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‘Recebi meu filho no caixão no Dia das Mães’: audiência debate morte de guia de turismo em Caraíva

Um abaixo-assinado que pede Justiça pela morte já recebeu mais de 33 mil assinaturas

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 30 de maio de 2025 às 10:32

MP vai investigar por conta própria a morte de guia turístico em Caraíva
MP vai investigar por conta própria a morte de guia turístico em Caraíva Crédito: Redes Sociais

Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, tinha costume de surpreender Luzia Cerqueira, 57, no Dia das Mães. No último dia 11 de maio, no entanto, ele não pôde dar continuidade à tradição. Vitinho, como era conhecido do guia de turismo, foi morto na noite anterior à data em uma ação policial em Caraíva, no Extremo-Sul da Bahia. O caso entrou em debate em uma audiência da Defensoria Pública (DPE), na manhã desta sexta-feira (30).

Presente na audiência, Luzia afirmou que Vitinho foi espancado e morto por policiais ao ser confundido com um dos alvos da ação. “Meu filho foi abordado com um grupo de homens que estava trabalhando. Os policiais questionaram todos e prenderam ele por ter o mesmo apelido de quem eles procuravam, apesar de ser diferente da pessoa, que tem pele clara. Recebi meu filho no caixão no Dia das Mães. Com marcas de espancamento no rosto e sinais de tortura”, lembra ela.

De acordo com fontes policiais consultadas pela reportagem, havia dois alvos da operação em Caraíva. Nenhum deles era Vitinho. O alvo prioritário era Ramon Oliveira Cruz, 33 anos, traficante conhecido como Alongado e líder da facção Anjos da Morte (ADM). O segundo alvo era João Vitor Barbosa Porto, traficante que cumpria a função de segurança de Alongado e que também atendia pelo apelido de Vitinho.

João Vitor Barbosa Porto, o comparsa de Alongado que era alvo da operação
João Vitor Barbosa Porto, o comparsa de Alongado que era alvo da operação Crédito: Divulgação

“O rapaz que era alvo de mandado tinha a pele branca e meu filho é uma pessoa negra. Como é possível terem confundido os dois? Três dias Vitinho foi prestar queixa por Injúria Racial. Que bandido faz isso? Que criminoso tem essa atitude e ficha limpa como a dele? Quero que o Estado admita a inocência do meu filho e que o que houve foi uma ação errada, e não de sucesso como disseram”, completa Luzia.

Não é só Luzia que protesta contra a morte de Vitinho e defende a inocência dele. Um abaixo-assinado que pede Justiça pela morte já recebeu mais de 33 mil assinaturas desde a operação. Por conta da repercussão e da comoção social, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP) instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do guia de turismo e o corpo dele foi exumado.

Não há informações sobre a prisão do traficante João Vitor Barbosa Porto, o verdadeiro alvo da operação. Ele, inclusive, estaria envolvido na morte de um homem e na agressão de uma mulher em Caraíva em fevereiro do ano passado. A audiência pública que debate a morte do guia de turismo também discute a letalidade policial na Bahia como um todo.