ABI discute polarização política, liberdade de imprensa e fake news

Mesa redonda tratou do tema 'Esquerda X Direita e a sua convergência'

Publicado em 3 de maio de 2018 às 18:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO
Mesa discute cenário político atual no Brasil e na Bahia por Foto: Marina Silva/CORREIO

Foto: Marina Silva/CORREIO Durante mesa redonda com o tema “Esquerda X Direita e a sua convergência”, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) discutiu o cenário político atual no Brasil e na Bahia, com a polarização de opiniões e acirramento das disputas entre grupos políticos dominantes, nesta quinta-feira (3), quando se comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. 

No comando das discussões, o jornalista Antônio Walter Pinheiro, presidente da ABI, falou com preocupação sobre esse cenário, que tem influenciado no trabalho da imprensa - são cada vez mais comuns os relatos de agressões a equipes de jornalistas durante eventos políticos ou manifestações, o que compromete a liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia.

[[publicidade]]

Segundo Pinheiro, debates como esse precisam ser realizados para encontrar saídas a esse e outros problemas, como as fakes news [notícias falsas], que podem influenciar no resultado das eleições de outubro, além de salientar que o trabalho da imprensa pode permitir que novos candidatos e vias alternativas surjam no cenário político brasileiro.

"Há uma grande preocupação da sociedade em relação àqueles políticos conhecidos ganharem pela falta de espaço daqueles que ainda estão chegando nesse cenário. É preciso, então, que a imprensa atue nessa questão, abrindo debates para que outros nomes surjam", comentou Pinheiro."O Brasil precisa ter novas lideranças para atender aos anseios da sociedade. Ou seja, aqueles que tenham honestidade no propósito", complementou.Ao todo, o evento contou com cinco convidados que atuam na área de Jornalismo e Política. Eles debateram sobre a liberdade de imprensa e a polarização política, além da cobertura jornalística das eleições 2018.

Participaram da discussão o empresário e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) Joaci Góes; o professor de Ciência Política Paulo Fábio Dantas; o jornalista e doutor em Filosofia Francisco Viana; e o professor, engenheiro e escritor Fernando Alcoforado, além de Pinheiro.“A ABI se preocupa com a liberdade e boa prática do Jornalismo. Além das questões ligadas ao meio ambiente, direitos humanos e cidadania. Com este debate de hoje, o desejo é que possamos contribuir para alcançar um bom resultado com relação às eleições deste ano”, continuou o presidente da entidade. Para Pinheiro, o posicionamento das mídias revela desde já a preocupação com relação aos nomes dos candidatos. As candidaturas radicais não estão sendo projetadas com receio de que essa radicalização gere situações ainda piores para o país.

"A tendência, assim como já ocorre nos Estados Unidos, é que os grandes grupos possam se manifestar sobre o candidato mais adequado na visão de cada um após a confirmação dos nomes", opinou. Pinheiro concluiu sua fala lembrando que a rede social está tendo e terá participação influente no processo eleitoral.

[[galeria]]

Violência contra jornalistas e fake news Também presente no evento, o diretor executivo da TV Bahia, João Gomes, disse que a violência contra jornalistas, muitas vezes causada por uma polarização política, é uma situação preocupante, que precisa ser tratada com bastante cuidado.

"Há uma escala mundial crescente desse tipo de violência. Mesmo em sociedades democráticas, há uma intolerância sobre qualquer assunto abordado, seja política, droga ou questão de gênero", comentou. Para ele, "a imprensa não pode ficar com receio de fazer o trabalho dela de imprensa"."É princípio do Jornalismo levantar pautas que questionem aspectos sociais, assim como investigá-los sem que os profissionais se sintam ameaçados", opiniou Gomes. Com relação às fakes news, Pinheiro foi enfático: "a rede social tem um papel fundamental na democratização da informação. Porém, o processo ainda é muito novo e na hora que o internauta recebe a informação, repassa sem checar. Algumas preucações devem ser tomadas em relação às fake news".

Ele lembrou que "já existem estudos nessa linha" e orientou o internauta a "se atentar à falta de origem da notícia, assim como os termos utilizados, além de confrontar as informações com outro veículo com maior credibilidade".