Em guerra com a Ucrânia, a Rússia já sofreu diversas sanções internacionais e vários fabricantes de automóveis suspenderam suas operações no país. Mas os russos contam com uma empresa local, a AutoVAZ, responsável pela marca Lada - que atualmente tem 67% das suas ações controladas pela Renault.
A história começou nos anos 1960, quando a Rússia fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Por isso, coube ao governo criar uma empresa para produzir automóveis. Em 1966, foi fundada a AvtoVAZ, porém, seu primeiro modelo foi uma adaptação oriunda de uma associação com a Fiat. A Renault entrou no negócio há menos tempo, em 2007.
Assim, após várias modificações, o modelo 124 da fabricante italiana tornou-se, em 1970, o VAZ-2101, conhecido como Lada 1200. Mas o Fiat era um sedã, que ficaria restrito aos centros urbanos e algumas boas estradas. Os soviéticos partiram por conta própria para desenvolver um veículo com maior aptidão ao seu relevo e clima.
Desta forma, em 1977, surgiu o VAZ-2121 ou Lada Niva. O bom isolamento térmico, bastante exigido no rigoroso inverno, e as molas helicoidais nas quatro rodas faziam dele um utilitário confortável para os padrões da época. Na Europa, o modelo chamou a atenção pelo diferencial central, requinte até então restrito ao Range Rover, da Land Rover.
Em 1990, o Niva chegava a um território inédito, o Brasil. Foi um dos primeiros modelos a desembarcar no país após a abertura das importações - que ficaram proibidas por 14 anos.
Os planos eram ambiciosos vender cerca de 55 mil unidades por ano, o que representava 6% do mercado. Apesar do projeto antigo do Niva, havia ainda o hatchback Samara e o Laika, em duas opções: sedã e perua.
No primeiro ano, foram emplacados 15.129 unidades. O número caiu para 4.552 no ano seguinte e manteve o patamar em 1993. Com o passar dos anos a indústria nacional se aprimorou e outras marcas chegaram. Os aumentos nos impostos e a falta de planejamento na pós-venda deixaram a Lada sem competitividade. Em 2000 a marca deixou o Brasil.
O Niva em sua terra natal
No mercado russo, o Niva continua forte. A geração, 45 anos depois, ainda é a mesma. O utilitário é oferecido nas versões de duas portas, como veio ao Brasil, e também com quatro. Até uma configuração picape.
Sempre com tração 4x4, é equipado com motor 1.7 litro a gasolina que rende 83 cv de potência a 5 mil rpm e 13,1 kgfm de torque a 4 mil giros.
Na Rússia, um Niva novo custa a partir de 818.900 rublos, o equivalente a R$ 39.290. No Brasil, de acordo com a Fipe, um Niva 1991 custa a partir de R$ 11 mil atualmente.
Mais vendidos na Rússia
No ano passado, o mercado russo de automóveis e comerciais leves zero-quilômetro somou 1,57 milhão de unidades. O volume é bem distante do recorde histórico de 2,92 milhões de unidades atingido em 2013. Naquela época, o país e ficou entre os 10 maiores mercados do mundo. Em 2014, as sanções relativas à Criméia afetaram o mercado. Neste ano, com a invasão da Ucrânia pelas forças russas, há expectativa de nova queda.
Entre os veículos, Lada colocou dois modelos no pódio e quatro no top 10 de 2021. Assim, no ano passado, o Lada Vesta foi o líder de mercado, com 113.698 emplacamentos (7,2% de participação), à frente do Lada Granta, que acumulou 111.430 unidades licenciadas (7,1% de participação). Fechando o pódio, aparece o Kia Rio, com 82.941 unidades (5,3% de participação).
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O Vesta, também da Lada, foi o carro mais vendido na Rússia em 2021 (Foto: Lada) |
A lista segue com dois modelos da Hyundai: Creta (68.081), em quarto lugar, e o Solaris (51.242), em quinto. O veterano Niva foi o sexto mais comercializado em 2021 com 51.242 unidades.
Da sétima à décima posição ficaram: Volkwagen Polo (46.887), Skoda Rapid (41.680), Renault Duster (41.471) e Lada Largus (39.541).
Em relação aos fabricantes, em 2021, a líder foi a Lada, seguida pela Kia. A Hyundai ficou em terceiro, a Renault, em quarto, e a Toyota, em quinto lugar.