Após recuperar bebê sequestrado, mulher continua sendo ameaçada por ex

Homem invadiu casa, rendeu família e levou criança de 6 meses em Itinga

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

Uma mulher de 33 anos viveu momentos de terror no último domingo (28), no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), depois que o ex-companheiro, com quem viveu por 2 anos, invadiu a casa da família dela, com arma em punho, e sequestrou o bebê do casal de 6 meses.

“Ele arrombou o cadeado do portão, entrou calmo em casa, pegou a criança, que estava em meu colo, e depois sacou a arma. Foi quando ele ameaçou toda a minha família”, contou a vítima, que preferiu não se identificar.

Ainda de acordo com a mulher, o suspeito, de 51 anos, pediu que ela entrasse no carro junto com a criança, mas a família não deixou.“Meu irmão disse que, se eu fosse, ele iria me matar. Então, ele jogou meu filho e arrancou o carro”, contou.O caso foi registrado na 27ª Delegacia (Lauro de Freitas) como sequestro, mas, o advogado da vítima, Matheus Maciel, afirmou que as agressões eram constantes. “Neste caso, há mais de um crime para ser investigado, não só o sequestro da criança”, destacou.

O bebê foi recuperado no mesmo dia, em Simões Filho, também na RMS, na casa da irmã do suspeito. De acordo com a vítima, “uma conselheira tutelar, ao saber que o ex-companheiro tinha família na região, decidiu registrar o sequestro em uma delegacia do município, além de ter ido até a casa da tia da criança”.

A mulher contou ao CORREIO que o ex-companheiro disse à irmã que tinha levado a criança à força, mas omitiu a parte da arma e das ameaças feitas. “Ele disse que pegou a criança e que portava uma barra de ferro. Não falou nada sobre arma de fogo”, afirmou.

Ela mencionou, também, que continua recebendo ameaças. “Ele me liga e diz que ‘quem com o ferro fere, com o ferro será ferido’ e o advogado disse que isso é ameaça. Ele está querendo se vingar e eu estou apavorada, com medo por mim e por minha família”, declarou a vítima.

Histórico de violência O advogado Matheus Maciel reforçou que esse não foi o primeiro caso de violência da relação entre sua cliente e o suspeito. “A vítima afirmou que houve episódios de outros crimes. Nossa intenção é que tudo seja investigado, para garantir sua integridade física e sua segurança", destacou.

A mulher relatou ao CORREIO que as ameaças e agressões tiveram início há alguns meses. “Foi um momento horrível, porque eu era obrigada a estar do lado dele. Minha irmã descobriu uma doença grave em junho e morreu em setembro. Eu não contei nada para a minha família, para preservar eles, e sofria tudo sozinha”, declarou.

Ainda segundo a vítima, a violência ia além das ameaças verbais. “Eu disse que queria separar e ele me bateu, me deu um tapa no rosto, que meus óculos voaram longe. Em uma crise de ciúme e de raiva, ele quebrou meu celular. E eu passei por tudo isso sozinha. Depois que minha irmã morreu, eu contei tudo para meus pais e me afastei, mas ele continuou ameaçando, até que sequestrou meu filho”, relembrou.

A ameaça mais recente feita à família da vítima envolve a sensação de impunidade. “Ele disse a minha irmã que homem mata mulher mesmo com restrição, com medida protetiva, porque quem faz a lei é ele”, relatou ela.O advogado da vítima afirmou que, por enquanto, não existe nenhum mandado de prisão preventiva contra o suspeito, que está desaparecido, e que “manter ele em liberdade, além de ser um risco para a ex-companheira, é um risco social”.

*Com supervisão do editor João Galdea.