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Millena Marques
Yasmin Oliveira
Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 05:00
O índice de Capital Humano é responsável por avaliar o nível educacional da mão de obra, indicadores de inserção no mercado de trabalho e impactos da produtividade na economia. Assim define o Centro de Liderança Pública (CLP), que indicou que a Bahia é o estado com o pior índice de Capital Humano do país. >
Para avaliar o pilar de Capital Humano, um dos 10 do levantamento do CLP, foram considerados indicadores dos trabalhadores e a relação com a produtividade, além dos custos com mão de obra. Os salários foram avaliados tendo em vista a relação que possuem com o nível de qualificação, produtividade e bem-estar social de cada unidade federativa do Brasil. >
Os indicadores de Formalidade do Mercado de Trabalho, Inserção Econômica e Inserção Econômica dos Jovens, que antes integravam o pilar de Sustentabilidade Social, passaram a integrar o pilar do Capital Humano. Também foram adicionados os indicadores de Subocupação por Insuficiência de Horas Trabalhadas e Desocupação de Longo Prazo. >
Para o consultor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze, a posição da Bahia no ranking, infelizmente, não é surpreendente. “Por causa dos índices negativos de empregabilidade da Bahia, alguns fatores contribuem para essa posição, como a renda baixa e um número alto de pessoas trabalhando na informalidade. Há, também, uma dependência muito forte sobre os programas de transferência de renda, sobretudo do Bolsa Família”, diz. >
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia sempre esteve entre os cinco com piores índices de empregabilidade do país de 2012 a 2022 – os dados de 2023 ainda não foram divulgados. Nos últimos 10 anos, o estado baiano liderou a lista negativa em quatro situações: 2015, 2016, 2020 e 2022. >
A supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, explica que esse índice de desocupação é resultado de uma combinação de fatores: desde uma dinâmica econômica que não gera postos de trabalho a configuração de setores empregadores suficiente para a alta demanda. >
"Os setores econômicos não são grandes empregadores e número de vagas que não atende à demanda. Para atender o número de pessoas aptas a trabalhar no estado, os setores que empregam deveriam gerar mais vagas", afirma. >
A dependência de programas como o Bolsa Família acaba sendo mais forte nas regiões do Oeste e do interior do estado, o que limita a produtividade das empresas e a formação das pessoas, de acordo com Dietze: “Algumas pessoas acabam querendo permanecer com o benefício e não buscam uma saída. Isso faz com que a região não avance. Mas não é um problema só da Bahia, a situação também é delicada no Maranhão, por exemplo", afirma. >
No entanto, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Motta, acredita que a Bahia continua tendo piores índices por falta de políticas públicas para trazer condição de melhor qualidade de educação para que o seu povo tenha condições de competitividade. >
“O que fica claro nesse relatório é que os estados do Sul do país e do Oeste, como o Mato Grosso, possuem uma política de valorização do ser humano muito mais agressiva e positiva de que o Nordeste. O pilar da educação ainda está muito distante de atender as necessidades do povo baiano. Para nós, empresários do comércio, é fundamental termos trabalhadores qualificados com condição de prestar um bom serviço à sociedade”, relatou Paulo Motta.>
Para Ricardo Kawabe, gerente do Observatório de Indústria da FIEB, a Bahia poderia se posicionar melhor no ranking caso seja feito um trabalho de longo prazo em busca de melhorias focadas nos indicadores de cada pilar. >
“No quesito capital humano, fizemos simulações em indicadores como o de ‘Inserção Econômica de Jovens’, que mensura os jovens que nem estudam e nem trabalham. Com uma melhoria de 20% nesse indicador, por meio de políticas de atração/retenção de jovens nas escolas públicas e políticas de estímulo ao primeiro emprego, a Bahia avançaria uma posição no ranking, atuando em apenas um indicador de um total de 99”, explicou o gerente.>
*Com orientação da subeditora de reportagem Monique Lôbo>