Adaptação aos novos tempos: uma lição que se aprende na prática

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  • Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 14:00

- Atualizado há um ano

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Conservadores são pessoas apegadas a velhas crenças e são mesmo teimosas, difíceis de convencer. Aí vem a vida e dá uma boa lição, porque quem não aprende pelo amor, aprende pela dor, não é mesmo? No nosso caso, os conservadores são pessoas xenófobas, racistas, que não aceitam novas culturas, novos tons de pele e sotaques diferentes. Nos últimos anos, eles têm feito bastante barulho com o objetivo de manter tudo como, para eles, sempre foi. Cada um no seu país, nada de misturas.

Aqui na Finlândia, eles saíram às ruas no Dia da Independência com bandeiras nazistas nas mãos, mas foram imediatamente confrontados por uma passeata sete vezes maior que defendia a igualdade. Na Alemanha, são presos se fizerem qualquer gesto que homenageie um período do qual aquele país se envergonha. E no Reino Unido, eles venceram um plebiscito para a saída da União Europeia baseado em uma campanha de falsas notícias contra imigrantes, mas agora estão com as mãos na cabeça, ao perceberem o grande problema que criaram.

A conta não fecha

O Reino Unido, assim como Finlândia, Canadá e tantos outros países, vê sua população viver cada vez mais e, em contrapartida, o número de nascimentos está caindo. O resultado disso, se nada for feito, é que em um futuro próximo não haverá jovens suficientes para ocuparem os postos de trabalho. A economia vai parar. Além disso, quem pagará os impostos para manter o equilíbrio previdenciário?

Uma saída é a política de incentivo para que casais tenham mais filhos, mas os resultados não têm sido satisfatórios. Na Finlândia, por exemplo, o governo paga para que o pai ou a mãe possa ficar em casa com seus filhos até os três anos da criança. Além disso, todo bebê recebe uma caixa com um enxoval completo, além de brinquedos e itens de higiene. Desde o nascimento e até os 18 anos, todo cidadão finlandês recebe uma quantia de 100€ mensais. Saúde e educação são gratuitas e de qualidade. Apesar disso, em 2017, o país registrou o menor número de nascimentos desde 1868, é o sétimo ano consecutivo de baixa. E agora adivinhem o que manteve positivo o número de crescimento populacional finlandês neste mesmo ano? Sim, a chegada de estrangeiros. Foram 17 mil pessoas a mais do que aquelas que deixaram a Finlândia.

Daí o Reino Unido se permite tomar por uma onda nacionalista e, no meio de uma crise migratória, abre um plebiscito para consultar a população sobre a saída do bloco europeu. A vitória foi apertada, baseada principalmente em uma rede de propagação de falsas notícias que visava aumentar o sentimento de xenofobia entre os britânicos, mas garantiu a separação, chamada de Brexit. Como resultado, o processo já se arrasta por mais de dois anos, com relatórios do próprio Tesouro britânico afirmando que a saída da UE trará perdas econômicas.

Além disso, parte de quem anteriormente votou a favor, hoje percebe a necessidade de que os países europeus se unam diante da grande influência da Rússia, China e Estados Unidos. O Reino Unido também enfrenta uma crise de natalidade e precisa da mão-de-obra estrangeira, mas com o fim do acordo com a UE, o número de imigrações tende a diminuir. Em 2017, nasceram na região 2,5% menos bebês do que no ano anterior, o menor número desde 2006.

Por lá, já existe uma campanha por um novo plebiscito, proposta rejeitada ontem (21) pela primeira-ministra britânica, Theresa May, durante discurso no Parlamento. Na ocasião, ela afirmou que ouvirá os parlamentares para elaborar um novo acordo para o Brexit, previsto para ocorrer no próximo dia 29 de março.

Toma lá, dá cá

O exemplo britânico nos mostra que o mundo está cada vez mais intercalado, interdependente. O mesmo refugiado que busca segurança na Europa, é o trabalhador que no futuro contribuirá com o pagamento de impostos e tendo filhos que irão ajudar a sustentar a economia das próximas gerações. Não é inteligente se isolar, fechar fronteiras, negar acordos internacionais, como o Brasil acabou de fazer em relação ao Tratado de Migração das Nações Unidas. Não se trata de uma questão ideológica, mas de sobrevivência e adaptação aos novos tempos, que como novos, não combinam com conservadorismos e afins.

Monica Vasku é jornalista e vive na Finlândia

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