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Gil Santos
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 05:00
Ser empreendedor no Brasil é um desafio e os números mostram isso. Na Bahia, 18,5% das pessoas que tentatam ser microeempreendedoras individuais encerram as atividades em até 3 anos. O dado é da pesquisa de Estatísticas dos Cadastros de Microempreendedores Individuais (MEIs), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e divulgada nesta quarta-feira (21). >
Segundo a pesquisa, dos 113.393 trabalhadores filiados em 2019, no estado, 92.403 estavam ativos em 2022, representando uma taxa de sobrevivência de 81,5% nos três anos.>
A analista do Sebrae Valquíria Pádua explica que a falta de planejamento aliada a uma gestão financeira deficiente e a saturação do mercado estão entre as principais causas do fechamento dos empreendimentos. >
"Quando você tem uma empresa MEI, é necessário ter alguns cuidados para que ela não venha a fracassar. O empreendedor tem que estar sempre atento as novidades do mercado, procurando inovar, porque a competição está grande e o mercado está bem competitivo. Uma gestão eficiente, principalmente da parte financeira, é um fator decisivo para o sucesso de empreendimento".>
De maneira geral, entre 2021 e 2022, período de análise da pesquisa, houve crescimento de 11,1% no número de MEIs no estado. Valquíria conta que, em julho de 2024, o Sebrae registou a presença de 825.103 em território baiano, um aumento de 6,5% em relação aos números de 2022.>
"Esse aumento se deve a facilidade de abrir uma empresa e gerar um CNPJ através da internet de forma rápida, sem precisar de contador ou do deslocamento a um órgão. Além disso, o custo de manutenção de uma empresa MEI é baixa, simplificada e com valores fixos. O empreendedor passa a ter um CNPJ, que é uma vantagem competitiva em relação a quem está na informalidade, além de benefícios previdenciários, tarifas mais vantajosas em bancos e a possibilidade de participar de licitações", relatou.>
A pesquisa do IBGE aponta que na Bahia, os MEIs são mais numerosos entre cabeleireiros e outras atividades de beleza (61.741 mil), no comércio de roupas (57.824) e em restaurantes e serviços de alimentação ou bebidas (45.153). A microeempreendedora Juliana Nunes, proprietária da Com Tempero - comida saudável, conta que a ideia de ser MEI surgiu da necessidade. >
"Estava desempregada e minha prima me convidou para abrir um negócio de comida saudável, já era o estilo de vida dela, mas ela não cozinhava. Eu cozinhava e ela vendia. Nossa família tem contadores e todo mundo sempre andou certinho. No primeiro mês que abrimos o negócio, há 7 anos, já fizemos o cadastro. A vantagem é que a gente tem a segurança do CNPJ pagando menos impostos", disse Juliana. >
Depois de um tempo, a prima saiu para abrir outro negócio e outros familiares também passaram a trabalhar como MEI. Os setores com maior taxa de sobrevivência são a construção (85%), indústria em geral (83,0%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (81,7%) e serviços (80,7%). Enquanto, MEIs na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentam a menor taxa de sobrevivência, no estado (70,6%). >
A supervisora do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, explica que a pesquisa não investigou os motivos de quase 18,5% dos negócios desenvolvidos por MEIs não sobreviver aos primeiros 3 anos, mas fez uma observação. Ela frisou que, na Bahia, 27,5% das empresas fecham as portas definitivamente em menos de um ano e 63,4% em menos de 5 anos. O percentual maior que o nacional, com 24,2% e 60,4%, respectivamente. >
"A taxa de sobrevivência, ou seja, os 81% de MEIs que se mantem atuantes é muito expressiva, quando a gente compara, por exemplo, com as taxas de sobrevivência das empresas, que é muito menor. As pessoas encerram a atividade porque ela não está sendo vantajosa, não está funcionando como gostaria ou porque os MEIs encontraram outra ocupação", afirmou Viveiros. >
A pesquisa do IBGE aponta que mesmo com o aumento numérico, os MEIs perderam participação no total de pessoas trabalhando em empresas formais na Bahia (incluindo os próprios MEIs), de 22,7% em 2021, para 18,0% em 2022. No Brasil como um todo, a participação recuou, de 19,1% em 2021 para 18,8% em 2022. As maiores participações, neste último ano, estavam no Rio de Janeiro (23,9%), no Espírito Santo (23,4%) e em Minas Gerais (20,3%). >
Confira os dez estados com maior número de MEIs:>
SP - 3,9 milhões >
RJ - 1,6 milhão >
MG - 1,5 milhão >
PR - 924 mil >
RS - 883 mil >
BA - 774 mil>
SC - 653 mil >
GO - 516 mil >
PE - 449 mil >
CE - 437 mil >