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Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra do Reino Unido, morre aos 87 anos

Apelidada de “dama de ferro” em razão de seu estilo autoritário, Thatcher sofria de mal de Alzheimer e não falava em público desde 2002

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  • Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2013 às 09:31

 - Atualizado há 2 anos

Estadão ConteúdoAtualizada às 9h44

A ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, morreu nesta segunda-feira aos 87 anos após sofrer um derrame, informou seu porta-voz, o lorde Tim Bell. Segundo o porta-voz, Thatcher, que foi apelidada de “dama de ferro” pelos soviéticos, em razão de seu estilo autoritário, morreu em paz.

Margaret Thatcher nasceu em 1925, em Grantham, uma pequena cidade no leste da Inglaterra, filha de pais metodistas que administravam uma pequena mercearia. Batizada Margaret Roberts, herdou o sobrenome com que ficou famosa na política mundial ao casar-se com o empresário Denis Thatcher, aos 26 anos, em 1951.

As raízes conservadoras da carreira política daquela que se tornou a primeira mulher a governar uma democracia entre as grandes economias do Ocidente, reeleita para três mandatos sucessivos como primeira-ministra do Reino Unido, podem ser encontradas nos seus anos de universitária, em Oxford.

Foi durante a faculdade de Química que Margaret começou a colocar as ideias conservadoras trazidas de casa - seu pai, Alfred Roberts, era um conselheiro político local em Grantham - em prática, ao ser eleita para presidir a Associação dos Estudantes Conservadores de Oxford.

E assim a jovem Margaret teve seus primeiros contatos com muitos políticos conhecidos e fez com que seu partido soubesse de sua existência, justamente no momento em que os conservadores enfrentavam sua maior derrota para os trabalhistas, nas eleições de 1945.

Naquele ano, com a Segunda Guerra Mundial recém terminada, ninguém poderia imaginar que Thatcher se tornaria uma das maiores líderes políticas do século XX, a única mulher a governar uma potência global por mais de 11 anos, de 1979 a 1990 - um recorde.

O fato é que foram necessários apenas cinco anos para que ela se tornasse nacionalmente conhecida na Inglaterra, ao disputar a vaga dos trabalhistas em Dartford pelo Partido Conservador, em 1950. Margaret foi a mais jovem candidata mulher daquelas eleições gerais no país, com apenas 25 anos. Ela perdeu a vaga naquele ano e no ano seguinte, mas a campanha eleitoral a fisgou.

Nessa mesma época, Margaret conheceu o empresário que se tornaria seu marido, Denis Thatcher, que administrava a empresa da família até se tornar um executivo da indústria de petróleo. Eles se casaram em 1951. Dois anos depois, tiveram um casal de gêmeos, Mark e Carol. Margaret Thatcher só foi eleita pela primeira vez para o Parlamento em 1959 como representante de Finchley, um condado ao norte de Londres que ela continuou representando até se tornar membro da Câmara dos Lordes, em 1992, como baronesa Thatcher.

Ela só ocupou seu primeiro posto de maior evidência no governo, entretanto, quando os conservadores retornaram ao poder, em 1970, com o premiê Edward Heath, em cujo governo Thatcher serviu como ministra de Educação. O cargo lhe rendeu anos difíceis e os primeiros de uma sucessão de desafios que lhe renderia o famoso título de “dama de ferro”.

No início dos anos 70, o movimento estudantil estava no auge na Inglaterra. Como ministra, Thatcher era frequentemente interrompida por protestos e atacada pela imprensa num governo que desapontou os britânicos em várias frentes. Heath se elegeu prometendo ressuscitar a economia, introduzir políticas pró-mercado e controlar os sindicatos, mas acabou conhecido por uma série de retrocessos e entrou pra história como um dos governos mais intervencionistas da Inglaterra. Foi derrotado nas eleições gerais de fevereiro de 1974 e deixou uma herança de inflação elevada e conflitos na indústria.

Em outubro daquele ano, a segunda derrota dos conservadores nas eleições gerais deu a Thatcher a oportunidade de disputar a liderança do partido contra Heath. Ela venceu e tornou-se a primeira mulher a liderar um partido político no Ocidente e a ocupar a liderança da oposição na Câmara dos Comuns.

Primeiro mandatoOs anos que se seguiram foram difíceis para a economia britânica: o governo do Partido Trabalhista entre 1974 e 1979 foi pródigo em crises, incluindo a falência virtual do país em 1976, quando um colapso da moeda forçou o governo a pedir empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em troca, o Fundo aplicou a conhecida receita de estrito controle de gastos do governo, o que acabou por fortalecer a opinião pública em relação aos trabalhistas. Em meados de 1978, o Partido Trabalhista parecia em condições até mesmo de conquistar a reeleição, mas as sucessivas greves comandadas pelos sindicatos mostraram que o governo tinha pouca influência sobre seus aliados no movimento trabalhista.

A virada na opinião pública deu aos conservadores, liderados por Thatcher, a maioria de 43 assentos no Parlamento nas eleições gerais de 4 de maio de 1979. A vitória do Partido Conservador nas urnas marcou a ascensão de Thatcher, que se tornou primeira-ministra do Reino Unido.

Começava, naquele momento, uma década de reformas que modificou radicalmente todos os aspectos da política e da economia britânicas, resgatando o papel da Inglaterra na cena global.

