'14 famílias que dependem de mim', lamenta dono de concessionária atingida por muro

Loja de carros passou por vistoria da Polícia Civil, mas serve interditada

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 26 de março de 2019 às 20:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

A situação da concessionária que foi atingida pelo desabamento de um muro depois das chuvas da última segunda-feira (25) continua incerta. O prejuízo do empresário Cristiano Tinoco Sento Sé, 45 anos, ainda não foi calculado. O dono da concessionária Top Car Multimarcas conta que estava aguardando algumas medidas técnicas para poder começar a fazer as contas. 

Nesta terça-feira (26), segundo Cristiano, a Polícia Civil foi até a concessionária para realizar uma vistoria. Apesar de ainda não ter certeza de todos os danos sofridos, o empresário estima que terá cerca de R$ 300 mil de prejuízo, já que 10 carros foram atingidos. 

"Eu não podia mexer nos carros antes que eles vistoriassem. Só amanhã (quarta-feira) vou poder levar os carros danificados para conserto e saber realmente quanto perdemos”, explicou.

Procurada, a Policia Civil não comentou sobre a vistoria realizada.  

A Top Car Multimarcas, localizada na Avenida Heitor Dias, região de Dois Leões, foi interditada pela Defesa Civil de Salvador (Codesal), o que deixou o empresário preocupado.“Eu estou sem saber o que fazer. Tenho aqui 14 famílias que dependem de mim, que são meus 14 funcionários. E as contas continuam chegando”, relatou.Cristiano deseja seguir trabalhando para manter a concessionária funcionando, apesar dos estragos. “Chego aqui todos os dias às 7h20 da manhã e só vou embora depois de 18h. Hoje foi assim e amanhã será também”, pontuou. 

Durante esta terça-feira (26), toda a equipe que trabalha na loja foi à concessionária para receber os policiais que realizaram a vistoria.

Próximos passos  Com a loja interditada e sem condições de funcionamento, o empresário tenta se organizar para tomar providências. “Eu ainda estou sem saber o que fazer”, admite.

Através de sua assessoria de comunicação, a Codesal informou que a vistoria que realizou no local, na manhã de segunda-feira, por volta das 8h30, "identificou se tratar de uma encosta erodida, com descarte de lixo e vegetação inadequada". 

Ainda segundo a Defesa Civil, a avaliação do seu engenheiro constatou que o deslizamento foi provavelmente ocasionado por vazamento de rede de esgoto da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) que se rompeu, provocando erosão no terreno e o consequente deslizamento de terra atingindo a revenda de veículos.

“Por segurança, a loja de veículos foi interditada até que as condições relatadas nesta vistoria fossem sanadas. A solicitação de intervenção foi encaminhada à Embasa e também pedido avaliação para estabilização”, acrescentou a Codesal por meio de nota.

Segundo a Defesa Civil, além da avaliação da Embasa, os demais reparos solicitados seriam de responsabilidade do proprietário da loja, por se tratar de estabelecimento privado.  Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO Rede de esgoto  Procurada, a Embasa explicou que a rede de esgotos não causou o deslizamento. Segundo a empresa, o deslizamento ocorreu, possivelmente, por conta da ausência de uma rede de drenagem para as águas de chuva no local.

A rede de esgoto, segundo informou a empresa por meio de nota, teria sido danificada por moradores na tentativa de escoar a água da chuva. “Devido à falta de drenagem, alguns moradores, na tentativa de escoar a água de chuva, danificaram a rede de esgotamento sanitário, obstruindo a rede. A Embasa alerta que a rede de esgoto foi dimensionada para receber apenas esgotos domésticos e não tem capacidade para escoar o grande volume de águas de chuvas”, dizia o documento. 

Apesar dos danos pontuais que teriam sido provocados pelos moradores, a empresa confirmou ter estado no local ainda na própria segunda-feira (25) e ter constatado que a rede continua funcionando normalmente, não sendo necessária qualquer intervenção por porte da Embasa. 

Operação Chuva  Situações como a da Top Car, provocadas pelo excesso de chuvas no período, levam a Codesal a realizar a chamada Operação Chuva. Nesta terça-feira (26) a Defesa Civil registrou 175 ocorrências. “Foram 15 alagamentos de imóveis, 32 ameaças de desabamento, três ameaças de desabamento de muro, 50 ameaças de deslizamento, 23 árvores ameaçando cair, uma árvore caída, 25 avaliações de imóveis alagados, três desabamentos parciais, 18 deslizamentos de terra, duas infiltrações e três orientações técnicas", disse a Codesal por meio de nota.

Não houve registro de feridos. Para realizar denúncias ou registrar ocorrências, basta ligar para o telefone 199, que funciona 24h por dia.

* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela