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Gilberto Barbosa
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 05:30
Valorizar a identidade e a autoestima de meninos e meninas negras. Essa é a proposta da segunda edição do projeto “Cadê Minha Boneca Preta?”, que busca arrecadar bonecas negras para crianças em situação de vulnerabilidade social.As doações podem ser feitas até o dia 6 de novembro em postos de Salvador e no interior do estado. Os brinquedos serão entregues em um evento no próximo dia 7. >
Em 2023, foram distribuídas 375 bonecas para crianças de quatro a doze anos, que residem nos municípios de Vera Cruz e Itaparica, na Região Metropolitana de Salvador. >
A iniciativa é idealizada pela Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, localizada em Itaparica. A diretora da unidade Soraia Alves, 56, conta que a ideia surgiu após ter dificuldade de comprar uma boneca preta para a filha de uma amiga.“Eu nunca tive bonecas pretas, mas sempre presenteei a minha filhas e filhos dos amigos. Quero levar identidade, representatividade, autoestima para que essas crianças se vejam como protagonistas de suas histórias e valorizem suas características físicas e culturais. Não queremos apenas entregar os brinquedos”, disse.>
Para cumprir essa meta, Soraia prepara atividades culturais, valorizando o bem-estar das crianças. Entre as ações, estão a roda de conversa, contação de histórias, distribuição de livros e brincadeiras. No ano passado, as bonecas foram entregues durante um desfile, que contou com a participação dos pequenos.>
“As crianças vestiram as roupas, desfilaram com as bonecas e, no final, descobriram que a boneca era delas. Antes, eu perguntei quem queria participar e elas ficaram encantadas com a ideia de desfilar. Foi um momento muito emocionante. Até mesmo senhoras me pediram uma boneca preta porque nunca tiveram. A criança presente nos adultos foi tocada pelo desfile”, continua.>
Para esse ano, Soraia espera conseguir ainda mais bonecas pretas. Ela disse que já recebeu pedidos de adultos e idosos, que estão ansiosos para receber o seu brinquedo. >
“O brinquedo mexe com a gente, mas eu só percebi isso no ano passado. O sorriso de cada criança me motiva a caminhar, porque precisamos garantir que eles escolham o boneco que querem brincar. Eu só pretendo parar quando chegar em uma loja e ver 20 bonecas brancas e 20 bonecas pretas”, diz.>
Uma das doadoras foi a escritora Liris Letieres, que já fez novas doações para esse ano. “Essa é uma possibilidade real de fortalecimento da identidade de crianças negras, através de um brinquedo, que representa afeto e cuidado. Além de trazer à luz a questão da oferta de brinquedos mais diversos para as crianças”, afirmou.>
O projeto é coordenado pela Fundação Pedro Calmon (FPC), ligada à Secretaria Estadual de Cultura (Secult). São 15 postos de coleta em Salvador e no interior do estado. Na última quinta-feira (24), a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) passou a receber os brinquedos na sede do órgão, localizada na Pituba, ao lado do Teatro Jorge Amado. As bibliotecas Central, Anísio Teixeira, Monteiro Lobato também abrigam postos de doação.>
Com orientação da subeditora Fernanda Varela>
Confira os pontos de arrecadação da ação ‘Cadê Minha Boneca Preta?’: >
Biblioteca Central do Estado da Bahia - Barris>
Biblioteca Anísio Teixeira - Avenida Sete>
Biblioteca Infantil Monteiro Lobato - Nazaré>
Biblioteca Pública Thales de Azevedo - Costa Azul>
Biblioteca Juracy Magalhães Júnior - Rio Vermelho>
Biblioteca Juracy Magalhães Júnior - Itaparica>
Arquivo Público da Bahia - Baixa de Quintas>
Centro de Memória da Bahia - Barris>
Casa Afrânio Peixoto – Lençóis>
Biblioteca de Extensão (Biblioteca Móvel) - Barris>
Shopping Center Lapa>
Rádio Excelsior - Garcia>
Governadoria – CAB>
Museu do Mar Aleixo Belov - Santo Antônio>
Unidades do Sesc da capital e do interior>