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Carol Neves
Publicado em 16 de junho de 2025 às 09:05
O vídeo do médico norte-americano Joe Whittington, que se apresenta como intensivista, viralizou nas redes sociais ao propor um teste seria capaz de indicar risco de aneurisma da aorta ascendente apenas com um gesto simples da mão. A proposta se espalhou rapidamente entre usuários do TikTok, mas gerou reações preocupadas entre especialistas da área cardiovascular.>
O teste, demonstrado na gravação, consiste em esticar o braço em posição de "pare" e tentar cruzar o polegar sobre a palma da mão, em direção ao dedo mínimo. Segundo o vídeo, se o polegar ultrapassar a lateral da mão, isso indicaria uma possível predisposição ao aneurisma da aorta ascendente, com uma dilatação na principal artéria do corpo que pode levar à ruptura fatal, especialmente se ocorrer próxima ao coração.>
Apesar da viralização, especialistas ouvidos em reportagem do Uol reforçam que o método não tem validade clínica. Os médicos explicam que a elasticidade dos tecidos varia naturalmente entre indivíduos e pode ser influenciada por fatores como hipermobilidade, flexibilidade ou anatomia da mão. Isso torna o teste inconsistente e incapaz de indicar, com precisão, qualquer condição médica séria. "A maleabilidade da mão interfere diretamente no resultado. É muito temeroso fazer qualquer menção a um teste desse atribuindo a ele um valor científico de muita magnitude. Isso pode gerar insegurança e até pânico desnecessário", disse ao Uol o cardiologista Edmo Atique Gabriel.>
Exames>
Para identificar um aneurisma da aorta de forma confiável, são necessários exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ecocardiograma. A avaliação clínica também inclui ausculta cardíaca, verificação da pressão arterial em ambos os braços e investigação de dores torácicas irradiadas. Nenhum teste físico simples substitui esse protocolo.>
O aneurisma da aorta ascendente é uma dilatação anormal dessa artéria, que carrega o sangue do coração para o resto do corpo. Quando acomete a parte próxima ao coração, o risco de rompimento é elevado. A condição, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, afeta principalmente homens com mais de 50 anos e pode estar associada a doenças crônicas (como hipertensão e diabetes), síndromes genéticas (como Marfan e Ehlers-Danlos) e traumas repetitivos (frequentes em atletas e vítimas de acidentes).>
O tratamento, quando necessário, é cirúrgico e envolve a substituição da parte comprometida da artéria por uma prótese. Nos casos menos graves, recomenda-se controle rigoroso de fatores de risco, como alimentação equilibrada, prática moderada de exercícios, controle da pressão arterial e acompanhamento médico frequente.>