Vai faltar arroz na Bahia?

Grão consumido na Bahia vem do Rio Grande do Sul, que enfrenta graves enchentes

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  • Larissa Almeida

Publicado em 11 de maio de 2024 às 05:00

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Supermercados limitam vendas de arroz em Salvador Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Um dos integrantes da dupla preferida dos baianos tem sido motivo de incerteza nos últimos dias. Trata-se do arroz que, junto com o feijão, forma o casamento mais comum na hora do almoço. Por conta das graves enchentes que afetam o Rio Grande do Sul – estado responsável por 70% do arroz consumido no Brasil –, surgiu preocupação sobre a possibilidade de essa união estar ameaçada pela escassez do grão. No entanto, a hipótese é descartada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri).

De acordo com Assis Pinheiro Filho, engenheiro agrônomo da entidade, não existe risco de faltar arroz no estado porque o Governo Federal já autorizou a importação de até 1 milhão em toneladas do grão, caso seja necessário. Ele ressaltou que o arroz consumido pelos baianos é do Rio Grande do Sul e admitiu que o abastecimento pode ser afetado, mas ainda não há falta do produto nos estoques.

"A preocupação do pessoal não é tão grande porque o arroz de lá já estava quase todo colhido. Se perder, é um pouco do que tinha nos silo e inundou, além de uma pequena parte final da colheira. Então, com certeza não afeta a produção. O problema agora é o escoamento, porque as estradas e as pontes estão isoladas", apontou.

Segundo ele, um fardo de 5kg de arroz custa R$30 e não deve ter alteração no preço. "Podem achar que está caro, mas se fizer a conta essa quantidade dá para uma família de quatro pessoas durante um mês, o que equivale a R$0,25 por pessoa ao dia. Eu duvido que suba o preço, porque se houver importação não tem motivo para aumentar o valor", disse.

Assis Pinheiro Filho, ao ser informado dos avisos que foram colocados nos supermercados de Salvador, concordou com a medida para evitar a estocagem em massa do produto, o que poderia gerar falta por excesso de demanda. "É como na época da pandemia de Covid-19, quando o pessoal comprou muito papel higiênico com medo de faltar. O aviso é para evitar o pânico", frisou.

Procurada para falar sobre a situação do arroz na Bahia, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) disse que o Governo Federal autorizou a importação, em caráter excepcional e através de Medida Provisória, de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para recompor os estoques públicos para o enfrentamento das consequências sociais e econômicas decorrentes dos eventos climáticos extremos ocorridos no Rio Grande do Sul.

De acordo com o documento, a compra de arroz por meio de leilões públicos, a preço de mercado, é válida para 2024. Os estoques serão destinados, preferencialmente, à venda para pequenos varejistas das regiões metropolitanas. Haverá o cuidado, ainda, para que as quantidades trazidas não sejam excessivas para não competir com a produção local..

"Além de não deixar faltar arroz no país, com esta medida, vamos garantir que o preço não suba em função da especulação de alguém que queira se aproveitar da situação que vive o Rio Grande do Sul", afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto.

Em ato conjunto, os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (MAPA) e da Fazenda (MF) vão definir, mediante proposta da Conab, a quantidade de arroz a ser adquirida, os limites e as condições da venda do produto, incluída a possibilidade de deságio.

A reportagem procurou a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia para dar prognósticos e informações sobre a situação do arroz que é consumido na Bahia, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela