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Cientista agride e ameaça colegas de morte em missão isolada na Antártica

Colegas confinados pediram resgate de emergência, mas isso deve levar pelo menos 15 dias

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 18 de março de 2025 às 09:31

A base fica em Vesleskarvet, Queen Maud Land
A base fica em Vesleskarvet, Queen Maud Land Crédito: Wikimedia Commons

Um incidente violento em uma base de pesquisa remota na Antártica colocou em risco a segurança de uma equipe de cientistas sul-africanos. De acordo com um oficial do governo, o conflito começou após uma discussão sobre mudanças no cronograma de trabalho, mas rapidamente escalou para agressões físicas e ameaças de morte. O caso ocorreu na estação Sanae IV, localizada no extremo norte da Antártica, a cerca de 4.000 quilômetros da África do Sul. 

A equipe, composta por nove pesquisadores, está isolada desde o início da missão, que deve durar até dezembro, informou o Daily Mail. O isolamento extremo e as condições climáticas rigorosas, com temperaturas que chegam a -23°C, tornam quase impossível qualquer entrada ou saída da base. Por isso, todos os membros da equipe passam por rigorosas avaliações psicológicas, médicas e de histórico antes de serem aprovados para a expedição.

O incidente

Na semana passada, um dos pesquisadores enviou um e-mail alarmante, relatando que um colega havia agredido fisicamente outro membro da equipe e feito ameaças de morte. O autor do e-mail, cuja identidade não foi revelada, expressou profunda preocupação com a segurança pessoal e descreveu um ambiente de medo e intimidação.

"Infelizmente, seu comportamento escalou para um nível profundamente perturbador. Ele agrediu fisicamente (outro colega), o que é uma grave violação da segurança pessoal e das normas do local de trabalho. Além disso, ele ameaçou matar (outro colega), criando um ambiente de medo e intimidação," escreveu o pesquisador.

O e-mail, compartilhado com o jornal sul-africano Sunday Times, também mencionou que o acusado teria assediado sexualmente outro membro da equipe. A situação levou os pesquisadores a pedirem um resgate de emergência, mas uma operação desse tipo levaria pelo menos duas semanas para chegar à base, dependendo das condições climáticas.

Tensões no Isolamento

Um oficial do governo sul-africano confirmou que o comportamento agressivo do pesquisador foi desencadeado por uma disputa sobre uma tarefa que exigia mudanças no cronograma de trabalho. "Houve uma discussão verbal entre o líder da equipe e essa pessoa. Depois, a situação escalou e resultou em agressão física," explicou o oficial.

O ministro do Meio Ambiente da África do Sul, Dion George, afirmou que falaria pessoalmente com a equipe para avaliar a situação. "Você pode imaginar como é. Eles estão em um espaço confinado, e as pessoas podem desenvolver uma espécie de 'febre da cabine'. Pode ser muito desorientador," disse ele.

O Departamento de Florestas, Pesca e Meio Ambiente (DFFE) da África do Sul emitiu um comunicado afirmando que o acusado "mostrou remorso" e está disposto a se submeter a avaliações psicológicas adicionais. "Ele escreveu um pedido de desculpas formal à vítima e está disposto a se desculpar verbalmente com todos os membros da base," diz o comunicado.

Além disso, o departamento implementou um processo de intervenção psicológica de longo prazo para restaurar as relações e garantir um ambiente de trabalho saudável. Um processo de relações trabalhistas também foi iniciado para lidar com a agressão física, enquanto as acusações de assédio sexual estão sendo investigadas.

Cenário desafiante

Especialistas destacam que o isolamento extremo e as condições adversas da Antártica podem amplificar conflitos interpessoais. Craig Jackson, professor de psicologia da saúde no trabalho, explicou à BBC que "pequenas questões podem se transformar em conflitos sérios" em ambientes isolados.

Alan Chambers, um explorador que completou uma expedição de 700 milhas na região, descreveu o Polo Sul como um lugar "muito solitário". "Tudo fica amplificado. Não há cores, nem ruídos, nem nada que consideramos normal. O comportamento de todos, incluindo o seu próprio, é amplificado, e as pequenas coisas se tornam grandes problemas," disse ele.

Outros casos

Este não é o primeiro caso de violência ou assédio em bases de pesquisa na Antártica. Em 2023, uma investigação nos Estados Unidos revelou que mais da metade das mulheres na base McMurdo, a maior estação de pesquisa do continente, sofreram assédio ou agressão sexual. Liz Monahon, uma mecânica que trabalhou na base, chegou a carregar um martelo no sutiã para se proteger, tamanho era o medo que sentia.