreu na última sexta-feira (20), aos 77 anos
Mestre Gilmar Paim da Silva morreu na última sexta-feira (20), aos 77 anos Crédito: Reprodução

A música baiana perdeu um dos mais importantes percussionistas da história do Ara Ketu e da Bahia: Mestre Gilmar Paim da Silva morreu na última sexta-feira (20), aos 77 anos. A partir dos experimentos realizados por Mestre Gilmar na bateria dos Lord’s, que impulsionou as transformações e as alterações rítmicas que marcaram a musicalidade feita a partir dos anos 80 na Bahia. Gilmar lutava contra um câncer.

Considerado, na época, um dos grandes mestres de bateria dos blocos afros, Gilmar passou por agremiações carnavalescas como: Commanches, Ara Ketu, Afreketê, Ilê Aiyê, Ritmista do Samba, Apaches do Tororó, Filhos do Fogo, Os Lordes, Diplomata de Amaralina, Juventude do Garcia e o projeto mais recente que fazia parte, chamado Samba Perfil. No qual, mantinha a tradição e a preocupação de preservar a batida do samba autêntico da Bahia. Em vários desses blocos, foi diretor de bateria. 

Também ganhou o apelido de Apito de Ouro, sendo eleito o melhor diretor de bateria da Bahia. Era chamado assim pelo jeito único de fazer melodias poderosas com o apito na boca.

Em sua trajetória na música, teve grandes parceiros, como os mestres Valdir Lascada, Periperi, Edvaldo, mestre Prego, Neguinho do Samba e Jaime Baraúna. Para Tonho Matéria, que conviveu com Gilmar no Ara Ketu, "ele foi muito importante para tudo que houve de rítmica na percussão das escolas de samba, dos blocos afro e blocos de índio de Salvador".

Gilmar entrou no Ara Ketu na década de 80, onde foi mestre de bateria e um dos inventores da batida do grupo. Com ele na frente da bateria, o Ara Ketu foi campeão do Carnaval durante três anos consecutivos. Para Vera Lacerda, fundadora do grupo musical e amiga pessoal de Mestre Gilmar, o músico teve uma importância tremenda na história do Ara Ketu.

Tonho Matéria, ex-vocalista do Araketu, contou sobre uma conversa recente que teve com Mestre Gilmar. "Ele me disse que ajudou a modificar claves do samba de forma criativa e que se sentia injustiçado pelo não reconhecimento de quem faz hoje, o carnaval de Salvador, que não lembravam de quem ajudou a criar essas essências. Como ele tinha o costume de preservar suas raízes, sempre falava “não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”.

"Eu tive a honra de ser seu amigo e de aprender muito com ele sobre o carnaval negro por meio das agremiações percussivas de Salvador. Ele sabia de tudo e de mais um pouco", completou.

A filha mais velha de Mestre Gilmar, Sônia Paim, relembra que sempre participava dos blocos com o pai. “Quando chegava no palanque, ele parava a bateria e era eu quem iniciava a entrada para os outros integrantes. Ele saía com 120 pessoas na bateria, sendo 119 homens e eu de mulher”, contou.

“Aquele homem é um gênio! Teve um carnaval que quando o nosso trio cruzou com os Lord’s, ele fez uma saudação com um conjunto de variações que até hoje, emociona; até então, o que eu vi surgir depois, em termos de bateria de bloco, tem alguma referência daquela bateria”, declarou Aroldo Macedo, compositor e multi instrumentista, filho de Osmar Macedo, sobre Mestre Gilmar.

O Sepultamento de Gilmar Paim da Silva aconteceu no sábado (21), às 11h, no Cemitério das Quintas dos Lázaros. Ele deixa 23 filhos, sendo 14 biológicos e 9 de criação, mas considerava todos como sendo seus filhos e não gostava de distinção. Mestre Gilmar escutou samba e música baiana até o último momento que viveu.