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Bienal do Livro Bahia 2024 começa suas atividades hoje com mais 170 autores divididos em três espaços
Luiza Gonçalves
Publicado em 26 de abril de 2024 às 17:40
Nesta sexta-feira (26), será dada a largada para a maratona que movimenta escritores, palestrantes, expositores e leitores de todas as idades em Salvador. A Bienal do Livro Bahia 2024 inicia suas atividades a partir das 10h, no Centro de Convenções. Serão seis dias de programação intensa, com mais de 170 convidados divididos em três espaços: Café Literário, Arena Jovem e Janelas Encantadas, este pensado para o público infantil. Sob o tema As Histórias que a Bahia Conta, o evento destaca a presença de ao menos um nome baiano em cada painel e pretende trazer protagonismo às discussões contemporâneas e múltiplas possibilidades de pensar a literatura em diferentes linguagens, meios e públicos.
Sob a curadoria de Josélia Aguiar, Schneider Carpeggiani e Mira Silva, a programação deste ano apresenta escritores, ativistas, influenciadores e artistas, passeando pelo universo pop, temas de cunho social e filosófico e homenagens. Compõem a Bienal 2024 nomes como Itamar Vieira Junior, Glicéria Tupinambá, Zélia Duncan, Pedro Rhuas e as atrações internacionais Scholastique Mukasonga e Abdi Nazarian.
Janelas Encantadas
De acordo com Mira Silva, curadora do espaço infantil, o local é onde a equipe está mirando num público leitor futuro. “Nós desejamos ter sujeitos críticos, responsáveis, cidadãos que entendam o mundo, que reflitam sobre ele e o transformem. E a literatura é uma peça fundamental para que isso aconteça. O Janelas é feito para que essa criança saia diferente, entenda que o livro é esse objeto que transforma a vida”, diz a jornalista.
Com mais de 12 anos de trabalho com crianças e tendo em seu currículo curadorias de feiras e eventos literários pelo Brasil, Mira propõe para a Bienal um espaço multilinguagem, onde a literatura é elo em diversas manifestações. Durante os seis dias do evento, o Janelas Encantadas recebe mais de 30 atrações que passeiam pelo teatro, música, palhaçaria, contação de histórias, e terá presença de artistas como Emília Nunez, Lázaro Ramos, Mágico Mingau, Lorena Ribeiro, Raí Santana e o Grupo Ereoatá.
A abertura do espaço será nesta sexta (26), às 10h30, com o espetáculo As Histórias que a Bahia Conta, com a Companhia Teatro Griô. A peça traz o universo dos mitos e contos populares de tradições baianas, africanas, indígenas e ibéricas entrelaçados por cantigas. Para Mira, o espetáculo expressa elementos fundamentais da programação: a representatividade e a partilha de conhecimentos ancestrais na infância.
Diversidade nas obras
Os livros que serão apresentados no Janelas Encantadas pretendem valorizar a cultura baiana e criar uma relação de identificação com as crianças presentes no espaço. “A gente tá numa cidade negra e é importante que as crianças se vejam nas histórias, nos autores, e por isso a presença da literatura negra é muito forte na programação”, explica.
Além da curadoria, Mira estreia neste sábado (27), às 18h, como autora, com A Árvore Mais Sabida do Mundo. O livro narra a história de uma garotinha que tinha o sonho de ir à escola e encontra o aprendizado num lugar inesperado: no tronco de um baobá. “Me inspirei primeiro na educação e depois na natureza e na minha ancestralidade. É um livro que traz uma protagonista negra, porque para mim é fundamental, como mulher negra, trazer na minha escrita um pouco da nossa cultura e história. Se não fosse quem veio antes da gente, a gente não estaria aqui hoje”, explica.
Entre os autores do espaço, um dos destaques é o ensaísta e roteirista paulista Kaká Werá Jecupé, no dia 1º de maio. O escritor do povo tapuia é um dos precursores da literatura indígena no Brasil e vai apresentar a obra infantojuvenil Uga: A Fantástica História de Uma Amizade Daquelas. Em seus textos, ele explora temas como mitologia, sabedoria ancestral e a relação entre os seres humanos e a natureza.
“Através dos saberes ancestrais e das mitologias de toda uma diversidade de povos nós podemos conhecer melhor suas visões de mundo, seus valores, suas tecnologias sociais e seu modo de fazer ciência. Com isso, rompemos a crença de que nossas raízes culturais eram ignorantes”, defende Kaká. .