Árvores do Dique se transformam em telas para projeções fotográficas

Projeto Symbiosis, da artista paraense Roberta Carvalho, chega a Salvador nesta quinta (13)

  • D
  • Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 18:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Quem passou pelo Dique do Tororó por esses dias já percebeu que ele está bastante iluminado por conta da decoração de Natal - o local é um dos pontos da cidade a receber iluminação especial. Só que nesta quinta-feira (13) as luzes serão temporariamente apagadas para dar espaço a outra bela intervenção artística.

Nela, as copas das árvores se transformam em telas para projeções de fotografias e, para isso, é preciso que a luminosidade do local esteja um pouco mais baixa. A ação faz parte do projeto Symbiosis, que integra o festival SSA Mapping. Até domingo, o evento realiza uma série de atividades gratuitas envolvendo arte, tecnologia, arquitetura e natureza em diversos pontos da cidade. (Foto: Divulgação) Criado em 2007 pela paraense Roberta Carvalho, curadora do SSA Mapping, o projeto Symbiosis mescla intervenção urbana, fotografia, vídeo digital e instalação, através de imagens projetadas em copas de árvores e áreas verdes. "Comecei esse projeto em Belém, minha cidade natal. Minha proposta era fazer uma relação entre o ser humano e a natureza, através dessa interação bem específica dos ribeirinhos que vivem em uma ilha que fica do outro lado da cidade. A gente cresce olhando para aquela comunidade, mas há um distanciamento", recorda. 

Em Symbiosis, Roberta torna a natureza hospedeira da arte. A imagem que se projeta, figuras humanas geralmente de amazônidas, tem uma relação estreita com o desenho da árvore e uma relação simbólica com o lugar onde estas árvores se encontram. “É o corpo se adequando ao espaço da natureza, para com ela formar um só organismo, em uma delicada relação simbiótica e simbólica que suscita reflexões acerca da nossa relação de identidade com a natureza e vice-versa”, explica a artista. (Foto: Divulgação) Apesar desse início intimamente ligado à zona rural, o Symbiosis também passa por grandes centros urbanos. A escolha do Dique do Tororó, na passagem por Salvador, aconteceu assim que Roberta conheceu o lugar, há dois anos, em um 2 de Fevereiro. "Sempre achei que o trabalho dialogava com o Dique, por conta dessa relação que tem com o rio, com as comunidades ribeirinhas. Quando conheci Salvador, achei o lugar super forte, com a sua presença imponente no meio da cidade, as esculturas dos orixás rodeadas de água. Além disso, é um espaço que está muito ligado à vida cotidiana e urbana, com os ônibus e carros passando na pista mais acima", comenta.

O projeto Symbiosis começou com oficinas de fotografia e vídeo para crianças da comunidade da Ilha de Combu, a 15 minutos de barco de Belém (PA). "Foram elas que me levaram até os adultos. Passei a fotografar o dia a dia deles, pude interagir com muitas famílias. A matriarca de uma delas, uma das mulheres mais velhas da comunidade, muito forte e com muitos filhos, rendeu umas das fotos mais bonitas da projeção. Depois das primeiras ações, eu voltei para fazer a projeção e comecei a experimentar projeção em água. Com as águas amazônicas são barrentas, elas ficam na superfície. Chamei esses experimentos de Submersos", explica.

Assim, árvores e imagens viram uma coisa só, transformando a flora numa espécie de hospedeira da arte. Para Roberta, em Salvador, as folhas e árvores sagradas e ancestrais do Dique do Tororó darão um tom especial à intervenção. (Foto: Divulgação)