Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gil Santos
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 15:12
A polícia está à procura de Jonatas dos Reis Oliveira, 30 anos, suspeito de usar a plataforma de transporte por aplicativo Uber para sequestrar, ameaçar e roubar mulheres em Salvador. O golpe foi aplicado em quatro corridas, fez cinco vítimas e o prejuízo é estimado em cerca de R$ 50 mil. Jonatas já tinha sido detido no começo do ano por suspeita de participação em outro roubo, no bairro da Vila Laura. >
O crime que ocorreu em maio não foi praticado através do aplicativo, a vítima estava passeando com o cachorro quando foi surpreendida. Um carro encostou ao lado dela e um homem armado desceu do veículo. O bandido anunciou o assalto e pegou os pertences da mulher, mas uma viatura passou logo após e perseguiu os criminosos. >
A delegada Maritta Souza, que investiga o caso das cinco vítimas, explicou que no registro policial consta que Jonatas ficou dentro do veículo durante o roubo e, por isso, não foi identificado pela mulher assaltada na Vila Laura e foi liberado. “São informações que ficam registradas no nosso sistema, mas que uma empresa que fizesse a checagem de antecedentes criminais, por exemplo, não teria acesso”, explicou. >
Agora, ele está sendo procurado por usar aplicativo da Uber para assaltar mulheres em Salvador. A polícia têm quatro registros, sendo que em um dos casos havia duas passageiras, por isso, o número total é de cinco vítimas. Os sequestros aconteceram nas regiões da Avenida Tancredo Neves, Costa Azul e Pituba. >
Crime >
As vítimas contaram que foram surpreendidas logo no início da corrida. A delegada explicou que o bandido cancelava a viagem assim que elas entravam no carro e já anunciava o assalto. Ele mostrava uma arma, dizia se tratar de um sequestro e ameaçava levar as vítimas para um cativeiro, em Feira de Santana, se elas não fizessem tudo o que ele mandasse. Havia também ameaça de estupro e de morte.>
Apavoradas, as mulheres eram obrigadas a transferir quantias em dinheiro para as contas informadas pelo criminoso. Uma delas perdeu R$ 10 mil, além dos pertences. Cada crime durou cerca de 30 a 40 minutos, no final ele ficava com os aparelhos celulares e outros objetos de valor das vítimas, e as dispensava no meio da via. Três delas foram deixadas na BR-324, em Salvador, e outras duas na Avenida Luís Vianna Filho (Paralela). >
As transferências bancárias foram feitas para contas do próprio motorista e também de outras pessoas. “Chegamos a contatar uma das donas das contas que receberam a quantia. Ela informou que não sabia do que se tratava. Deve ser um caso de 'conta fantasma', onde bandidos usam dados de terceiros para o cadastro bancário”, disse a delegada.>
O carro que o bandido estava usando está em nome de uma mulher que mora em Feira de Santana. Ela ainda não foi localizada, mas a polícia já sabe que o criminoso tem familiares na cidade. A delegada acredita que podem existir mais vítimas. Ela solicitou da Uber informações detalhadas, como há quanto tempo ele estava atuando na plataforma, mas ainda não teve reposta da empresa. >
“As investigações estão bem avançadas, até porque já temos toda a qualificação dele. Ele tem algumas passagens em delegacias, inclusive por roubo. Já fizemos contato com a Justiça para conseguir o mandado de prisão. Iremos prendê-lo em breve. Ou, caso ele prefira, que ele se entregue na delegacia”, afirmou Maritta Souza.>
Todas as vítimas disseram para a polícia que registraram o crime na plataforma da Uber. A delegada informou que ainda não recebeu um posicionamento da empresa e que não descarta responsabilizar o aplicativo pelo crime. >
Para o CORREIO a Uber informou que a conta do motorista foi temporariamente desativada assim que teve conhecimento do episódio, que todos os parceiros cadastrados no aplicativo passam por uma checagem de antecedentes criminais a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma e que também realiza checagens periódicas dos motoristas já aprovados, pelo menos, uma vez a cada 12 meses.>
A empresa lamentou o que chamou de “violência que permeia nossa sociedade”, lembrou que o aplicativo tem um botão do pânico para situações de perigo e disse estar à disposição para auxiliar no curso das investigações.>
Confira a nota da Uber na íntegra:>
A Uber lamenta que cidadãos que desejam apenas se deslocar sejam vítimas da violência que permeia nossa sociedade. Esperamos que as autoridades possam identificar e responsabilizar o autor dos atos criminosos. A empresa permanece à disposição para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei. A conta do motorista parceiro utilizada foi temporariamente desativada assim que a empresa tomou conhecimento do episódio.>
Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros.>
Durante a viagem, o aplicativo conta com o botão Recursos de Segurança, que reúne funções de segurança da plataforma. O recurso, permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Ao pressionar este botão, além de efetuar a ligação, o usuário será informado de sua localização atual e informações do veículo em viagem. >
No Rio de Janeiro, Maranhão e no Pará, esse recurso já foi integrado com o serviço 190 para que os operadores do serviço de emergência recebam automaticamente a localização em tempo real e os dados da viagem em que foi originada a chamada. O projeto reproduz uma integração que a Uber já faz com os serviços de atendimento a emergências em mais de 1.200 cidades dos Estados Unidos, além de diversos estados no México, África do Sul e Canadá.>
Além disso, todos os parceiros cadastrados na Uber passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o país, em tempo real, em busca de apontamentos de crimes que possam ter sido cometidos. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas parceiros já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.>