Alexandre Borges fala sobre sua carreira e seu personagem em 'Haja Coração'

Na novela das 19h, Alexandre novamente vive o pai de uma personagem de Tatá Werneck, que interpreta Fedora

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  • Roberto Midlej

Publicado em 15 de agosto de 2016 às 13:14

- Atualizado há um ano

Para muitos, Aparício, personagem de Alexandre Borges em Haja Coração, novela das 19h da Globo/TV Bahia, é um covarde. Afinal, ele sempre se curvou à milionária Teodora (Grace Gianoukas), com quem se casou somente por interesse material. Mas o ator paulista, de 50 anos, pondera na hora de julgar Aparício: “É verdade que ele já foi um covarde e seguiu o instinto material em vez de fazer uma escolha com o coração. Mas se arrependeu de ter feito essa escolha e, depois de 30 anos, tem a oportunidade de se refazer do erro que cometeu. Isso redime a covardia dele”, diz Alexandre, referindo-se à tentativa de Aparício de conquistar a amada Rebeca (Malu Mader).Alexandre Borges vive Aparício em Haja Coração (Foto: TV Globo/ Ramon Vasconcelos)Para o ator, os personagens de novelas, como qualquer ser humano, evoluem: “A novela, como a vida, está sempre em movimento. A gente está sempre saindo de um lugar para chegar em outro, como acontece com os personagens. Estamos sempre em busca de uma superação. Aparício, como qualquer um de nós, está em um processo de mudança. Para o bem ou para o mal”.Em Haja Coração, Alexandre novamente vive o pai de uma personagem de Tatá Werneck, que interpreta Fedora. Em I Love Paraisópolis, eles também viviam pai e filha. “Tenho um grande grazer em trabalhar com Tatá. Ela é muito descontraída e, quando tá todo mundo cansado nas gravações, ela nos diverte e a gente dá risada”, conta.

Paulo AutranO ator compara o trabalho atual com a outra experiência que teve com Tatá: “Embora sejamos novamente pai e filha, procuramos fazer trabalhos distintos. São personagens diferentes e imprimos outro tipo de relação entre eles. Além disso, em Paraisópolis eu era um favelado e em Haja Coração sou um milionário”, diverte-se.Na novela das 19h, o ator paulista volta a contracenar com Tatá Werneck, como em 'I Love Paraisópolis'(Foto: TV Globo/Artur Meninea)O personagem interpretado por Alexandre foi vivido por Paulo Autran (1922-2007) em Sassaricando (1987), novela que inspira Haja Coração. “Na época que a novela passou, eu estava estudando teatro em São Paulo e pouco vi a novela. Mas vi umas coisinhas no YouTube quando aceitei o papel. Mas olhei por curiosidade mesmo, nada além disso”.Alexandre aponta Paulo Autran como um ícone da interpretação no Brasil e diz ter acompanhado  com entusiasmo a carreira dele: “É o ator mais importante da nossa história contemporânea. Vi muita coisa dele no teatro, como O Doente Imaginário, Pato Com Laranja e Visitando o Sr. Green”. Ele lembra que, como Paulo Autran, tem muito apreço pela poesia: “Às vezes, faço a apresentação Poema Bar, em que recito textos de Vinicius e Fernando Pessoa. Autran também recitava muito”.

Na televisão, Alexandre tem se consolidado como um ator de comédias e diz que esse foi um caminho natural, desde os tempos do teatro: “Iam pintando uns papéis cômicos e eu me identificava com eles e com o gênero. Comecei a me arriscar mais, sem ter medo do ridículo”.  Com Murilo Benício no remake de 'Ti Ti Ti'(Foto: João Miguel Junior/TV Globo)O artista ressalta ainda a preferência do público brasileiro pela comédia: “Até o temperamento dos brasileiros favorece essa identificação com as histórias cômicas. A luta diária, a vida dura, a falta de dinheiro fazem as pessoas buscarem algo para rir. O drama, por outro lado, pode trazer histórias com que o espectador se identifica por ter vivido uma situação parecida”.Além dos papéis de Haja Coração e I Love Paraisópolis, Alexandre lembra outros persongens cômicos que viveu recentemente, como o Cadinho, de Avenida Brasil (2012), e Jaques Leclair, de Ti Ti Ti (2010). “Mas intercalei com alguns papéis dramáticos também, como o Raul, de Caminho das Índias, e o Dr. Escobar, em Desejo Proibido”. CinemaNo cinema, o ator já esteve em comédias com O Gatão de Meia Idade (2006), mas sua interpretação em dramas foi muito marcante, como em  O Invasor (2001) e Um Copo de Cólera (1999). No segundo, contracenava com Júlia Lemmertz, que era na época sua esposa. Em Getulio (2006), interpretou Carlos Lacerda, maior inimigo de Getulio Vargas (1914-1977).Em O Invasor, considerado pela crítica um dos melhores filmes da Retomada, Alexandre atuou sob direção de Beto Brant, contracenando  com Marco Ricca, Malu Mader e Mariana Ximenes. “Passamos dois meses ensaiando e Beto Brant é um diretor muito bom, que ouve sugestões e sabe onde tirar os excessos”.Alexandre Borges afirma que, embora goste de atuar no cinema, acha que obras ‘abertas’, como séries e novelas, representam um desafio para o ator: “Às vezes, no meio da trama, o autor quer uma transformação porque o público pede isso. E o ator também tem que passar por essa transformação. Por outro lado, no cinema, você sabe o que vai ocorrer do começo ao fim e consegue uma partitura mais segura”.