Abstenção no 2º turno mantém média de 2 milhões de eleitores na Bahia

Aposta do TRE-BA era de que mais baianos deixassem de comparecer às urnas

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 22:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

A autônoma Ana Cristina Reis, 56 anos, depois de enfrentar uma longa fila no primeiro turno das eleições, se preparou bastante neste domingo (28). Providenciou uma garrafa de água e não esqueceu o protetor solar. Mas, o cenário encontrado foi bem diferente.

“Eu voto na Associação Atlética da Bahia, na Barra, e esperei mais de duas horas para conseguir votar no primeiro turno. Como moro perto, não levei nada, nem dinheiro para comprar água. Neste domingo, me preparei toda, mas voltei super rápido para casa. Em menos de 10 minutos”, comentou ela.

O motivo da rapidez? As filas diminuíram na Bahia, porque os eleitores compareceram em menor número às urnas. No entanto, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), o principal motivo é que o tempo de permanência nas cabines de votação diminuiu, já que era necessário votar apenas para presidente.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a taxa de abstenção no estado para o segundo turno foi de quase 2,2 milhões de eleitores, o que corresponde a mais de 21% do eleitorado, contra 20,74% registrado em 7 de outubro. A diferença foi menor do que o esperado pelo tribunal baiano.

Distância Apesar da pouca diferença, a previsão do presidente do TRE-BA, José Edivaldo Rotondano, em entrevista ao CORREIO na última quinta-feira (25), estava correta. Um dos que não votaram neste segundo turno foi o estudante Dayves Guedes, 21, que, apesar de morar em Salvador, ainda não transferiu o título de Xique-Xique, no Centro Norte do estado, para a capital.

Para o jovem, foram três os motivos que o levaram a não votar. “Neste domingo, eu não encontrei carona e a passagem de ônibus de Salvador até lá custa R$ 170. Além da distância e da passagem, eu estou com muitos trabalhos da faculdade para entregar neste final de mês”, contou.

No entanto, Dayves confessou que outro aspecto pesou nessa decisão de não votar para presidente. “Em minha visão, meu voto, que seria só mais um, não iria influenciar nessa eleição. Acho que o resultado já estava decidido desde o primeiro turno”, afirmou.

Neste domingo, o presidente do TRE-BA atribuiu a alta taxa de abstenção, principalmente, à dificuldade de os baianos que não transferiram os títulos voltarem às cidades onde votam para o segundo turno e disse que também existiu “falta de compromisso” na escolha do presidente.

“Muitos eleitores pensam que, porque votaram no primeiro turno, cumpriram o dever cívico e, por isso, deixam de ir às urnas. Às vezes, por desinformação ou falta de responsabilidade a abstenção acontece. Mas, existem os que não puderem viajar para votar ou fazer o chamado voto em trânsito”, explicou Rotondano.

Brancos e nulos De acordo com TSE, neste domingo eleitoral, a Bahia registrou mais de 7,5 milhões de votos válidos, o que corresponde a mais de 92% do eleitorado que compareceu às urnas para eleger o novo presidente. Já os brancos ultrapassaram os 100 mil (1,3%), enquanto quase 550 mil eleitores baianos (7%) optaram por votar nulo.

O estado foi o sexto com maior número de votos nulos, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo, Sergipe, Rio de Janeiro e Pará.

No primeiro turno, nas 31.192 seções da Bahia foram contabilizados 7.368.545 (89,5%) de votos válidos. Os votos brancos somaram 169.806 (2,1%) e nulos totalizam 697.750 (8,5%).

Cenário nacional No Brasil, a taxa de abstenção também superou a registrada no primeiro turno. Neste domingo, segundo dados do TSE, mais de 31 milhões de brasileiros não compareceram às urnas para eleger o candidato à presidência da República, o que corresponde a quase 22% dos eleitores aptos no país. Em 7 de outubro, foram 29.941.171 abstenções, um aumento de cerca de 10% entre os turnos.

Neste domingo, quase 2,5 milhões de brasileiros votaram em branco, contra 3,1 milhões no primeiro turno. Já os votos nulos foram mais de 8,6 milhões agora e 7,2 milhões no dia 7 de outubro.

Desde 1989 o Brasil não registrava um número tão alto de votos nulos. O percentual no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 chegou a 7,4%, um aumento de 60% em relação a 2014, quando 4,6% dos eleitores anularam seus votos. Somando brancos e abstenções, os votos não válidos representam 30%.

Com o resultado apurado pelo Tribunal Superior Eleitoral, com 55% dos votos válidos o candidato eleito e que vai assumir o mandato a partir de 2019 foi Jair Bolsonaro (PSL). O petista Fernando Haddad teve 45% dos votos computados no país.

Na Bahia foi diferente. Haddad ganhou de Bolsonaro com 73% dos votos válidos contra 27% dos registros obtidos pelo candidato do PSL. Já no exterior, Bolsonaro (PSL) obteve 71% dos votos apurados contra 29% de Fernando Haddad (PT).

Bolsonaro quebrou uma sequência de quatro vitórias seguidas do Partido dos Trabalhadores no Palácio do Planalto. No entanto, o partido de Haddad elegeu a maior bancada na fragmentada Câmara dos Deputados.

Sob supervisão do editor João Gabriel Galdea