Esse período, que vai de maio de 1979 até novembro de 1990, foi marcado pelos sucessivos atentados do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês), braço armado do movimento separatista da Irlanda do Norte, pela Guerra das Malvinas e pela aproximação do governo britânico às políticas conservadoras do então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.

Alinhados à direita, Thatcher e Reagan protagonizaram a ascensão do conservadorismo com profundos impactos sobre a política e a economia dos dois países. Em 1979, quando Thatcher assumiu, a economia britânica fraquejava. A primeira-ministra adotou o Monetarismo de Milton Friedman, da escola de Chicago, como política econômica ao mesmo tempo em que removia subsídios e regulações do Estado na economia.

Como consequência, o país enfrentou uma quebradeira de empresas ineficientes, uma disparada no desemprego e a escalada da inflação. Nesse ambiente, Thatcher elevou impostos e reduziu a oferta de moeda para conter a inflação, deixando para trás as políticas de estímulo monetário do pós-guerra e colecionando críticas de 364 economistas renomados reunidas num manifesto.

Com o colapso de sua popularidade - apenas 23% em dezembro de 1980 -, a primeira-ministra britânica recebeu uma ajuda da invasão argentina, em 1982, às Ilhas Falkland, conhecidas como Malvinas na Argentina. Ao decidir defender a soberania britânica sobre as ilhas, Thatcher viu sua popularidade se beneficiar do fervor patriótico gerado pela disputa e pela vitória das forças britânicas. Nas eleições gerais de 1983, o Partido Conservador liderado por Thatcher venceu por grande maioria e confirmou o segundo mandato da primeira-ministra. Ex-premiê britânica Margaret Thatcher em uma de suas últimas aparições (Foto: AFP)Segundo mandatoFoi no segundo mandato que a conservadora levou adiante uma série de iniciativas que ficou conhecida como Thatcherismo: a privatização da maioria das indústrias administradas pelo governo, incluindo os serviços de abastecimento de água, eletricidade e ferrovias, todos vendidos para a iniciativa privada, além da redução de gastos com serviços sociais.

Ela também enfrentou os sindicatos, aprovando leis concebidas para coibir as greves que assolavam o país. Suas iniciativas geraram um dos eventos mais críticos de seu governo: a greve dos mineradores, em 1984, que protestavam contra o fechamento de minas que não eram lucrativas.

Thatcher mobilizou os britânicos de forma a pressionar os mineiros e forçá-los a voltar ao trabalho sem qualquer concessão. A forte oposição da primeira-ministra britânica ao comunismo da União Soviética - que ela apresentava como um demônio que deveria ser combatido - lhe rendeu o título de “Dama de ferro”, atribuído pela imprensa soviética e logo adotado pelo Ocidente.

Essa posição, alinhada com Reagan, foi alvo de críticas mundo afora por sustentar a Guerra Fria até a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder.

A quedaSeus últimos anos no governo do Reino Unido foram novamente marcados por baixíssima popularidade e sucessivas pesquisas que mostravam os trabalhistas à frente dos conservadores numa potencial eleição.

Foi das próprias fileiras de seu partido, entretanto, que Thatcher recebeu o golpe final: insatisfeito com a posição radicalmente contrária da primeira-ministra à entrada da Inglaterra na zona do euro, seu vice e último membro remanescente de seu gabinete de 1979, Geoffrey Howe, renunciou em 1º de novembro de 1990. Duas semanas depois, seu discurso repleto de críticas à Thatcher no Parlamento alimentou a reação dos conservadores.

A liderança de Thatcher no partido enfrentou a oposição de Michael Heseltine nas urnas, confirmada no primeiro turno, mas sem votos suficientes para evitar um segundo turno. Antes da disputa, no entanto, ela foi convencida a renunciar. Deixou o número 10 da Downing Street - residência do primeiro-ministro britânico - em lágrimas, queixando-se de traição dentro do Partido Conservador. Foi sucedida pelo seu ministro de Finanças, John Major, que governou até as eleições gerais de 1992 - a mesma eleição em que Thatcher se aposentou da política, aos 66 anos.

A seguir, Margareth Thatcher escreveu dois volumes de memórias: “Os anos em Downing Street” (1993) e “O caminho para o poder” (1995). Após sofrer diversos pequenos derrames em 2002, ela anunciou que, por recomendação médica, iria se retirar da vida pública.

A deterioração de sua saúde ao longo dos anos seguintes culminou com um colapso durante um jantar na Câmara dos Lordes, em março de 2008. Após o episódio, sua filha Carol afirmou que a demência de sua mãe ficou explícita quando Thatcher confundiu a guerra das Malvinas com a guerra da Iugoslávia. Desde então, a ex-primeira-ministra deixou de comparecer a compromissos públicos alegando problemas de saúde, como a festa de seus 85 anos em Downing Street, a convite do premiê David Cameron, e o casamento do príncipe William com Kate Middleton, em abril de 2011.

No início de 2012, Thatcher não compareceu a um jantar oferecido pela rainha Elizabeth II aos ex-primeiros-ministros do Reino Unido. Em dezembro, pouco antes do Natal, a Dama de Ferro passou por uma cirurgia para remover um crescimento na bexiga, detectado após a ex-primeira-dama sentir desconforto.

A operação, segundo seu conselheiro de longa data, Tim Bell, foi "completamente satisfatória". Em julho de 2011, 32 anos após tornar-se uma das líderes políticas mais influentes e controversas do mundo moderno, Margareth Thatcher foi aclamada por uma pesquisa Ipsos MORI como a primeira-ministra britânica mais competente dos últimos 30 anos