As fazendas de vento

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  • Armando Avena

Publicado em 19 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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As terras do semiárido baiano, castigadas por todo o sempre pela seca inclemente, têm uma nova vocação e estão colhendo um produto que não precisa de água para se desenvolver. Esse produto é a energia, plantada e colhida em imensas torres que mais parecem moinhos de vento, espalhados por municípios de nomes singelos como Gentio do Ouro, Caetité, Morro do Chapéu, Sento Sé, Campo Formoso e tantos outros. Nesses municípios, o que se destaca na paisagem são enormes “fazendas de vento” que vão transformar a Bahia no maior produtor de energia eólica do país. E a energia gerada pelos ventos é a bola da vez da matriz energética brasileira.

 A geração de energia eólica no Brasil superou a capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, atingindo 15 GW, o que significa cerca de 10% da geração total de energia, superado apenas pela hidroeletricidade. O melhor é que 26% da energia eólica produzida no país está na Bahia. Em termos de geração, o Rio Grande do Norte é o maior produtor brasileiro, mas, ainda este ano, a Bahia, que já possui um número maior de parques eólicos, vai superar o estado potiguar.  Estima-se que  nosso estado terá 229 parques em 2023,  com capacidade total para gerar quase 6,5 mil MW de energia, quase o dobro da capacidade atual. 

Transformando isso em moeda, atinge-se um montante de R$ 7,5 bilhões em investimentos e quase 30 mil empregos gerados. O mais importante, porém, é que a produção de energia está dinamizando algumas das regiões mais pobres da Bahia, não só por conta da injeção de recursos empresariais e dos impostos gerados, mas, principalmente, porque viabiliza a geração de renda para os agricultores, faça chuva ou faça sol. Certa vez, quando os primeiros projetos estavam sendo implantados na Chapada Diamantina, ouvi do senador Otto Alencar que a Bahia tinha “pré-sal de vento”, pois seu potencial eólico era duas vezes maior  que o da usina de Itaipu. Homem que conhece o interior do estado, Otto se entusiasmava ao dizer que estavam surgindo verdadeiros “fazendeiros do ar”, pois cada torre implantada gerava uma renda fixa mensal ao dono da terra.

O senador tinha razão, afinal, cada aerogerador instalado nas terras dos agricultores, dependendo da sua capacidade de produção, pode gerar de R$ 500 a até R$ 1.000 por mês  sem que o proprietário  tenha qualquer trabalho, correspondendo a um  valor dado pelo percentual da receita de cada torre, tudo firmado em contratos de 20 anos ou mais, renováveis. A depender  da quantidade de torres que se implante na propriedade, o negócio pode ser melhor do que criar gado.

Com os novos empreendimentos, as prefeituras passaram a cobrar o ISS – Imposto Sobre Serviços e estão auferindo recursos que podem ser aplicados em Educação e Saúde. E setores como comércio e serviços também se beneficiam, e de tal modo que o PIB dos municípios que possuem parques eólicos estão em crescimento exponencial.

Além disso, a produção de energia eólica é uma cadeia produtiva que dinamiza a indústria de peças e equipamentos, dinamiza o segmento que implanta e produz equipamentos para linhas de transmissão e ainda produz novas relações interindustriais com empresas que passam a ter  disponibilidade de energia limpa e sustentável.  Existem alguns entraves localizados, mas que estão sendo sanados, como a construção de linhas de transmissão que precisam andar paripassu com a implantação dos parques, e a sazonalidade para as indústrias produtoras de peças que ocorrem no interregno  dos leilões que ampliam a capacidade do setor.

Além dos ventos, o sol também está revolucionando o interior da Bahia, com o surgimento dos parques produtores de energia solar, mas essa é outra revolução e merece uma abordagem especifica. Por enquanto,  vale dizer ao leitor que os parques eólicos são uma vocação da Bahia e, através deles, os baianos já podem dizer, como disse James Watt  ao inventar a máquina a vapor: nós vendemos aqui o que todo mundo deseja ter: energia.

A ASEMBLEIA E AS PASSAGENS AÉREAS A classe política precisa entrar mais diretamente na defesa dos consumidores brasileiros. E o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal (PP), fez isso ao propor uma ampla discussão sobre os preços das passagens aéreas no Brasil.  Leal lembrou que as empresas aéreas diziam que a cobrança em separado de bagagem iria reduzir o preço das passagem, mas elas continuaram a subir bem acima da inflação.  E o consumidor continua sendo extorquido com a recente decisão das companhias aéreas de “fiscalizar” o peso e o tamanho das bagagens de mão e o pagamento extra na hora dos embarques. O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia acerta em cheio ao dizer que é o momento das Assembleias Legislativas e do Congresso Nacional examinarem o problema para assim agir em prol dos consumidores.

O PP, O PR E A PREVIDÊNCIA Em Brasília, todo mundo sabe: os partidos que estão empenhados em retardar a aprovação da reforma da Previdência são o PP e o PR, os articuladores do chamado Centrão.  Ambos estão insatisfeitos com a forma com que o governo Bolsonaro vem tratando os partidos, especialmente na distribuição de cargos. Embarreirar a reforma da Previdência, principal projeto do governo, é uma forma de fazer pressão contra o presidente Jair Bolsonaro e ampliar o poder desses partidos. Infelizmente, a estratégia prejudica o Brasil e retarda a retomada do crescimento econômico. Um dos operadores do PR é o deputado baiano José Rocha, que ainda não digeriu a perda de cargos na Codeba – Companhia de Docas da Bahia. Embora Rocha desejasse manter Rondon Brandão do Vale na direção da empresa e a ex-presidente da UPB Maria Quitéria em uma diretoria, ambos foram exonerados e o governo nomeou para a presidência o engenheiro José Alfredo de Albuquerque e Silva, um quadro 100% técnico, especialista em gestão portuária e com passagens pelos portos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Ceará.

MARIA E A PAIXÃO “A multidão de mulheres logo tomou conta do cortejo e, seguindo-o, elas  batiam no peito, entoando hinos e lamentando a sina de Jesus que ia ser crucificado.  Os soldados entreolhavam-se surpresos, nunca antes haviam visto tantas mulheres unidas num mesmo desejo e por suas cabeças masculinas deve ter passado a imagem insólita de uma rebelião feminina e de milhares de mulheres tomando deles o réu para fazê-lo Deus, tomando deles o poder para exercê-lo de modo feminino. Mas elas não usariam a violência contra os soldados, se o fizessem seriam varões e esse é um anseio que não tinha acolhida em seus corações. As mulheres não podiam impedir que a lei dos homens se cumprisse, mas denunciavam a irracionalidade e a crueldade dela”. Com este trecho do meu livro Maria Madalena: O Evangelho Segundo Maria, que continua seguindo sua trajetória como um dos livros mais vendidos da Geração Editorial, desejo uma boa Páscoa aos meus leitores.

* O consumidor continua sendo extorquido com a decisão  das companhias aéreas de ‘fiscalizar’  as bagagens  de mão e o pagamento extra na hora dos  embarques